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Educação
06/10/2015 14:11:00
Alunos de escolas públicas experimentam o saber científico

Assessoria/AB

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Para despertar o interesse de crianças e adolescente a buscar o conhecimento científico, professores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) resolveram levar até as escolas da rede pública do Estado oficinas temáticas, onde os alunos podem fazer experimentos e descobrir curiosidades da ciência.

O projeto Oficiência existe desde 2008 e já passou pelos municípios de São Gabriel do Oeste, Miranda, Bodoquena, Ponta Porã, Rio Verde de Mato Grosso, Bandeirantes, Nova Alvorada do Sul e Campo Grande.

A última cidade a ser visitada foi Corguinho. No final do mês de setembro, o grupo esteve na Escola Estadual José Alves Quito e encantou alunos e professores com as seis oficinas oferecidas: Como se tornar um fóssil (Paleontologia), Tem alguém no meu dente (Biologia e Odontologia), História da música, Pontes de Macarrão (Engenharia), Conhecendo a Engenharia de Produção e Aquitest: onde está a água? (Geologia). As oficinas foram ministradas por professores das áreas com a ajuda de alunos dos cursos de graduação.

O estudante Caique de Lima Gomes, do 5º ano, se surpreendeu: “nunca tinha visto montar uma ponte de macarrão”. O trabalho inusitado o fez perceber as possíveis aplicações das disciplinas curriculares: “agora eu percebi pra que a gente tem que estudar matemática”, comentou Caique. O garoto ficou empolgado com a experiência e disse que, no futuro, quer ser engenheiro.

O professor Andrés Batista Cheung, responsável pela oficina Pontes de Macarrão, diz que no início os alunos ficam um pouco acanhados com a ideia, mas depois se soltam e começam a construir as pontes. Antes de iniciar os trabalhos práticos, o professor faz uma explanação de como funciona a parte técnica. “Depois a gente começa a construir uma ponte de forma lúdica”, explica Cheung. Segundo o professor, é possível encontrar talentos entre as crianças.

No final do dia, a resistência das pontes construídas pelos alunos foi testada na quadra poliesportiva da escola. Os trabalhos foram colocados, individualmente, entre duas carteiras com um balde pendurado que era completado com água. O máximo de líquido sustentado pela ponte é a carga que ela suporta. A ponte mais resistente venceu a competição, sob palmas e gritos de incentivo.

Para a professora de Química da escola, Maria Angela de Farias, a iniciativa dos professores da UFMS instigou os estudantes. “Eles quiseram participar de todas as oficinas”. Cada aluno poderia participar de até quatro. Segundo ela, um conteúdo que ainda será visto em sala de aula foi tema de uma das experiências, o que vai reforçar o aprendizado. “Tem muita coisa que aproveitar”, concluiu.

Outra oficina que chamou bastante a atenção dos estudantes foi a relacionada à água. Por meio de um experimento montado pelos alunos, com orientação da geóloga e professora Sandra Gabas, foi possível verificar o comportamento da água nos diferentes tipos de solo: pedra, areia e argila; além de verem, na prática, como o aquífero é alimentado pelas águas das chuvas.

Para Jonatas Lima de Andrade, 9, matriculado no quarto ano do ensino fundamental, a experiência serviu de estímulo para o aprendizado. “É mais legal quando a gente faz o experimento”, alega o garoto.

Maria Fernanda Pontes, 13, do oitavo ano, participou da oficina Como se tornar um fóssil e fez várias descobertas. “Gostei muito de saber que paleontologia não é só cavar a terra e achar um osso. Conta a história de animais que existiram e não existem mais; a gente sabe que existem por causa dos fósseis deles”, resume a estudante.

A acadêmica do segundo ano do curso de Biologia da UFMS, Ingrid Duarte Esteves, monitora da oficina de Paleontologia, se surpreendeu com o interesse dos adolescentes. “A vontade deles é de sugar tudo o que a gente tem; eles querem mais e mais (informação)”. Para Ingrid, que pretende seguir carreira como educadora, a experiência de participar do projeto é uma antecipação do futuro. “Espero encontrar esse ambiente em sala de aula”.

Oficiência

Além de despertar o interesse dos alunos, “os professores podem usar as informações dessas oficinas e reproduzir o conteúdo em sala de aula depois da nossa volta a Campo Grande”, explica Sandra Gabas. Segundo a professora, o projeto prioriza os municípios com menor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), onde a UFMS não tem campus, e municípios com menores indicadores sociais do Estado.

Segundo a professora, o governo Federal está sinalizando com o término do projeto. Por questão financeira, este ano, Corguinho foi o primeiro município a receber o Oficiênciae está previsto que somente mais uma cidade seja beneficiada: Rio Verde de Mato Grosso, com previsão de que as oficinas aconteçam, novamente, no mês de novembro. “A expectativa é que, com parcerias estaduais, a gente possa manter e ampliar para mais municípios”, espera Sandra.

Para o coordenador do projeto, Ivo Leite, a experiência das oficinas “é uma tentativa de aproximar o mundo; de crer em um mundo melhor pela ciência, pela universidade. Acho que a gente vai construir um país melhor dessa maneira”, pondera Leite. “Me emociona ver crianças paradas para escutar música clássica”, confessa o professor, à porta de uma das oficinas mais concorridas pelos alunos. O docente procura parcerias para que o projeto não acabe.

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