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Economia
25/05/2020 13:00:00
Produtos de MS terão vantagem depois da pandemia

Correio do Estado/LD

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Muitos hábitos que mudaram durante a pandemia devem permanecer quando o período de isolamento passar. As multinacionais do setor de alimentos e as entidades governamentais, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), já captaram a tendência de aumento na busca por alimentos com certificação de origem. Mato Grosso do Sul, apontam as autoridades e executivos que lidam com estas tendências, poderá ser beneficiado neste novo período.

“A pecuária brasileira e a indústria de proteína animal vão sair fortes, entre outros motivos, por causa das origens da pandemia, que pode estar ligada ao consumo de animais silvestres”, avalia Renato Costa, presidente da Friboi, subsidiária do Grupo JBS para o segmento de carne bovina. “O conceito de food safety [segurança do alimento], atrelado à sustentabilidade, já começa a ficar no drive [foco] do consumidor”, complementa.

Estudo da Embrapa sobre as tendências de consumo para o agronegócio nesta década e na próxima já mostra este direcionamento. “A rastreabilidade dos produtos, contendo informações de seu local de origem, insumos utilizados, colheita, abate, processamento, conservação, qualidade, armazenamento e transporte, se tornará condição essencial para atendimento ao consumidor, que exigirá transparência em relação a tais características”, indica a empresa de pesquisa ligada ao Ministério da Agricultura.

A Embrapa que, no início da década de 2000, foi pioneira na tecnologia de rastreabilidade da carne a partir de pesquisa desenvolvida em sua unidade de Campo Grande.

“Mato Grosso do Sul foi pioneiro nisso. E o Brasil tem uma produção sustentável que o restante do mundo não tem. Se você vai para a Europa, não tem. Nem mesmo os Estados Unidos têm essa produção. A gente precisa comunicar como produzimos melhor”, explica Renato Costa, ao afirmar que, no Brasil, 66% do território é de vegetação nativa e que a produtividade, sobretudo a da pecuária, aumenta.

Quem partilha de opinião semelhante é Rogério Beretta, superintendente de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Produção e Agricultura Familiar na Semagro (secretaria responsável pela produção), do governo de Mato Grosso do Sul: “Depois da pandemia, nós podemos dizer que existirá uma preocupação muito grande. Essa preocupação vai ser levada para todos os mercados, quanto à sanidade animal”, explica.

Na avaliação do professor Thiago Masson, da faculdade CNA, a rastreabilidade de produtos alimentícios também se tornará mais relevante no momento pós-pandemia. “As certificações baseadas na segurança do alimento, para identificar todas as etapas da produção e as tecnologias nas embalagens e rotulagem, abrirão espaço para novas tendências de mercado”, avalia.

SAÚDE ÚNICA

Conforme Beretta, de agora em diante não vai bastar apenas o carimbo de inspeção em um produto proveniente da agroindústria – será necessário muito mais. A preocupação com a saúde já passa a ter uma ligação ainda maior com a opção a ser feita pelo consumidor. “A gente começa a falar do termo saúde única. Não existe mais saúde da população e saúde dos animais porque muitas doenças que estão afetando a população, como no caso do coronavírus, são oriundas de problemas sanitários com os animais. Então essa certificação, que já era algo buscado pelo setor, que já era algo a que se buscava uma agregação de valor, ela passa a ser mecanismo de rastreabilidade para segurança alimentar”, analisa.

“A gente já percebe na prática que esses questionamentos já estão sendo feitos e, neste aspecto, Brasil e Mato Grosso do Sul poderão sair na frente”, avaliou Renato Costa. Segundo ele, a demanda por carne já aumentou no mundo. “A China já reabriu, a Itália já reabriu, os Estados Unidos vão reabrir e o Canadá já compra carne nossa”, lembra o executivo.

Para suprir a demanda, a JBS Friboi deve reativar duas de suas 10 plantas de abate de animais em Mato Grosso do Sul a partir de hoje: as unidades de Coxim e de Ponta Porã, que estavam paralisadas desde o ano passado.

VENDAS

Entre os meses de janeiro a abril, as exportações do complexo frigorífico em Mato Grosso do Sul resultaram em vendas de US$ 324,2 milhões (R$ 1,8 bilhão), número 11% maior do que no mesmo período de 2019.

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