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ImprimirA polêmica sobre a possível escalação irregular de Victor Ramos pelo Vitória ganhou um novo capitulo. Uma troca de e-mails entre o clube baiano e o diretor de Registro e Transferência da CBF, Reynaldo Buzzoni, indica que a entidade teria orientado o Vitória a adotar procedimentos internacionais para a inscrição do jogador e contradizem as alegações do Vitória e do próprio Buzzoni de que a transferência foi nacional.
As mensagens, datadas de 29 de fevereiro, foram divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmadas pelo GloboEsporte.com (confira abaixo). E serão usados como trunfo do Inter na tentativa de tirar pontos do time baiano no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para escapar do rebaixamento.
Nos e-mails, Buzzoni teria orientado o Vitória a seguir os trâmites de transferências internacionais para registrar o jogador, que pertence ao Monterrey, do México, e estava emprestado ao Palmeiras antes de transferir para o Barradão, em fevereiro deste ano.
– Primeiro, o Palmeiras e o clube mexicano deve (sic) dar uma conclusão ao TMS #106697, sobre o empréstimo do atleta ao Palmeiras. Após isso, será necessário o retorno do empréstimo para o México e um novo pedido de empréstimo para o Vitória. Mesmo para um clube do mesmo país, é necessário o retorno do ITC para o México para depois gerar um novo empréstimo para o clube brasileiro – diz a mensagem enviado por Buzzoni ao representante do Vitória.
Procurado pela reportagem do GloboEsporte.com, o Vitória afirmou que não vai se pronunciar sobre o caso. A assessoria de imprensa da CBF informou que Buzzoni também não vai se manifestar até que o STJD se pronuncie sobre o pedido do Inter para reabrir o processo iniciado pelo Bahia sobre a suposta escalação irregular de Victor Ramos.
Em entrevista recente ao GloboEsporte.com, o diretor de registro e transferência da CBF disse que não há irregularidade no registro de Victor Ramos. Buzzoni reconheceu que o procedimento não foi o correto, mas afirma a irregularidade existiria se tivesse falta do ITC (o certificado internacional de transferência), o que não aconteceu, já que se tratou de uma transferência nacional, do Palmeiras para o Vitória.
O Vitória, por sua vez, diz que não há "fato novo" no caso de Victor Ramos. O clube baiano alega que a transferência de Victor Ramos foi nacional e cumpriu todos os requisitos. Segundo o vice-presidente rubro-negro, Manoel Matos, o clube baiano tem ainda documento da Fifa garantindo a regularidade do jogador.
Entenda o caso
Na última semana, o Inter apresentou no STJD um documento com 42 páginas no qual elucida os pontos que julga equivocados na transferência de Victor Ramos. O clube gaúcho pede que o STJD reabra o caso e puna o clube baiano com a perda de pontos nas 26 partidas em que Victor Ramos atuou no Campeonato Brasileiro.
No momento, a novela jurídica se encontra em espera no STJD. Após o pedido do Inter para anexar documentos ao processo 71/2016, aberto pelo Bahia no começo do ano, a Procuradoria solicitou ao Vitória e à CBF que apresentem esclarecimentos sobre o imbróglio. As duas partes tinham até quarta para responder à solicitação. A partir daí, a Procuradoria irá decidir se leva o caso adiante.
A principal linha sustentada diz respeito ao não cumprimento das normas do Transfer Matching System (TMS), que regulamenta as transferências internacionais no futebol, e de parte da CBF e do Vitória, ao registrar o vínculo de empréstimo do jogador, que pertence ao Monterrey.
Os advogados do clube gaúcho alegam que o contrato de Victor Ramos com o clube mexicano foi firmado ainda em 18 de dezembro de 2013, com validade até dezembro de 2017. Em seguida, asseguram que o defensor foi repassado ao Palmeiras em 15 de janeiro de 2015, com vínculo por empréstimo a se encerrar em 31 de dezembro, por meio do Certificado de Transferência Internacional (CTI) enviado à CBF.
De acordo com a defesa, o empréstimo foi encerrado em 31 de dezembro, sem renovação. Assim, a partir de 1º de janeiro de 2016, o contrato do atleta com o clube mexicano teria voltado a vigorar antes da abertura da janela de transferências, entre 4 de janeiro e 1º de fevereiro.
O vínculo entre Vitória e Monterrey, para o repasse de Victor Ramos, porém, foi firmado em 26 de fevereiro, com vigência retroativa, de acordo com o documento, entre 1º de fevereiro e 31 de dezembro de 2016. A alegação ainda explicita que o contrato, em sua cláusula oitava, declara expressamente seu "caráter internacional". A partir daí, o clube baiano iniciou o processo para o registro da transferência internacional em 11 de março, ao ingressar no TMS da Fifa com "todos os documentos obrigatórios, "aguardando ordem contrária' por parte do Monterrey".