Globo Esporte/LD
ImprimirFirmeza quando exigido, boa participação com a bola nos pés e milagres diante do Corinthians. Foi assim que César convenceu Dorival Júnior de que merecia ser titular do Flamengo.
A decisão, que desencadeou a polêmica ausência de Diego Alves da viagem para Curitiba e da partida contra o Paraná, abriu as portas para um goleiro que, aos 26 anos, tem nova chance de mudar de patamar no clube que o revelou.
Nos profissionais desde 2011, quando foi um dos destaques do título da Copa São Paulo e fez parte do elenco campeão mundial sub-20, César luta para justificar um rótulo de promessa que nem a idade o permite mais utilizar.
Com somente 40 jogos pelo Flamengo (34 oficiais), o goleiro pela primeira vez se vê dono da posição e será colocado à prova na "decisão" contra o Palmeiras, sábado no Maracanã.
Números de César no Brasileirão
-6 jogos
-4 jogos sem sofrer gols
-8 defesas difíceis
-12 defesas normais
O respaldo de Dorival Junior é até surpreendente para quem tinha dois jogos e seis gols sofridos no Brasileirão até a chegada do treinador. Desde então, são 360 minutos em branco, que coincidiram com a subida de produção da equipe.
Neste período, o jogo em que César foi mais exigido foi, de longe, contra o Corinthians na Arena. Após erro de Willian Arão na saída de bola, ele evitou que os donos da casa saíssem na frente com defesas à queima roupa em finalizações de Mateus Vital e Douglas, mantendo aberto o caminho para vitória por 3 a 0.
Números de César pelo Flamengo
-34 jogos oficiais
-34 gols sofridos
No empate com o Bahia, tinham sido três intervenções, mas nenhum considerada difícil, em roteiro similar ao Fla-Flu. No clássico, foram seis defesas, mas apenas uma com maior grau de exigência: em cabeçada de Ayrton Lucas, no segundo tempo.
A firmeza e simplicidade sempre que exigido, porém, conquistaram Dorival Junior para a confirmação da condição de titular no duelo contra o lanterna Paraná. No Durival Britto, o domínio rubro-negro foi tanto que César praticamente atuou como um líbero, na entrada da área e movimentando-se mais para evitar o frio do que para fazer defesas.
Na goleada por 4 a 0, César teve a bola em seu domínio por 51 segundos, acertou cinco dos seis passes efetuados e defendeu apenas chute de fora da área de Rafael Grampola já na reta final da partida.
- Meu foco é totalmente aqui, sou funcionário do clube. O treinador me escolheu para jogar, fiz o meu melhor e vou continuar fazendo enquanto essa for a decisão dele e vou respeitar - disse ao desembarcar no Rio em meio à polêmica.
Euforia, empréstimos e renascimento
A preocupação com a discrição faz sentido para quem acostumou-se com a montanha russa no Flamengo. O destaque na Copinha não o garantiu oportunidades imediatas e foi necessário esperar duas temporadas inteiras até a estreia, diante do Cruzeiro, no último jogo de 2013.
Apesar da boa atuação, foi necessário ter paciência por mais um ano até voltar a jogar, novamente na última rodada do Brasileirão, diante do Grêmio, em 2014. O ano seguinte, por sua vez, reservaria mais oportunidades, mas por pouco não sepultou a história de César no Flamengo.
Das 18 partidas, 14 foram entre junho e agosto, substituindo um lesionado Paulo Victor. Dessas, o Flamengo perdeu sete e o rótulo de promessa passou a dar lugar ao de questionado, resultando em empréstimos a Ponte Preta e Ferroviária de Araraquara nos anos seguintes. Em ambos, sequer atuou.
César era praticamente carta fora do baralho, quarta opção, quando viu a má fase de Muralha e Thiago - além de lesão de Diego Alves - jogar em seu colo a chance de ser alçado a salvador da pátria nas finais da Sul-Americana. A defesa de pênalti contra o Junior Barranquilla logo no primeiro jogo, pela semifinal, mudou o cenário dentro do clube.
O contrato foi renovado por quatro anos em maio, até abril de 2022. Em 2018, são 10 partidas (quatro no Carioca e seis no Brasileirão), e a maior chance da carreira. Pela primeira vez, César realmente é a primeira opção de um treinador.
E se a decisão já deu pano para manga, o goleiro se esquiva das polêmicas e foca em não deixar passar nem os ataques adversários, nem a oportunidade.