Globo Esporte/LD
ImprimirEnquanto a Chapecoense trabalha intensivamente na reconstrução do grupo para a disputa das competições profissionais, a equipe sub-20 se prepara para a disputa da Copa São Paulo de Futebol Júnior. A delegação viaja neste domingo para Porto Feliz, em São Paulo, cidade-sede do Grupo 14.
Será a primeira vez que a Chape entra em campo após o acidente aéreo que deixou 71 vítimas em novembro. O Diretor das categorias de base do Verdão catarinense, Cezar Dal Piva, trata como natural o aumento da pressão em cima dos jovens atletas, mas não crê que o fator não irá interferir no desempenho do time.
- É natural que os holofotes estejam na Chape por ser a primeira competição oficial após o acidente, mas a reação a isso vai depender de cada jogador e do grupo. Estes atleta já disputaram finais de campeonato, então é um grupo experiente, apesar da pouca idade - explica.
A equipe começou a preparação no dia 14 de dezembro e a estreia na competição está marcada para a próxima terça-feira, dia 3, contra o Nova Iguaçu - RJ. A chave da Chape ainda tem Desportivo Brasil - SP e Sampaio Corrêa - MA.
O clube irá disputar a Copa São Paulo pela terceira vez. Nas edições anteriores, o time não passou da primeira fase.
- Eles fazem parte da reconstrução do clube. Então eles têm que ter a frieza para focar no trabalho deles. O Nova Iguaçu e o Desportivo Brasil são clubes formadores e sempre disputam vagas com os grandes de seus estados, mas acredito que temos condições de passar de fase - avalia Emerson Cris, técnico da equipe.
O grupo viaja com 20 atletas, a maioria com idade para disputar as próximas edições da Copa São Paulo. É o caso do volante Ronei, de 18 anos. Se as regras da competição não mudarem no próximo ano, o jogador terá a oportunidade de participar da disputa novamente. Ronei já esteve no grupo da Chapecoense que disputou a Copinha em 2016, mas não chegou a entrar em campo.
- É uma responsabilidade a mais por ter os holofotes virados para nós, mas a cabeça está boa. Fizemos acompanhamento psicológico com a psicóloga do clube e estamos preparados para a Copa São Paulo - afirma o jovem atleta.
Outro atleta que embarca neste domingo para São Paulo é o meia Lima, considerado umas das jóias das categorias de base do clube. O jogador irá disputar sua segunda Copinha. No ano passado o atleta foi titular em uma das partidas e entrou no decorrer de outras duas. Detalhe: Lima ainda tem 17 anos.
- Eu me sinto bem, mesmo com pouca idade tenho objetivos grandes para mim. Quero ajudar o grupo, porque quando o grupo vai bem o individual aparece - revela Lima.
Atletas vão integrar time profissional
O grupo que disputará a Copinha não irá contar com quatro atletas que se irão se apresentar com o elenco profissional no próximo dia 6. Gabriel, lateral direito, Hiago e Guarapuava, zagueiros, e Perotti, atacante. De acordo com Dal Piva, porém, outros atletas devem integrar o grupo profissional quando retornarem da competição.
Acompanhamento psicológico
Muitos atletas das categorias de base tinham os jogadores que morreram no acidente aéreo como referência. As atitudes dos profissionais eram vistas, avaliadas e muitas vezes seguidas pelos jovens jogadores.
Tiepo, goleiro da equipe sub-20, chegou a treinar com o time profissional no ano de 2016. Ele conta que o bate bola com os goleiros Danilo, Follmann e Nivaldo eram comuns no Centro de Treinamento do clube. A experiência de Anderson Boião, preparador de goleiros morto no acidente, também contribuiu para o jovem arqueiro.
- Foi um baque, não tenho palavras para explicar. A relação entre os goleiros era muito próxima, pois treinávamos em separado - conta Tiepo.
As consequências emocionais para os jovens atletas receberam atenção da Diretoria de Categorias de Base. O grupo passou por atendimento com uma psicóloga e uma assistente social. Os atendimentos aconteceram de maneira individual e também coletiva.
- O aspecto emocional pode influenciar, mas a parte técnica tem que se sobressair. Quando a bola rolar eles vão mostrar que estão preparados - Cezar Dal Piva