\n \n O\n Corinthians está a algumas horas e a uma vitória do maior título de sua\n história. \n \n Milhões\n de corintianos esperaram por décadas pela noite de hoje: contra o Boca Juniors,\n no Pacaembu, Tite e seus jogadores buscam o inédito troféu da Libertadores. \n \n E\n esperar, assim como torcer e sofrer, é o verbo mais conjugado pelo clube\n fundado no bairro do Bom Retiro há mais de cem anos. \n \n O\n Corinthians pode encerrar uma espera que já dura 35 anos. Ser o dono da América\n significa mais do que dar a volta olímpica, bordar a estrela no escudo, pintar\n a conquista no estádio que está sendo erguido em Itaquera. \n \n Ganhar\n hoje vai significar o fim da virgindade continental, o fim do deboche dos\n rivais locais, todos já donos de ao menos uma dessas taças. \n \n Liderado\n pelo mais eficiente sistema defensivo da América, o Corinthians precisa de uma\n vitória simples contra o Boca Juniors para, enfim, sagrar-se campeão. Qualquer\n empate leva a decisão para a prorrogação --e pênaltis. \n \n Em Buenos Aires, no jogo de ida, houve empate por\n 1 a 1. Na\n final, gols anotados fora de casa não servem como critério de desempate. \n \n Para\n superar o maior carrasco de brasileiros, do veterano e requintado Riquelme, o\n técnico Tite pede à torcida a paciência que sempre caminhou ao lado do Corinthians.\n \n \n A\n primeira participação do Corinthians na Libertadores foi em 1977, meses antes\n do inesquecível gol de Basílio na final do Estadual, que encerrou o jejum de\n títulos de 22 anos, oito meses e sete dias. \n \n Desde\n então são 35 anos de uma espera que se acentuou em 1991, quando a Libertadores\n tornou-se obsessão. \n \n Dentro\n de São Paulo o clube sempre foi absoluto: logo na terceira participação, em\n 1914, já ganhou o primeiro Estadual. O Rio-São Paulo também veio na segunda\n edição. \n \n Mas\n os corintianos sabem o quanto demorou para festejar um título nacional. \n \n Este\n só veio em 1990, contra o São Paulo, com gol de Tupãzinho, como um Romarinho,\n que há uma semana saiu do anonimato e do banco de reservas para calar a mítica\n e temida Bombonera. \n \n Hoje\n o novo xodó da torcida ficará no banco de novo. \n \n Título\n internacional só houve em 2000, o Mundial de Clubes. A Fifa organizou e\n reconhece a conquista, mas ainda falta a Libertadores. \n \n E\n o Corinthians está perto de ganhá-la em grande estilo. Se bate o Boca hoje,\n será o primeiro a conquistar a Libertadores de forma invita desde 1978, quando\n o mesmo Boca alcançou tal proeza, mas em apenas seis jogos. \n \n Entre\n os brasileiros, só o Santos de Pelé conseguiu em 1963, mas fez só quatro jogos.\n \n \n Tite\n não perde na Libertadores desde que o Tolima quase o derrubou do cargo, em\n fevereiro de 2011. São 13 partidas desde então. \n \n O\n time que nunca se deu bem na América pode conquistá-la com autoridade após\n passar por venezuelanos, mexicanos, equatorianos, paraguaios, cariocas, e\n santistas --com Neymar. \n \n Hexacampeão\n da Libertadores, décima decisão, fama de mau, o Boca tenta igualar-se ao\n Independiente como maior campeão da Libertadores, como sete conquistas. \n \n Contra\n a pesada camisa azul e ouro do Boca, o Corinthians terá a seu favor um Pacaembu\n lotado e febril. \n \n Cada\n metro quadrado do tradicional estádio é disputado a gritos por torcedores,\n patrocinadores, cartolas, políticos, jornalistas, enquanto ingressos são\n vendidos a preços de carro. O clube instalou telões no sambódromo, mas milhares\n estarão na porta do Pacaembu mesmo sem entrada. Tudo para saber se tanta espera\n valeu a pena.