Globo Esporte/LD
ImprimirDiretor da Comissão Atlética de Nevada, Bob Bennett se disse bastante surpreso com a estratégia de defesa dos advogados de Anderson Silva. O lutador, que foi flagrado em exames antidoping antes e depois do UFC 183, pelo uso dos esteroides anabolizantes drostanolona e androsterona e, também, de ansiolíticos no dia da luta, prestou depoimento nesta quinta-feira na sede do órgão, em Las Vegas, e foi condenado a um ano de suspensão, além de multa de 30% da bolsa e de 100% do bônus da vitória, que totalizam R$ 1,3 milhões. Spider também terá que pagar os custos de teste e de advogados e terá que apresentar um exame antidoping limpo antes de dar entrada em uma nova licença para lutar.
- Ficou meio óbvio que foi um desafio para o Anderson preencher o questionário pré-luta. Para ser mais sincero e franco, o questionário era falso, ele não o respondeu corretamente, o seu depoimento foi inconsistente. Ele admitiu que tomou algum tipo de substância contaminada, que na realidade era drostanolona e afirmou que tomou essa substância novamente perto do dia 31 de janeiro. Claro que, com isso, os resultados do “Sports Medicine Research and Testing Laboratory”, ou SMRTL, deram positivo. Anderson teve muitas explicações não satisfatórias, foram respostas inconsistentes, inapropriadas, ele não estava familiarizado com datas e horários e, depois, do nada, se lembrava desses detalhes. Portanto, o chairman e os comissários acharam que seria apropriado multá-lo e puni-lo com a pena mais alta existente. E ele teve sorte que nós ainda não implementamos as novas multas e punições, ou isso poderia acabar com o seu futuro profissional - declarou o diretor.
As punições a que Bennett se referem entram em vigor a partir do dia 1º de setembro e ampliam para um ano e meio a pena mínima aos atletas flagrados, além de multas no valor mínimo de 30% da bolsa. Se Spider, por exemplo, tivesse sido julgado no novo modelo, ele poderia ter sido condenado a uma suspensão mínima de 3 anos por uso dos anabolizantes e a multa seria de 50% a 75% da bolsa.
O diretor da NAC também se mostrou incrédulo com as inconsistências da defesa de Anderson nesta quinta-feira. O lutador inicialmente afirmou ter tomado um medicamento líquido para aumento de desempenho sexual, trazido por um amigo da Tailândia. Testes particulares feitos na substância teriam revelado que ela estava contaminada com metabólitos de drostanolona, mas a defesa do brasileiro não submeteu os resultados à Comissão. Pressionado, Spider revelou que tinha tomado o medicamento novamente no dia 08 de janeiro, o que explicaria o teste antidoping positivo no dia seguinte. O ex-campeão dos médios do UFC, no entanto, negou que tivesse voltado a tomar o remédio para impotência sexual e não soube explicar porque tinha passado limpo no teste do dia 19 de janeiro e testado positivo para a substância novamente no dia 31 de janeiro. A Comissão então ligou para o Dr Daniel Eichner, diretor executivo do SMRTL, laboratório credenciado pela Agência Mundial Antidoping e responsável por parte dos testes feitos no lutador, e o médico explicou que a drostanolona seria expelida pelo organismo em até uma semana. Após ser novamente pressionado, Anderson assumiu que tomou novamente o remédio na semana do UFC 183.
- Ele testou positivo para um esteroide anabolizante no dia 9 de janeiro e, surpreendentemente, testou negativo no dia 19 de janeiro. Depois ele mesmo admitiu que tomou esse líquido e testou positivo novamente no dia 31. Essa é uma resposta questionável. Se você está tomando essa substância de melhora de desempenho sexual e testou positivo no dia 9, por que será que você não testou positivo no dia 19? A menos que você tenha parado de tomar…e ele tomou novamente na semana de sua luta no UFC 183. Isso, para mim, também foi questionável. Acho que tivemos evidência suficiente, a nossa testemunha expert no assunto foi o Dr Eichner, enfim, foi uma audiência bastante compreensiva. Durante esse processo todo, nós demos ao Anderson uma audiência justa e profissional. Dedicamos bastante tempo para que o procurador geral de Nevada, Christopher Eccles, apresentasse o caso, assim como para a defesa do Anderson. Além da suspensão e da multa, o resultado do duelo vai ser alterado para “luta sem resultado” e ele terá que reembolsar o Estado de Nevada pelos testes feitos pela Quest Diagnostics e o SMRTL - explica.
Apesar de estar satisfeito com o desenrolar do caso Spider, Bennett também reconheceu as conquistas do ex-campeão no esporte. Considerado um dos maiores lutadores de todos os tempos, o brasileiro luta como profissional desde 1997 e reinou absoluto entre os médios do Ultimate por sete anos. Para o diretor da NAC, nem mesmo a idade de Anderson, que tem 40 anos, deve impedir a sua volta ao octógono.
- Eu também gostaria de reconhecer o Anderson pela carreira fenomenal que ele teve até aqui, e que ainda terá, porque ela não acabou. Ele é um dos antigos grandes lutadores no MMA e tem muito crédito por tudo o que conquistou. O que vocês viram aqui hoje foi o resultado do comportamento dele nesses testes dentro e fora de competição, mas nós não queremos diminuir ou desmerecer as conquistas tão significantes que o Sr Silva alcançou ao longo dos anos - finalizou.