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ImprimirHernanes voltou ao São Paulo em 2017, emprestado pelo chinês Hebei Fortune, com a missão de comandar o time na luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Quando sua contratação foi anunciada, o clube estava em 18º lugar na competição com apenas 12 pontos em 15 rodadas. Se destacou em 19 jogos, marcou nove gols e deu três assistências. Assumiu o papel de um líder, ajudou muito dentro e fora de campo a livrar a equipe da degola e ainda entrou na seleção dos melhores da competição. Por força contratual, teve de retornar para a China com algumas certezas: viveu no Tricolor no ano passado a melhor fase da carreira, que o credencia para brigar pelas últimas vagas da Seleção na Copa do Mundo de 2018, na Rússia.
- Considero que individualmente foi o melhor momento não só no São Paulo, mas da minha carreira. Isso é que foi o mais legal, foram os primeiros pontos que toquei no meu retorno. Sentia que estava em grande forma, e tudo se confirmou. Estou no top da minha forma, no melhor momento da minha carreira e fiquei muito feliz em ajudar - disse Hernanes, que foi bicampeão brasileiro pelo São Paulo (2007 e 2008).
GloboEsporte.com: Está confiante em beliscar uma vaga na seleção na Copa de 2018?
- Eu acredito que dá para beliscar ainda uma vaga. Sei que não é simples e não é fácil. Não fui chamado ainda pelo Tite. Mas fiquei feliz quando ele mencionou meu nome, minhas características, me conhece bem. O que faz com que a gente tenha uma esperança de ser lembrado. Quanto a estar no Brasil (por mais visibilidade), talvez sim. Mas eu também achei muito boa a preparação de um mês que fiz aqui no Hebei, estou muito bem fisicamente. Se eu for convocado, vou chegar muito bem.
Você tem acompanhado o São Paulo neste início de temporada?
- Tenho mais pelos resultados, vi que ganhou na última quarta (vitória por 2 a 0 sobre o Bragantino, no dia 7, pelo Campeonato Paulista). É difícil porque aqui os jogos não são transmitidos.
"Acho que o elenco do são Paulo está mais forte este ano porque manteve a base que acabou o ano passado e contratou jogadores como Diego Souza, Valdivia e Nenê"
Há algum jogador que tem condições de fazer sua função no time do São Paulo, ser decisivo e ter um papel de um líder?
- O Diego Souza é um cara experiente, de muita qualidade, jogou em muitas equipes. Acredito que ele pode ser um cara para ajudar muito o São Paulo pela qualidade e experiência. Acho que o Nenê também, gosto muito dele. Tecnicamente o time está muito bom, tem uma galera muito boa.
E como está sendo a pré-temporada do Hebei Fortune em Marbella, na Espanha? Você marcou quatro gols e deu uma assistência em quatro jogos disputados...
- Tem sido muito legal, bem intensa. Chegamos dia 7 (janeiro), no dia 8 começamos os treinos. Foram muitos treinos, a equipe está bem. Nos amistosos conseguimos ver resultados físicos, táticos e técnicos. A equipe está pronta para começar a temporada.
Em 2015, o Hebei Fortune conseguiu o acesso para a elite na China. Em 2016, terminou a liga na sétima posição, e em 2017 chegou em quarto. Esse crescimento credencia a equipe a brigar pelo título em 2018?
- Eu acredito que sim, é uma evolução. Tem a preparação, o investimento, a chegada do Mascherano. Um cara que já chegou bem entrosado, deu uma qualidade muito boa no meio de campo, a equipe está fortalecida e habilitada a brigar pelo título. Tem os dois times de Xangai na disputa, o Guangzhou Evergrande, o Tianjin Quanjian.
Como foi a adaptação do Mascherano? No Barcelona ele atuava como zagueiro, na seleção argentina jogava como volante. Qual é o papel dele no Hebei?
- Tem jogado como volante. No meu caso é muito bom ter um cara como ele no meio de campo, de pegada na marcação e com um bom passe. Não preciso vir tanto para buscar a bola e fazer jogadas mais ofensivas. Consigo chegar bem no ataque, não fico sobrecarregado na marcação.
Você passou por três escolas de futebol: Brasil, Itália e China. Quais são as principais diferenças entre elas?
- No Brasil é um futebol mais individual no sentido em que técnica e estratégia ficavam em segundo plano. Não que não fosse importante. É muito ofensivo e pensa sempre em ganhar. E todo mundo acha que pode ganhar. Outro dia acompanhei a Copa do Brasil, o jogo entre Atlético-MG e Atlético-AC. O Atlético-MG empatou, mas foi uma correria, uma dificuldade danada. A outra equipe até tinha bons jogadores e surpreendeu. Então o Brasil é isso. Na Itália encontrei uma escola que se preocupa primeiro em não perder o jogo, a parte tática e a estratégia são muito fortes, de marcação. E o futebol chinês é recente, estão aprendendo ainda a ter seu próprio estilo. É muita ligação direta, jogadores rápidos na frente. Então, o mais legal é que cada treinador estrangeiro adota a sua escola. O Manuel Pellegrini que está aqui (chileno do Hebei) gosta de toque de bola e pressão alta. Então é um toque de cada escola.
Seu contrato na China termina em dezembro de 2019. Terá na altura 34 anos. Dá para fazer planos ainda?
- Eu não consigo ainda visualizar o que vai acontecer. Estou muito focado, ansioso com essa convocação para a Copa do Mundo. Quero fazer um grande ano aqui e estou muito motivado. Quero desfrutar da minha boa forma.