Globo Esporte/LD
ImprimirO resultado desastroso em Cingapura, há uma semana, adiou a vitória que deixaria Lewis Hamilton com o mesmo número de triunfos de Ayrton Senna na Fórmula 1. Mas o inglês não estava disposto a desperdiçar uma nova chance de igualar a importante marca de seu grande ídolo. Neste domingo, o atual campeão deu o bote na largada, desbancou o companheiro Nico Rosberg, pole position, e venceu de forma implacável o GP do Japão, alcançando, enfim, sua 41ª vitória na principal categoria do automobilismo mundial. O local não poderia ser mais apropriado: o circuito de Suzuka, palco dos três títulos de Senna. De quebra, Hamilton ampliou sua vantagem sobre o companheiro Nico Rosberg, segundo colocado, de 41 para 48 pontos. O pódio foi completado por Sebastian Vettel, da Ferrari.
- Para mim, estar aqui e disputar uma corrida onde eu costumava ver Ayrton Senna pilotar, e igualar o seu número de vitórias, é algo que parece inacreditável neste momento - comemorou.
O domingo foi difícil para os pilotos brasileiros. Felipe Massa se envolveu em um toque com a RBR de Daniel Ricciardo ainda na largada e precisou voltar aos boxes para trocar um pneu furado. O incidente fez com que o brasileiro voltasse para o fim do grid e terminasse em 17º, à frente apenas dos pilotos da nanica Manor. Apesar de um início de corrida inspirador, quando chegou a ocupar a 11ª posição, Felipe Nasr teve ainda mais azar que o xará da Williams e pediu para abandonar a corrida a três voltas do final, por causa da perda brusca de desempenho em sua Sauber.
Hamilton chega agora aos 277 pontos, enquanto o companheiro Rosberg tem 229 e Vettel soma 218. Bem distante, Raikkonen é o quarto colocado, com 119 pontos. Com o saldo desastroso no Japão, a situação de Massa no campeonato só não se agrava por causa do igualmente negativo resultado de Ricciardo, 15º colocado. O brasileiro, que havia abandonado em Cingapura, se mantém no sexto lugar do Mundial de Pilotos, com 97 pontos, enquanto o australiano da RBR, sétimo do ranking, tem 73. Nasr, por sua vez, segue como 13º, com 17 pontos. A Fórmula 1 parte agora para a Rússia, que recebe a 15ª etapa da temporada no circuito de Sochi, no dia 11 de outubro.
A corrida
Nico Rosberg desperdiçou a vantagem de ser o pole position logo na largada. O alemão perdeu a liderança para o companheiro Lewis Hamilton e, ainda na primeira volta, foi ultrapassado também pela Ferrari de Sebastian Vettel e a Williams de Valtteri Bottas. O início da corrida foi marcado por um toque entre Daniel Ricciardo e Felipe Massa, que acabou prejudicando a prova de ambos. Após se chocar levemente com a RBR do australiano, o piloto brasileiro escapou da pista, mas conseguiu voltar. Na confusão, o mexicano Sergio Pérez também saiu do traçado e foi com a Force India direto para a brita.
Como resultado do incidente, Massa e Ricciardo tiveram pneus furados e se dirigiram com dificuldade para os boxes. Os dois voltaram para a pista, mas no fundo do pelotão e sem condições de acompanhar os pilotos mais rápidos. O azar de Massa contrastou com o excelente início de corrida do xará Felipe Nasr, que largou em 16º e já na primeira volta era o 13º. O piloto da Sauber começou a ser perseguido pela STR de Max Verstappen, que, mesmo com um carro superior, não conseguia ultrapassá-lo. Antes de ir para os boxes para sua primeira parada, na volta 11, Nasr passou o companheiro Marcus Ericsson, confirmando seu bom ritmo em Suzuka.
Rosberg assumiu a segunda posição quando Vettel e Bottas foram aos boxes, mas os pilotos da Ferrari e da Williams logo retomaram suas posições de fato. Após sua primeira parada, Hamilton conseguiu voltar à frente do tetracampeão mundial, aproveitando a vantagem acumulada durante as 16 primeiras voltas. Enquanto isso, Rosberg pressionou Bottas e impôs uma ultrapassagem ao finlandês, que entrou na mira do conterrâneo Kimi Raikkonen. A essa altura, o destaque da corrida era o russo Daniil Kvyat, que largou dos boxes após sofrer um forte acidente no treino classificatório e já aparecia na 11º posição, brigando por uma vaga na zona de pontuação.
Em grande desvantagem por causa do incidente com Massa na largada, Ricciardo tentava descontar o prejuízo e era o 17º, após ultrapassar as duas Manor, enquanto o brasileiro da Williams ainda ocupava a última posição. A situação de Bottas, embora muito mais confortável que a do companheiro, foi dificultada pela pressão constante da Ferrari de Raikkonen, de olho no quarto lugar. Perseguição semelhante à imposta por Verstappen ao espanhol Fernando Alonso, que tentava ignorar as limitações da McLaren-Honda para se manter em 10º, apesar da superioridade incontestável da STR.
Após sua primeira parada, Nasr perdeu ritmo com os pneus duros e foi ultrapassado por Pérez, caindo para 15º, enquanto o companheiro Ericsson, com compostos macios, era o 13º. Dono de um estilo arrojado, Verstappen finalmente conseguiu passar Alonso na volta 27, que reclamou pelo rádio de seu "motor de GP2" (vídeo). Enquanto isso, Raikkonen ainda sofria para desbancar a Williams de Bottas. O “Homem de Gelo” não conseguiu a ultrapassagem e optou por ir aos boxes para fazer sua segunda parada. Sem se preocupar com ameaças de seus adversários, o líder Hamilton sustentava mais de 13 segundos de vantagem sobre Vettel, que, por sua vez, tinha cerca de 2 segundos em relação a Rosberg.
Rosberg optou por fazer seu segundo pit stop antes de Vettel, e a estratégia deu certo. O alemão da Mercedes ganhou a segunda posição enquanto o conterrâneo da Ferrari saía do pit lane (vídeo). Em poucas voltas, a vantagem de Nico sobre o tetracampeão já era de quase 2 segundos, confirmando a superioridade da Mercedes na pista japonesa. Quem também se deu bem com a parada para troca de pneus e o reabastecimento foi Raikkonen, que conseguiu desbancar Bottas e assumiu a quarta posição, logo atrás do companheiro alemão. Nasr, que também foi para os boxes, não conseguiu recuperar o ritmo com os novos pneus médios e caiu para 17º, superado pela RBR de Ricciardo.
Com as primeiras posições consolidadas, a disputa se concentrou fora da zona de pontuação. Ericsson desbancou Pérez para ser 12º, mas passou a ser atacado incessantemente pelo mexicano da Force India. Kvyat, que fez um bom início de corrida, reclamava de falha nos freios e era o 14º. Com o rendimento do carro comprometido, Nasr era apenas o 17º, cerca de 80 segundos à frente de Massa, o 18º. No final do pelotão, o americano Alexander Rossi, disputando apenas sua segunda etapa na F-1, rodou na pista e quase acertou o companheiro Stevens.
Verstappen passou o companheiro Sainz pelo nono lugar e, com quatro voltas para o fim da corrida, Pérez conseguiu dar o troco e recuperou a posição perdida para Ericsson. O sueco, também perdendo ritmo, permitiu a ultrapassagem de Kvyat, agora o 13º, e se tornou o único piloto da Sauber quando Nasr optou por abandonar, na volta 52. A essa altura, Hamilton acelerava de forma tranquila rumo à bandeirada quadriculada. Rosberg, em 2º, propiciou a oitava dobradinha da Mercedes no ano, enquanto Vettel chegou em terceiro - esta foi a sétima vez que os três pilotos subiram juntos ao pódio em 2015. Massa terminou apenas em 17º, a duas voltas do vencedor.