Globo Esporte/LD
ImprimirApós a disputa da repescagem (round 2), a organização da etapa do Circuito Mundial de surfe decidiu aproveitar as boas ondas em Tavarua, nas Ilhas Fiji, na madrugada deste domingo para segunda-feira, e optou por dar prosseguimento ao torneio iniciando o decisivo round 3, onde os derrotados são eliminados da briga pelo título, e indo até a quarta bateria. Quatro brasileiros caíram no mar. O primeiro deles se deu bem. Foi Ian Gouveia, que derrotou Owen Wright. O segundo não teve a mesma sorte. Miguel Pupo caiu diante de um intenso Matt Wilkinson. Gabriel Medina e Italo Ferreira mediram forças numa bateria brasuca, e o potiguar levou a melhor em disputa duríssima, passando para o quarto round. O final, aliás, foi tenso, já que o campeão mundial de 2014 conseguiu uma bela onda, mas a nota não foi suficiente para pegar a dianteira, e foi Italo quem festejou no fim das contas.
- Isso foi incrível, muita expectativa e ainda bem que consegui vencer. É sempre difícil enfrentar o Gabriel (Medina), porque ele é um competidor muito forte. Estou muito feliz por estar aqui competindo novamente, surfando bem, sem pressão e pegando bons tubos. Eu só tenho que agradecer a Deus, minha família, minha namorada e todos os meus amigos que sempre estão me apoiando. Estou procurando apenas me divertir pegando boas ondas neste lugar incrível - comemorou Italo.
A WSL vai fazer uma nova chamada nesta segunda-feira, às 16h (de Brasília) - você acompanha tudo ao vivo e em Tempo Real - e a expectativa é de continuar com o round 3, que ainda terá oito baterias, sendo duas com brasileiros. Wiggolly Dantas pega Sebastian Zietz na 11ª, e Adriano de Souza, o Mineirinho, fará a 12ª contra Stuart Kennedy. Quem avançar nessas baterias vai à quarta fase, que, diferentemente da terceira, não elimina. Serão baterias com três atletas. O melhor vai ao sexto round, e os dois outros fazem o quinto, esse sim, de mata-mata.
Como foram as baterias?
Owen Wright começou muito bem, com manobras muito potentes, levantando muita água. Ele recebeu nota 6.33 logo de cara. Mas Ian Gouveia respondeu na sequência. Ele conseguiu se manter num tubo longo e ganhou 8.33. O brasileiro teve a prioridade, mas deixou passar, e o australiano pegou a onda, assumindo a dianteira ao ganhar 5.87 e assume a liderança. Pela segunda vez, o pernambucano não usou a prioridade e viu seu rival na descida. Ele forçou um tubo se agachando muito e perdeu o equilíbrio no fim.
- Estou supercontente por finalmente passar da terceira fase pela primeira vez. É um sentimento incrível estar aqui em Fiji competindo e vencer o Owen (Wright) pegando bons tubos na bateria. Ele é um dos melhores surfistas nessas ondas aqui e eu sabia que teria que fazer algo diferente pra vencer. Eu consegui começar bem a bateria, isso certamente me deu confiança e estou muito feliz - disse Ian Gouveia, um dos estreantes na elite do CT esse ano.
O revide veio na prioridade de Wright, quando o brasuca deu uma belíssima rasgada e aproveitou um tubo, recebendo nota 7.33 e ficando em ótima situação na liderança, com 15.66. A 30 segundos do fim, o estrangeiro pegou um bom tubo e emendou uma série de rasgadas. Os jurados deram 8.93. Foi a maior nota da bateria, mas não o suficiente para virar. A vaga foi para Ian Gouveia, e Wright saiu com a perna machucada por causa dos corais com somatório de 15.26 em uma das baterias mais disputadas da etapa de Fiji até agora.
Depois de Ian Gouveia, Miguel Pupo entrou na água para a terceira bateria. Seu rival era o fortíssimo Matt Wilkinson, que começou liderando com folga e chegou a 14.73 no somatório (7.40 7.33) contra 3.50 do brasileiro, com apenas uma onda computada. Faltando 18 minutos para o fim da bateria, o esportista da Austrália seguia administrando a dianteira. O brasuca conseguiu uma segunda onda, mas seguiu em combinação, precisando de 14.74 para virar. Matt complicou a vida de Pupo ainda mais, recebendo um 8.07 e chegando a 15.47. Depois, ele ampliou a frente com um 8.77. E parecia querer mais, remando muito e buscando outras oportunidades. Dessa forma, ele saiu vitorioso com 16.84 contra 5.67 do brasileiro.
Na última bateria disputada no dia, já no fim de tarde nas Ilhas Fiji e com pouca luminosidade, Italo largou muito bem. Ele pegou um tubaço e recebeu nota 7.83 dos jurados. Dessa forma, ele começou liderando com 8.20 na soma, enquanto Medina seguia zerado passados seis minutos de bateria. Com mais um 1.57, o potiguar chegou a 7.83. Gabriel só conseguiu pontuar faltando 23 minutos para o término, e foi a melhor da bateria até então, um 8.10, ainda não suficiente para pegar a dianteira.
Italo Ferreira mostrou então muita força nas pernas. Ele saiu na marra de um tubo, ficou sumido em meio a tanta espuma, mas reapareceu se equilibrando mesmo com dificuldade. Ele saiu sorrindo. A nota, no entanto, não refletiu o esforço. Recebeu apenas 3.27 dos juízes. A bateria então começou a pegar fogo. Onda atrás de onda, os brasileiros iam brigando. Na prioridade do rival, o potiguar conseguiu aumentar seu somatório e abrir ótima vantagem diante do campeão mundial de 2014 com um 8.00. Gabriel então se arriscou, pegando um tubo que, se não foi tão longo, foi muito bem executado, e valeu 6.17.
Faltando alguns segundo, Medina entrou na última onda e se esforçou muito. Acabou conseguindo um tubo excelente, subiu para o floater e ainda deu uma rasgada bonita, saindo bem e comemorando. Foram momentos de ansiedade, já que os juízes demoraram a soltar a nota. Mas, no fim das contas, o campeão mundial de 2014 não conseguiu pegar a dianteira pois os 7.37 não foram suficientes para desbancar o potiguar. A comemoração de Italo Ferreira foi intensa ao saber que havia despachado o campeão de Fiji do ano passado.
Confira os resultados do round 3:
Round 3: Bateria 1: Owen Wright (AUS) 15.26 x Ian Gouveia (BRA) 15.66 Bateria 2: Julian Wilson (AUS) 15.06 x Frederico Morais (PRT) 10.20 Bateria 3: Matt Wilkinson (AUS) 16.84 x Miguel Pupo (BRA) 5.67 Bateria 4: Gabriel Medina (BRA) 15.47 x Italo Ferreira (BRA) 15.83 Bateria 5: Mick Fanning (AUS) x Michel Bourez (PYF) Bateria 6: John John Florence (HAW) x Leonardo Fioravanti (ITA) Bateria 7: Jordy Smith (ZAF) x Joan Duru (FRA) Bateria 8: Kelly Slater (EUA) x Connor O'Leary (AUS) Bateria 9: Joel Parkinson (AUS) x Jeremy Flores (FRA) Bateria 10: Kolohe Andino (USA) x Bede Durbidge (AUS) Bateria 11: Sebastian Zeitz (HAV) x Wiggolly Dantas (BRA) Bateria 12: Adriano de Souza (BRA) x Stuart Kennedy (AUS)