Folha/PCS
ImprimirO governo federal, por meio do MEC (Ministério da Educação), vai divulgar em outubro um pacote de medidas para combater os efeitos negativos do uso excessivo de telas na infância e adolescência. Entre as propostas está o banimento do uso de celulares pelos estudantes em todo o ambiente escolar, tanto em escolas públicas quanto privadas.
Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana, o projeto ainda está em fase de construção. "Nós estamos trabalhando na elaboração de um projeto de lei porque, na nossa avaliação, uma ‘recomendação’ seria muito frágil", afirmou Santana à Folha de S. Paulo.
À Folha de S. Paulo, o ministro também explicou que o objetivo é fornecer segurança jurídica para que as redes de ensino possam implementar as medidas de forma eficaz, com base em estudos internacionais que indicam o banimento como uma ação positiva.
O ministro citou um relatório da Unesco que defende restrições ou até a proibição total do uso de celulares nas escolas, devido à relação com dificuldades de aprendizado e problemas de saúde mental. “Os estudos mostram que o banimento tem impacto positivo não apenas na atenção em sala de aula e no desempenho dos estudantes, mas também na saúde mental dos professores", argumenta Camilo.
Em Mato Grosso do Sul, a Resolução nº 3.280 já proíbe o uso de celulares, pagers, rádios e outros dispositivos eletrônicos que produzam som ou ruídos dentro das salas de aula, exceto quando utilizados para fins pedagógicos.
De acordo com a SED (Secretaria Estadual de Educação), a implementação de uma nova lei ou medida dependeria do seu conteúdo específico, mas dificilmente alteraria a prática já adotada nas escolas estaduais.
Atualmente, como isso já está previsto no regimento interno das escolas, é possível aplicar sanções conforme o caso, que podem variar desde notificações aos pais ou responsáveis até suspensão em situações de reincidência.
Em outros casos, o uso consciente é incentivado dentro do ambiente escolar, de acordo com a SED. “Uma de nossas escolas, no Aero Rancho, por exemplo, criou uma rede liberada para os estudantes, permitindo o uso de celulares durante as atividades propostas pelos professores. Os aparelhos ficam com os alunos, mesmo quando não estão em uso, e o resultado foi muito positivo. Eles aguardam o momento de liberação para utilizá-los”, explica a assessoria de comunicação.
Outros estados
Enquanto o MEC finaliza as medidas, outros Estados já discutem propostas semelhantes. Em São Paulo, um projeto de lei para banir celulares em escolas públicas e privadas avança na Assembleia Legislativa.
No Rio de Janeiro, as escolas municipais já baniram o uso de celulares por decreto, em uma ação pioneira no Brasil, que recebeu o apoio da maioria das famílias.
Uma pesquisa do Datafolha, elaborada para o Instituto Alana, mostrou que 58% dos pais acreditam que crianças e adolescentes de até 14 anos não deveriam ter acesso a celulares ou tablets.
O percentual é ainda maior (76%) quando o assunto é o acesso às redes sociais. Além dos riscos já conhecidos, como depressão, ansiedade e cyberbullying, o vício em jogos de apostas e cassinos online têm ampliado as preocupações dos pais.