Da assessoria/LD
ImprimirA valorização da etnia Terena é o tema central de um projeto desenvolvido no Campus Aquidauana do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) e apresentando no Festival Latinoamericano de Línguas Indígenas para Internet 2019, evento realizado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em Antígua, na Guatemala.
Os resultados da iniciativa que busca valorizar aspectos da cultura, arte, literatura, costumes e história dos terena foram apresentados no evento internacional entre os dias 22 e 24 de outubro pela professora de Informática do IFMS, Gracieth Valenzuela, uma das orientadoras do projeto. A participação da docente foi custeada pela Unesco.
Intitulado “Projeto Terena: cultura e língua indígena na internet” e também orientado pela professora de Português/Espanhol, Aline Araujo, o projeto originou-se no trabalho de conclusão de curso de Wilson Huanca, que concluiu o curso técnico em Informática no Campus Aquidauana do IFMS em julho deste ano. Durante as pesquisas, o jovem - que pertence à etnia terena - estudou o acesso à internet nas aldeias indígenas Morrinho e Lagoinha.
A partir da aplicação de questionários, o trabalho apontou o baixo acesso à internet nas duas aldeias estudadas. “O pouco acesso se dá porque os moradores não têm conteúdo para eles, em língua terena”, explica Gracieth.
Com base nesse resultado, o projeto passou a ter como objetivo a produção de conteúdo pela população indígena (professores e estudantes) em língua terena e a disponibilização do material produzido na internet, buscando a divulgação linguística e a troca cultural. Dessa forma, os terenas poderão compartilhar a cultura e o idioma, utilizando a internet como ferramenta, além de terem contato com outras culturas.
O estudo é baseado em dados da própria Unesco. Um deles estima que no ano de 2100, apenas 10% das 7 mil línguas existentes atualmente no mundo continuarão existindo. O povo terena tem uma população estimada em 25 mil pessoas e se concentra principalmente em Mato Grosso do Sul. A língua faz parte da família Aruaque, falada por populações ameríndias da América do Sul e Mar do Caribe.
Projeto
A primeira atividade foi uma oficina de audiovisual com duração de quatro dias, realizada em setembro. Ministrada por Túlio Fernandes, integrante do Coletivo Digital de São Paulo, a oficina teve a participação de 18 professores da região, principalmente da Escola Municipal Indígena Polo Marcolino Lili, localizada na aldeia Lagoinha.
“Eles aprenderam a manusear os equipamentos e as técnicas de filmagem, e gravaram depoimentos de anciões da aldeia, como forma de registro da memória deles, relatando conhecimentos dos ancestrais. Atualmente, estamos trabalhando na edição dos vídeos”, informa a professora.
As atividades da oficina contaram com o apoio técnico dos demais integrantes do projeto: Leonardo Amaral, graduando do Instituto Federal de São Paulo (IFSP); Ygo Brito, professor do IFMS; Eduardo Feitosa, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM); do antropólogo Boris Magalhães, professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS); além de Huanca.
O projeto prevê outras ações como adição de legendas e disponibilização dos vídeos em um canal online e nas redes sociais, além da criação de uma página de internet. Também estão previstas sessões de cinema itinerante que levarão os vídeos às aldeias.
Apoio
O projeto é desenvolvido com o apoio da Sociedade da Internet (Internet Society na sigla em inglês), associação civil de direito privado voltada ao desenvolvimento da internet e demais tecnologias relacionadas. Além de apoio técnico, foram concedidos cerca de R$ 8 mil para a realização das ações.
A iniciativa representará o Brasil no evento internacional da associação, que ocorrerá online no dia 15 de novembro. Na oportunidade será disponibilizado um vídeo de três minutos contando a experiência do projeto.