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ImprimirUma novela que se arrasta desde fevereiro chegará ao fim nesta sexta-feira. A partir das 10h (de Brasília), no Rio de Janeiro, o Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julgará o “caso Ba-Vi”. Nove auditores avaliarão dois temas distintos relacionados ao primeiro clássico da temporada. Um deles aborda a confusão que marcou o jogo no Barradão, com socos desferidos por atletas dos dois times. O outro tem como foco o encerramento antecipado da partida, que foi finalizada aos 34 minutos do segundo tempo, com o Vitória em número insuficiente de atletas para seguir em campo após ter cinco expulsos. Por W.O., o Bahia foi declarado vencedor do confronto pelo placar de 3 a 0.
O caso chegou ao STJD após dois julgamentos realizados em âmbito estadual. Nove dias após o clássico, a 1ª Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva da Bahia (TJD-BA) avaliou os acontecimentos do Ba-Vi. Kanu, do Vitória, foi punido com dez jogos de gancho no estadual por agredir o meia Vinícius, do Bahia. Os rubro-negros Yago, Denilson, Rhayner, e os tricolores Edson e Rodrigo Becão pegaram oito jogos de suspensão também por agressões cometidas durante a confusão.
Acusado de provocar torcedores rivais ao comemorar o gol, Vinícius foi condenado a dois jogos de suspensão. Vagner Mancini, Ramon, Bruno Bispo, André Lima e Mário Silva foram absolvidos da acusação de terem provocado intencionalmente o fim antecipado da partida, enquanto o Vitória recebeu uma multa de R$ 100 mil pelo encerramento antecipado do clássico.
No dia 9 de março, as punições foram revisadas pelo Pleno do TJD-BA. Na ocasião, foram julgados os recursos de Bahia, Vitória e Procuradoria. A pena de Kanu foi elevada de 10 para 11 jogos de suspensão no Campeonato Baiano. O zagueiro também foi multado em R$ 75 mil e condenado a cumprir 90 dias fora de partidas oficiais por ameaças proferidas durante o clássico. Yago, Denilson, Rhayner, Edson e Rodrigo Becão tiveram as penas de oito jogos mantidas. Vagner Mancini, que havia saído ileso do primeiro julgamento, pegou cinco jogos de gancho. Os auditores absolveram Ramon e Bruno Bispo, por considerarem que os dois apenas cumpriram ordens do técnico. A multa de R$ 100 mil ao Rubro-Negro permaneceu vigente, e houve somente um voto - entre oito - pela exclusão e rebaixamento do Vitória no Campeonato Baiano.
Irritado com a punição, o treinador rubro-negro deixou o auditório do TJD-BA antes do fim do julgamento, acompanhado de dirigentes do Vitória. Desde o Ba-Vi, ele mantinha a versão de que não havia orientado o zagueiro Bruno Bispo a receber o segundo cartão amarelo para encerrar o jogo antes do previsto, com o time sem atletas em número suficiente para seguir em campo. A pedido da TV Bahia, um especialista em leitura labial analisou a cena da conversa entre o treinador e Ramon e afirmou que Mancini autorizou Bruno Bispo a ser expulso. Aceito como terceiro interessado no processo pelo Pleno do TJD-BA, o Bahia exibiu um laudo pericial feito por uma empresa especializada para comprovar a frase dita pelo técnico.
Com as suspensões impostas pelo Pleno do TJD-BA, o Vitória passou a reivindicar um efeito suspensivo ao STJD, o que liberaria os jogadores punidos para atuar na fase final do Campeonato Baiano. No dia 22 de março, o auditor Mauro Marcelo de Lima e Silva, relator do caso no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, suspendeu as multas impostas à Kanu e Vitória, mas manteve os ganchos dos jogadores.
- Portanto, sem adentrar ao mérito do recurso o caso é de extrema gravidade, com cenas lamentáveis que repercutiram por todo o País, não sendo admissível, nesse caso concreto, que os atores envolvidos nessa vergonhosa conduta de violência e ameaça praticada além de artificial manobra para o encerramento antecipado da partida, desfilem nos gramados da final do Campeonato, gozando das benesses do Efeito Suspensivo e assim, zombando da Justiça Desportiva – disse o relator na decisão.
O Vitória soltou nota na qual criticou a decisão do relator e tentou um mandado de garantia com o presidente do STJD, Ronaldo Piacente, além de solicitar uma reconsideração do efeito suspensivo. No último sábado, os dois instrumentos foram negados e os jogadores suspensos não atuaram na primeira partida da final do Campeonato Baiano, que foi vencida pelo Bahia por 2 a 1, na Arena Fonte Nova.
Kanu, Yago, Denilson, Rhayner, Edson e Rodrigo Becão cumpriram, até o momento, cinco jogos de suspensão. Neste caso, se a pena for revisada em pelo menos seis partidas de gancho pelo STJD, os atletas estarão fora da decisão do estadual, marcada para domingo, no Barradão. O técnico Vagner Mancini cumpriu apenas dois jogos de suspensão, as duas partidas contra o Bahia de Feira, pelas semifinais do Campeonato Baiano.