Luma Danielle Centurion
ImprimirUm grupo de estudantes e professores do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) participou, no último dia 15, do 4- H Food Action Summit, evento organizado pela Universidade de Illinois (EUA). O encontro virtual reuniu participantes de um programa de extensão, coordenado pela instituição de ensino norte-americana, que trata de segurança alimentar.
Além de palestras sobre o tema, foram realizadas salas de discussões onde os participantes puderam explicar as ações de acesso à alimentação voltadas às comunidades locais desenvolvidas em suas respectivas instituições. Também participaram do evento estudantes e professores dos EUA, Porto Rico e Ilhas Virgens.
Os representantes do IFMS apresentaram "Solo Fértil: projeto integrador como ferramenta de segurança alimentar e desenvolvimento de habilidades da língua inglesa", coordenado por um professor do Campus Coxim conjuntamente com a Assessoria de Relações Internacionais (Asint) e o Centro de Idiomas (Cenid).
"O projeto busca entender a realidade social e cultural das regiões onde estão inseridos os campi do IFMS e, a partir daí, propor soluções para a melhoria da qualidade da alimentação e, consequentemente, da qualidade de vida de comunidades locais de Mato Grosso do Sul", explica o professor da área de Alimentos do Campus Coxim e coordenador do projeto, Marcos Hendges.
"A participação em um evento como o Food Summit permite que nossos estudantes e servidores compartilhem experiências sobre um tema urgente, que é o acesso à alimentação, e auxilia nossos alunos no desenvolvimento linguístico. O objetivo, com essa parceria, é proporcionar a formação holística de um sujeito para além das nossas fronteiras", ressalta Flávio Rocha, professor do Campus Campo Grande e assessor de Relações Internacionais do IFMS.
Solo Fértil - O projeto, desenvolvido em parceria com a Universidade de Illinois desde outubro de 2020, conta com a participação de professores e estudantes dos dez campi do IFMS, sendo que alguns atuam como líderes, tendo a responsabilidade de conduzir as ações e captar outros alunos.
Nesta primeira etapa do projeto, são realizados encontros virtuais semanais para o desenvolvimento linguístico dos estudantes participantes, além de atividades que visam identificar o perfil social e cultural das comunidades regionais e conhecer a respeito da condição de segurança alimentar da população do estado.
Algumas ações, entretanto, já estão sendo desenvolvidas nos campi.
Em Aquidauana, onde o projeto tem a participação da professora Tânia Sasaki e dos estudantes Leiza Monteiro e Maycon Rodrigues, a proposta é criar um aplicativo para comercializar alimentos cultivados por pequenos produtores locais, e que também terá receitas saudáveis e conteúdo sobre educação alimentar. Está prevista ainda a criação de uma página no Instagram para a divulgação do projeto.
No Campus Coxim, onde a ação é coordenada pelos professores Marcos Hendges e Lairy Coutinho, e conta com a participação das estudantes Evelyn Campos e Júlia Bosa, o plano de trabalho busca aproveitar o potencial dos frutos nativos e de possíveis desperdícios de alimentos/subprodutos para melhorar a qualidade da alimentação da população.
Em Dourados, o marketing é um dos pilares da ação. A proposta das estudantes envolvidas é produzir vídeos que ensinem receitas sobre o melhor aproveitamento dos alimentos, e divulgá-los em redes sociais.
"Nós queremos mostrar, por exemplo, que com a casca da laranja é possível fazer um bolo, ou que com a casca do abacaxi dá pra fazer chá. É uma forma de evitar o desperdício, ensinado as pessoas a utilizar os alimentos de maneira mais consciente", explica Isadora Marchesan, 16, aluna do curso técnico em Informática para Internet e uma das líderes do projeto, ao lado das colegas Patrícia Martins e Eduarda Aparecida.
A estudante ressalta a importância de participar de um programa capaz de transformar vidas. "Como estudante do ensino médio, o projeto agrega muito na minha vida acadêmica, mas poder fazer a diferença na vida das pessoas é o que mais me motiva", destaca Isadora.
O projeto prevê ainda a criação de um jardim no campus com espécies frutíferas e de outros vegetais.
Em Jardim, a ação é liderada pelas estudantes Ana Carolina dos Santos e Daniela dos Reis e tem como objetivo conscientizar e informar a população sobre a água, desde o processo de tratamento ao abastecimento residencial. A proposta é promover a melhoria na qualidade do produto e, consequentemente, o consumo sensato.
No município de Nova Andradina, o projeto tem o intuito de distribuir a famílias de baixa renda da região as verduras produzidas no campus do IFMS. A ação é liderada pela estudante Estela de Andrade.
Em Ponta Porã, onde a ação é liderada pelos estudantes Samyra Prestes, Fabio Ramos e Isadora de Matos, a proposta é desenvolver ferramentas que possibilitem promover a segurança alimentar no campus por meio de hortas domiciliares. O projeto prevê ainda a elaboração de um guia alimentar com informações sobre nutrição e propriedades dos alimentos e a criação de um curso gratuito para ensinar o participante a fazer a própria horta.
No Campus Campo Grande, o projeto tem a participação dos professores Flávio Rocha e Letícia Cavalcante e dos estudantes Vitória Teixeira e João Pedro Haufes. Nos campi Corumbá, Naviraí e Três Lagoas, as ações são lideradas pelos estudantes Ana Beatriz Monteiro, Juanita Pereira e Thiago Leite, respectivamente.
A previsão é que a primeira fase do projeto seja concluída até fevereiro de 2022, com a possibilidade de ampliação da parceria entre o IFMS e a Universidade de Illinois.
"Estamos construindo um documento, em conjunto, com fins de formalizar a parceria entre as instituições e de expandir os projetos, inclusive com a participação de estudantes de Illinois nas atividades desenvolvidas pelos campi do Instituto Federal", explica Flávio.
Programa 4-H - Desenvolvido pela Universidade de Illinois há mais de 100 anos, o programa conta, atualmente, com mais de 7 milhões de participantes em mais de 70 países.
O programa consiste na realização de workshops online que visam capacitar jovens estudantes com conhecimentos e recursos para atuarem em projetos específicos voltados às necessidades alimentares regionais.
"Pesquisas mostram que a segurança alimentar tem grande impacto na vida de crianças, adolescentes e jovens no mundo inteiro. O programa 4-H busca capacitar jovens líderes porque os mais novos são os mais impactados pela má qualidade na alimentação, uma vez que apresentam problemas de saúde, na escola e no desenvolvimento", explica Mark Becker, especialista de Sistemas Alimentares da Universidade de Illinois.