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ImprimirO Inter garante ter uma prova cabal para acionar o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra uma suposta irregularidade na inscrição do zagueiro Victor Ramos, do Vitória. Em documento enviado pelo clube gaúcho ao tribunal na última semana, além de alegar ter novas evidências sobre o caso, o Colorado diz que o clube baiano agiu com "má fé" ao utilizar o jogador em 26 partidas do Brasileirão.
Em um total de 42 páginas, o departamento jurídico colorado apresenta uma cópia do ingresso do Vitória no Transfer Matching System (TMS) da Fifa para registrar o zagueiro, que pertence ao Monterrey, do México, em em processo de transferência internacional que não foi concluído. Ainda assim, o atleta acabou registrado pelo Vitória após o fim de seu empréstimo ao Palmeiras e teve seu nome publicado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF. Ou seja, o Inter alega que o Vitória sabia que se tratava de uma transferência internacional e ainda assim inscreveu o atleta fora do prazo.
– O Vitória conhecia perfeitamente qual era o procedimento correto a ser adotado, tanto que chegou a iniciá-lo (!), tendo conscientemente, dolosamente, de má-fé, decidido não prosseguir por esta via em razão de que isso não satisfaria seus interesses. Portanto, o "iter procedimental" peculiar, anômalo, adotado pelo E.C. Vitória no caso concreto, visava precisamente burlar o prazo estabelecido pelo Regulamento do Campeonato Baiano de 2016 para a inscrição de atletas registrados em virtudes de transferências internacionais – alega o Inter.
Na briga para escapar do rebaixamento, o clube gaúcho pede que o STJD reabra o caso e puna o clube baiano com a perda de pontos nas partidas nas quais Victor Ramos atuou. No momento, a novela jurídica se encontra em espera no STJD. Após o pedido do Inter para anexar documentos ao processo 71/2016, aberto pelo Bahia no começo do ano, a procuradoria solicitou ao Vitória e à CBF que apresentem esclarecimentos sobre o imbróglio. As duas partes têm até quarta-feira para responder à solicitação. A partir daí, a Procuradoria decide se irá denunciar, ou não, o clube baiano.
A queixa do Inter tem a ver com a transferência do defensor para o clube baiano após o término de seu empréstimo ao Palmeiras, que defendeu em 2015. Ramos tem seus direitos ligados ao Monterrey, do México. Ocorre que o atleta estava registrado no TMS da Fifa como jogador do Palmeiras, com contrato ativo com o clube paulista. Tal transação teria sido feita sem seguir os passos recomendados pela entidade numa negociação internacional.
O Vitória, por sua vez, garante que recebeu o ofício do STJD e que irá respondê-lo ainda nesta terça-feira. O clube baiano garante que não há "fato novo" no caso e assegura que a negociação foi nacional. À época, o argumento do Leão foi de que, após o fim do empréstimo de Victor Ramos ao Palmeiras, em dezembro do ano passado, o certificado de transferência internacional (ITC) não saiu do Brasil, assim seria uma negociação nacional. A Federação Baiana de Futebol (FBF) teve a mesma visão sobre o caso e afirmou que a CBF confirmou o caráter da negociação.
Em entrevista recente ao GloboEsporte.com, o diretor de registro e transferência da CBF, Reinaldo Buzzoni, disse que não há irregularidade no registro de Victor Ramos. Buzzoni reconhece que o procedimento não foi o correto, mas afirma a irregularidade existiria se tivesse falta do ITC (o certificado internacional de transferência), o que não aconteceu, já que se tratou de uma transferência nacional. Para ele, o STJD não deve nem aceitar a denúncia do Inter.