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ImprimirO desempenho do PT na disputa pela Presidência da República em 2018 foi pior em 69% das cidades do país. Fernando Hadadd, o candidato escolhido pelo partido para 2018, conquistou uma fatia menor de votos do que a ex-presidente Dilma Rousseff em 2014 em 3.828 dos 5.570 municípios do país, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O cenário foi pior para o partido nos grandes centros. Haddad teve uma fatia menor de votos que Dilma em quase todos os municípios com mais de 500 mil habitantes. As exceções foram São Paulo e Salvador. Junto com Florianópolis, elas foram as três únicas capitais em que o petista conseguiu avançar em relação a 4 anos atrás.
Além dessas cidades, Haddad obteve desempenho melhor que Dilma majoritariamente em municípios menores. Das 1.742 cidades em que o petista teve uma fatia maior dos votos que a ex-presidente, 1.716 têm até 100 mil habitantes.
Para o cientista político e professor da Universidade Metodista Kleber Carrilo, o recuo nas grandes cidades e o avanço nas pequenas está ligado a um maior poder de influência do PT sobre lideranças locais, que é mais forte em municípios menores.
“A influência sobre políticos, como prefeitos e vereadores, é maior nas pequenas cidades. Nos grandes centros, o poder das redes sociais é maior", diz.
Queda em todos os municípios do RJ
No Rio de Janeiro, um dos 4 redutos do PT que foram conquistados por Bolsonaro nesta eleição, Haddad obteve uma votação pior que Dilma em todos os 92 municípios. E, em parte dos casos, o recuo foi expressivo: dos 15 municípios com maior queda em 2018, 14 são fluminenses. Dos 50, são 19.
O recorde negativo é de Belford Roxo, cidade de 509 mil habitantes onde Haddad teve 31% dos votos válidos – 44 pontos percentuais a menos que os 75% de Dilma em 2014. O município é seguido por outros da Baixada Fluminense, como Queimados e Japeri.
Para Carrillo, a escolha dos eleitores do Rio de Janeiro foi guiada pela segurança pública e pelo pensamento de que a esquerda não sabe lidar com o assunto. Queimados e Japeri estão entre os 10 municípios mais violentos do país, segundo o Atlas da Violência.
“Os fluminenses acham, desde o governo Brizola [do PDT, que governou o estado de 1983 a 1987 e de 1991 a 1994], que a esquerda é incapaz de resolver questões de segurança. Isso foi refletido também na vitória de Wilson Witzel [do PSC] ao governo”, diz.
Além de Rio de Janeiro, os municípios com maiores quedas pertencem aos estados de Santa Catarina (11 dos 50) e Minas Gerais (9) e Rio Grande do Sul (7).
Em Santa Catarina, o que pesou contra Haddad foi a ligação histórica do eleitorado a valores mais conservadores, que foram explorados pelo PSL, avalia o professor. O governador eleito do estado, Comandante Moisés, é do partido de Bolsonaro.
Já em Minas, a rejeição ao governador Fernando Pimentel (PT), que sequer chegou ao segundo turno, prejudicou a candidatura do PT à Presidência. “Os mineiros estão desiludidos com o qual governador e por isso foi um palanque ruim para Haddad no estado”, diz.
No Rio Grande do Sul, o candidato do PT ao governo, Miguel Rossetto, também não chegou ao segundo turno. A vitória foi de Eduardo Leite, do PSDB, adversário histórico do partido.