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ImprimirO vestibular 2018 da Unicamp registrou alta de 38,8% na quantidade de matriculados com renda familiar de até dois salários mínimos e menor número de mulheres em 11 anos, segundo a comissão organizadora do exame (Comvest). Além disso, o levantamento indica aumento de aprovados com idade superior a 24 anos e diminuição de ingressantes que já trabalham.
Os dados mostram que, entre os novos alunos, 379 têm renda familiar de até dois salários mínimos (R$ 1.908), enquanto foram 273 no ano anterior. Além disso, o total é o maior pelo menos desde 2013, quando o modelo de divulgação do perfil socioeconômico pela universidade foi padronizado.
A faixa de dois a três salários mínimos (até R$ 2.862) também teve aumento: o total de estudantes subiu de 358 para 416 - alta de 16,2%. O resultado, explica o coordenador executivo da Comvest, José Alves de Freitas Neto, reflete as 8,6 mil isenções na taxa de inscrição (fixada em R$ 165) concedidas pela Unicamp, alta de 15,6% sobre a quantidade de benefícios em 2017.
Redução de mulheres
As estatísticas da Comvest revelam que o número de mulheres matriculadas na universidade é o menor em 11 anos. Na edição 2018 foram 1.334, que representam 40,3% das vagas preenchidas; ante 1.396 do processo seletivo anterior - índice de 42% das oportunidades disponíveis. Antes disso, o menor número foi de 1.285, contabilizado em 2007, de acordo com a universidade estadual.
Para Freitas Neto, as estatísticas estão atreladas, por exemplo, ao formato das provas aplicadas pela Unicamp. A transferência da redação da primeira para a segunda fase do vestibular, a partir da edição 2015, afetou o índice de candidatas aprovadas na primeira etapa do processo seletivo.
"Além disso, os garotos têm resultados superiores em provas de múltiplas escolhas do que garotas [...] É uma questão que estamos analisando para ver em que momento estabiliza, mas isso é coerente com avaliações internacionais. Temos dados de pesquisas nos Estados Unidos, Europa, onde o ingresso é medido por esse critério, e isso acaba impactando a presença de mulheres."
Faixa etária
O número de ingressantes com idade superior a 24 anos aumentou na Unicamp. Ao todo, foram registrados 337 estudantes, crescimento de 10% em relação aos 306 de 2017.
"Nós ainda precisamos analisar esse estudo, é possível que esteja ligado ao perfil de renda, talvez agora as pessoas estejam procurando uma oportunidade, pode também ao número de autodeclarados pretos e pardos aprovados [...] Mas isso muda um pouco perfil", diz o coordenador.
Trabalho e estudos
Outro dado demonstrado na pesquisa é o aumento do grupo de estudantes que não trabalham. Em 2017, segundo a universidade, o total de ingressantes que não exercia atividade remunerada era de 2.595; e o número subiu para 2.697 no ano passado - aumento de 3,9%.
"Isso diretamente é a questão da crise econômica, falta emprego", ressalta Freis Neto.
Inclusão social
A Unicamp registrou diminuição de estudantes da rede pública aprovados no vestibular 2018 e ficou abaixo da meta de receber 50% dos ingressantes nesta classificação, segundo a Comvest. Por outro lado, houve recorde de matriculados autodeclarados pretos, pardos e indígenas.
Para alcançar as metas de receber 50% dos estudantes oriundos da rede pública - por curso e turno - e buscar índice de 37,5% de autodeclarados pretos, pardos e indígenas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Unicamp implementará, a partir da edição 2019, cotas étnico-raciais e outras mudanças, como a criação de um vestibular indígena e a criação de vagas extras para destaques em olimpíadas que tenham abrangência nacional.
De acordo com site da Unicamp, atualmente há 34,6 mil alunos matriculados nos cursos de graduação e pós oferecidos nos campi de Campinas (SP), Limeira (SP) e Piracicaba (SP).