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ImprimirApós o escândalo de corrupção na Fifa, a imprensa internacional afirma que Joseph Blatter está na mira da Justiça dos Estados Unidos. Segundo os jornais, as autoridades vão propor um acordo de delação premiada aos dirigentes do futebol que estão presos, para que eles denunciem Blatter.
Dos 14 indiciados na semana passada, seis estão sendo procurados pela Interpol, a pedido da Justiça americana. A organização policial emitiu um alerta internacional para prender e extraditar esses acusados.
Um dos foragidos chegou a ser preso na semana passada em Trinidad e Tobago, mas depois, pagou fiança e foi solto. Ele é Jack Warner, ex-presidente da Concacaf, a federação responsável pelo futebol nas Américas Central, do Norte e Caribe. Um argentino naturalizado brasileiro também está na lista de procurados: o empresário José Lázaro Margulies.
Nesta quarta-feira (3), o ministro dos esportes da África do Sul confirmou que US$ 10 milhões que iriam para a organização da Copa no país foram transferidos para o Caribe em 2008, mas negou que fosse para pagamento de propina. O dinheiro foi entregue a Jack Warner, um dos procurados. O ministro disse que o dinheiro foi para um projeto social que beneficiaria africanos na região. Já os investigadores acham que foi para pagar Jack Warner e outros dois dirigentes da Concacaf por terem votado na África do Sul como sede da Copa de 2010.
Por causa do escândalo de corrupção, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, anunciou, na terça-feira (2), que vai renunciar. Agora, o mundo do futebol espera para saber que rumos a Fifa vai tomar com a saída de um dirigente que há tanto tempo faz parte dela.
Joseph Blatter entrou para a Fifa 40 anos atrás. Ele começou como diretor técnico. Em 1981, foi eleito secretário-geral, o segundo cargo mais alto. Era o braço direito do brasileiro João Havelange, na época presidente da Fifa. Em 1998, ele assumiu o lugar de Havelange.
Sob o comando de Blatter, foram organizadas quatro Copas do Mundo: no Japão e na Coreia, em 2002; na Alemanha, em 2006; na África do Sul, em 2010; e no Brasil, no ano passado. Com 79 anos de vida e 40 de Fifa, ele foi eleito na última semana paro o quinto mandato como presidente. Isso dois dias depois de revelado o escândalo. Blatter assumiu tentando mostrar a mesma força e autoridade de antes, mas não resistiu. A Fifa deve fazer novas eleições para presidente a partir de dezembro e Blatter já anunciou que não vai concorrer.
Repercussão
O anúncio de renúncia de Joseph Blatter está repercutindo na imprensa mundial e até na economia de alguns países. A imprensa britânica foi uma das mais críticas à reeleição de Blatter e sua renúncia ocupou a primeira página inteira de quase todos os jornais, que estão empolgadíssimos com a possibilidade de mudança nas sedes das próximas Copas do Mundo. Elas estão previstas para acontecer na Rússia, em 2018, e no Catar, em 2022. O Guardian menciona essas especulações e o The Times fala em colapso na Copa do Mundo.
O governo russo disse que está acelerando as obras para a Copa e não espera nenhum boicote. Especialistas dizem que será difícil tirar a copa da Rússia, já que faltam apenas três anos. Já no Catar, o risco de uma mudança fez a bolsa de Doha, capital do país, despencar. Investidores temem prejuízos para o Catar.
Também já começou a movimentação dos possíveis substitutos de Joseph Blatter na Fifa. Os favoritos são o presidente da Confederação Europeia, Michel Platini, e o presidente da Federação da Jordânia, príncipe Ali Bin Al Hussein, que perdeu a eleição da última sexta-feira (29) para Blatter, mas conseguiu um de cada três votos. O português Luis Figo, que desistiu de concorrer contra Blatter, disse que ainda vai pensar se volta a ser candidato. O brasileiro Zico também manifestou interesse.
A Federação da Jordânia disse que vai analisar os estatutos da Fifa para verificar se há necessidade de outra eleição ou se o príncipe Ali poderia assumir imediatamente o cargo.