É\n uma "missão de paz", eles garantem. Mas os clubes brasileiros que \n fiquem alertas. São 123 jovens de 7 a 13 anos. Sugestivamente, eles \n praticam futebol em quadras na modalidade society a poucos metros dos \n centros de treinamento de São Paulo e Palmeiras, na Barra Funda, \n território paulistano. As atividades técnicas são comandadas por dois \n treinadores catalães, formados na base mais prestigiada do futebol \n mundial. \n É a expansão internacional franca e acelerada do Barcelona que \n chega à cidade mais populosa da América Latina com o FCBEscola (Futebol \n Clube Barcelona Escola). Já instalado de maneira fixa no Rio de Janeiro,\n o projeto deu largada em São Paulo na última segunda-feira. \n Inicialmente, um tiro curto de cinco dias, mas em breve também de \n maneira definitiva. São três os objetivos: \n 1) Expandir o que eles chamam de "filosofia Barça", com \n metodologias próprias de treinamento e de comportamento. 2) Observar os \n jogadores brasileiros e, em casos raros, mas possíveis, fazer indicações\n para a base do Barcelona. 3) Expansão de marca, conquista de novos fãs e\n fidelização dos muitos já existentes mundo afora. \n "Há muita gente fora da Espanha, fora da Catalunha, que se \n interessa pelo clube, que é global", assinala Jordi Blanco, um dos \n coordenadores do projeto Barcelona no Brasil e treinador formado sob os \n métodos azuis-grenás. "Queremos que essas pessoas tenham o Barcelona por\n perto. Também está a expansão da marca, que é importante para um clube \n global", detalha. \n Seja pelo futebol bonito, seja pelos vários brasileiros de \n sucesso, o fato é que o Barcelona já tem lugar cativo por aqui. \n Divulgada em dezembro, pesquisa feita pela consultoria Stochos Sports \n Entertainment apontou o Barça como o clube internacional preferido por \n 24% das pessoas no Brasil. Em segundo, o Real Madrid, com 11%. \n Talvez por isso, 83 garotos tenham topado pagar R$ 970 para se \n inscrever no FCBEscola. Em uma conta simples, mais de R$ 80 mil \n arrecadados em cinco dias. Por trás do negócio está a Klefer, empresa de\n marketing esportivo de Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo. Além \n dos que pagam, outros 40 meninos foram captados em projetos sociais. \n Enquanto também busca garotos talentosos em diferentes classes \n sociais, o Barça assegura que não quer competir com os brasileiros. "De \n forma alguma. Não queremos rivalidades com eles. Vamos fazer coisas \n positivas, não negativas. Se começamos nos torneios federados, poderia \n haver competição, mas queremos boa relação com os clubes do Brasil. Não \n queremos contradições com os clubes locais por todo o mundo", cita \n Jordi. \n Atualmente, o Barcelona faz projetos semelhantes em países como \n Polônia, Peru, República Dominicana, Japão, Coreia do Sul, Emirados \n Árabes, Índia e Kuwait. O perfil dos países - quase todos populosos, sem\n clubes de grande expressão internacional - evidencia critérios mais \n comerciais que técnicos. Mas é possível achar bom futebol, assegura o \n treinador catalão. \n "O talento nasce em qualquer lugar do mundo. Outra coisa é como \n esse talento cresce e se ele trabalha com bons professores. Temos três \n jogadores na base que foram captados noscampings. Dois da Coreia do Sul e\n um do Japão", pontua Jordi. "Os meninos brasileiros são de bom nível. \n Muito passional nos jogos (risos) e lentos para pressionar (sem bola), \n mas são coisas culturais", diz o treinador, com propriedade.