Sheila Forato
ImprimirAos 50 anos, Jucimeire Gomes de Albuquerque sonha com o primeiro emprego de carteira assinada, mas, ela confessa que não sabia ligar um computador, o que dificultava sua inserção no mercado de trabalho. Essa realidade está mudando. Desde o início de setembro, a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), com ajuda de parceiros, abriu as portas do campus de Coxim, nas tardes de sábado, para capacitar mulheres em situação de vulnerabilidade social.
Enquanto as mães estudam informática, com aulas ministradas por professores do curso de Sistema da Informação da própria universidade, um grupo multidisciplinar, formado por professores de outras áreas, acadêmicos e voluntários cuidam das crianças, que recebem atividades diversas. Ao final da tarde, todos recebem um lanche, também patrocinado por parceiros do projeto.
A iniciativa foi da professora doutora Priscila Silva Martins. Logo que perdeu a mãe, no ano passado, ela sentiu necessidade de desenvolver algum projeto, voltado para o social. Fazer o bem ao próximo foi a forma que Priscila encontrou de tentar preencher o vazio deixado pela partida da mãe.
Como professora, Priscila pensava na no curso em si, começou a conversar com um colega, Gedson Faria, que também é doutor, e logo começaram a formatar o projeto. De acordo com a necessidade foram aparecendo parceiros. A vereadora Marly Nogueira (PT), considerada uma das madrinhas do Projeto Mãe, tratou logo de envolver os poderes legislativo e executivo.
Marly conta que buscou ajuda de uma colega que trabalha no CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) para triar essas mulheres, por entender que um CRAS é o contato primário de quem está em situação de vulnerabilidade. Ainda não era suficiente, a Prefeitura precisou ser parceira no transporte, para levar essas mulheres e crianças até a universidade e devolver nos respectivos bairros, em segurança.
“Procurei o prefeito Edilson Magro e imediatamente fomos atendidas. Ele disponibilizou ônibus para transporte de todos os integrantes do projeto, que saem de dois pontos da cidade. Faltava, agora, parceiros para o lanche. O curso se estende por aproximadamente 90 dias, ou seja, 12 semanas. Para oito semanas o lanche já está garantido através de doações. Se você quiser ajudar ao projeto, doando lanche, pode entrar em contato com a vereador Marly (67 9.9936-3425).
Doações para compras de materiais de higiene, como shampoo, condicionador, sabonete, desodorante e absorvente também são bem vindas. É que o Projeto Mãe também doa kits de higiene pessoal para as mulheres que estão sendo capacitadas. Vale ressaltar que as doações não precisam ser feitas em dinheiro. No caso dos lanches, você pode comprar os mesmos e combinar de entregar em determinado dia do curso. O mesmo acontece com os produtos de higiene, você pode comprar uma quantidade e entregar na para os voluntários do Projeto Mãe.
Enquanto diversas pessoas se movimentam nos bastidores, mulheres são capacitadas e sonham com a estabilidade de uma carteira assinada. Como Jucimeire, que citamos lá no início da reportagem. Ela tem três filhos, a mais nova de um ano e sete meses e não tinha com quem deixar a bebê para estudar. A vida inteira trabalhou cozinhando em ranchos, porém, está cansada dessa vida sofrida e já sonha com um emprego e no futuro a tranquilidade da aposentadoria.
O Projeto Mãe também buscou parceira na ACIAC (Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Coxim) para tentar encaixar essas mulheres no mercado de trabalho. Duas já estão trabalhando e pelo menos uma profissional liberal já aceitou fazer um teste com uma capacitada.
Essa é outra forma de ajudar do projeto. Se você tem vagas de trabalho a ofertar busque preencher com mulheres que estão sendo capacitadas no Projeto Mãe. Um grupo pretende dar início a reuniões com empresários para falar o projeto e buscar a inserção dessas mães no mercado de trabalho.
Para a diretora do campus da UFMS em Coxim, professora doutora Silvana Zanchett, esse projeto é a prova de que uma universidade pode ser muito mais do que se propõe. “A universidade é formada por gente capaz de colocar em prática tudo que sonhamos. Tenho muito orgulho dessa equipe, formada por professores, acadêmicos e voluntários, que trabalham por um mundo melhor”, finalizou.