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ImprimirEx-auxiliar de Rogério Ceni no São Paulo, Michael Beale resolveu falar sobre a crise que o São Paulo enfrenta na atual temporada. Em entrevista ao "UOL", ele criticou o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e deixou claro: as vendas feitas durante a temporada acabaram com todo o planejamento que foi traçado no começo do ano pela antiga comissão técnica.
– No São Paulo, existem muitos diretores que gerenciam o clube como se fosse um jogo de computador: vende, contrata e pensa que vai funcionar. Era só demitir o Ceni e trazer o Dorival que o time passaria a ganhar todos os jogos. Todos estão vendo que os resultados são exatamente os mesmos. Jogadores começaram a sair sem o conhecimento do treinador e outros chegaram sem a aprovação – afirmou Beale.
Em nota divulgada pelo departamento de comunicação, o São Paulo rebateu Michael Beale, dizendo que a atitude do inglês é "desprezível", uma "tentativa patética de criar intrigas".
Beale acusou Leco de ter usado a contratação de Rogério Ceni para se eleger presidente.
– O Leco precisava ganhar a eleição em abril. Quem melhor do que o Rogério Ceni para ser contratado como treinador? Dê às pessoas aqulo que elas querem. Depois, não dê ao treinador os jogadores no momento que ele queria, em janeiro, quando se monta a equipe para a temporada. Mas contrate no tempo certo para ser eleito. Para mim, tudo foi muito bem planejado pelo Leco.
Durante a entrevista, Beale explicou seu tempo no Tricolor da seguinte maneira:
"Este é o resumo da minha passagem no São Paulo: os profissionais tentando corrigir o que os amadores faziam"
Veja mais trechos abaixo:
Relação com Leco
– Senti que o presidente não me queria no São Paulo de jeito nenhum. Ouvi que ele não gostava de mim pessoalmente. Não tinha nada contra ele, mas talvez eu estivesse tentando impedir a saída de alguns jogadores e ele achasse que não deveria fazer aquilo. Pelo respeito que tenho pelo Rogério, foi melhor sair. Se eu tivesse ficado mais cinco dias, eu teria recebido muito dinheiro do São Paulo por ser demitido, assim como Rogério e Charles (Hembert, auxiliar francês) foram depois.
Rusgas com Vinícius Pinotti
– Pinotti era um funcionário do departamento de marketing que conheci quando fui ao Brasil em novembro. Ótima pessoa, fala inglês fluentemente, então nossa comunicação era frequente. Ele apoiou o Rogério, mas também trabalha pela própria carreira, o que é natural. Só que ele questionou o legado de um homem que jogou 25 anos pelo clube, com mais de 1250 partidas. Um cara que sempre quis vencer e não falou mal uma vez sequer desde que saiu do clube. Rogério poderia falar muita coisa, mais do que qualquer um. Ele não vai fazer isso, porque ama o clube. Quando saí, disse para o Vinicius que as pessoas estavam usando o Rogério, e o único que sairia perdendo daquela situação seria o Rogério.
Frustração com desmanche determinou saída
– Não via planejamento e rumo do clube. No começo da temporada, tínhamos um time jovem, com energia e fome de vitória. E perdemos vários desses atletas com ambição e de energia brilhante para o time. No ano anterior, o São Paulo tinha sido décimo no Campeonato Brasileiro, então não era um time maravilhoso. Claramente tínhamos de reforçar a equipe. Então eu via jogadores saindo, e os que chegavam não era necessariamente aquilo que precisávamos.
Thiago Mendes vendido de surpresa
– A venda do Thiago (Mendes) foi a gota d'água. Com as saídas, o time foi ficando mais lento. Estávamos em preparação para enfrentar o Flamengo, um grande jogo. Cheguei para o treinamento, e estava acontecendo a coletiva de imprensa do Thiago, com anúncio para o mundo, de que ele estava sendo vendido. Eu não estava sabendo de nada...Parei e pensei: "Não tem como isso dar certo." Acho que nem o Rogério sabia que ele estava se despedindo naquele dia.
"Você olha para quem chega, era melhor ter mantido quem estava" – O São Paulo está numa situação de vender qualquer jogador que tenha proposta. É uma pena. É o único clube no Brasil que só vende, vende, vende...E quando você olha para quem chega, seria melhor ter mantido quem estava. A única coisa que soube é que, se vendêssemos Neres e Lyanco, não teríamos de negociar mais ninguém durante o ano. Outra coisa sobre planejamento: quantos jogadores pertencem ao São Paulo? Quantos vão estar lá no próximo ano? Quantos estão lá por empréstimo? Jucilei, Hernanes...Metade do time! Isso não funciona a longo prazo. Sinto que em Cotia tem talento suficiente para o clube não precisar contratar alguns dos jogadores que chegaram.
Veja as informações do São Paulo para a partida contra a Ponte Preta:
Data e horário: sábado, às 19h Local: Morumbi, em São Paulo Escalação provável: Sidão; Éder Militão, Bruno Alves, Rodrigo Caio e Edimar; Petros; Marcos Guilherme, Jucilei, Hernanes e Lucas Fernandes (Cueva); Lucas Pratto. Desfalques: Arboleda (suspenso), Bruno (lesão nas costas), Araruna (aprimora a forma física após se recuperar de lesão na coxa esquerda), Morato e Wellington Nem (cirurgias no joelho, só voltam em 2018) Pendurados: Bruno, Edimar, Hernanes, Júnior Tavares, Lucas Pratto, Lugano, Petros e Renan Ribeiro. Arbitragem: Marcelo de Lima Henrique (RJ-CBF), auxiliado por Dibert Pedrosa Moisés (RJ-CBF) e Michael Correia (RJ-CBF). Tempo Real: GloboEsporte.com, a partir das 18h