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ImprimirO corintiano que desejou títulos ao pular sete ondas no Réveillon chega neste texto esperançoso por projeções otimistas para o ano que se inicia. As perspectivas, porém, são módicas.
Após um 2016 em branco, com desmanche do time hexacampeão, saída de Tite para a Seleção, crise técnica e política e problemas na Arena, 2017 começa como incógnita. Será possível voltar a ser competitivo? Será possível fazer frente aos rivais e conquistar ao menos um título?
O 2017 DENTRO DE CAMPO
Efetivado após a fracassada busca por um treinador para substituir Oswaldo de Oliveira, Fábio Carille será o responsável por comandar uma equipe em reconstrução. Aos 43 anos, deixou boa impressão no curto período em que comandou o time interinamente no ano passado. Estudioso, seguidor das ideias de Tite e conhecedor do elenco, pode dar certo. Mas, para isso, precisará de tempo. Isso significa que a torcida que vaiou o time em 2016 terá de ser mais paciente.
Diante da redução de gastos adotada pelo presidente Roberto de Andrade, Carille receberá reforços apenas pontuais: nomes com rodagem no futebol, mas possivelmente sem status de "estrela". Jô, de 29 anos, e o turco Kazim, 30, serão as "novas" apostas no ataque. A tendência é que mais reforços cheguem: dois zagueiros, dois volantes, um meia e um atacante.
A busca por defensores se dá por uma das necessidades diagnosticadas. Forte defensivamente nos últimos anos devido ao estilo implantado por Tite e Mano Menezes, o Timão virou uma peneira na última temporada - levou 42 no Brasileirão, enquanto o até o rebaixado Inter sofreu 41, por exemplo. Especialista neste tipo de treinos, o ex-zagueiro Fábio Carille promete resolver a questão. Mas dependerá, primeiramente, de material humano.
Após se reapresentar no dia 11, o Corinthians viaja para o Torneio da Flórida no dia 15, onde disputará jogos nos dias 18 e 21. O São Paulo, que participa do mesmo torneio, pode ser adversário. Fora da Taça Liberadores e com novos treinadores, os rivais se reencontrarão pela primeira vez desde a humilhante derrota por 4 a 0 sofrida em novembro, no Morumbi. Frente aos grandes rivais, o Timão ficou atrás nos clássicos: seis derrotas, duas vitórias e um empate. Não há garantia de melhora.
Janeiro chega com incertezas também em relação a quem já está no elenco. Marlone, um dos poucos destaques do time na temporada passada, tem proposta do Atlético-MG e pode sair. Rodriguinho, outro que conseguiu brilhar, tem sondagens da China e sonha com a Europa. Há sondagens ainda por Balbuena, Guilherme Arana, Lucca, Marquinhos Gabriel. Ficam? Saem?
Com estreia prevista para 5 de fevereiro, contra o São Bento, o Corinthians deve se apegar ao Paulistão como prioridade. Após a carência de títulos de 2016, o torneio "mais fácil" pode ser um bom caminho para uma retomada técnica e psicológica. Atrás de Palmeiras e Santos em elenco, o Timão pode se aproveitar da atenção dividida dos rivais com a Libertadores para triunfar. Brigar pelo título no primeiro semestre, certamente, dará ânimo para o restante do ano.
Maior campeão paulista (27 títulos), o Corinthians comemora 40 anos do fim da fila em 2017. Voltar às suas origens e brigar pelo título estadual poderá ser uma alegria para o corintiano.
O 2017 FORA DE CAMPO
O noticiário alvinegro não se limitará a gols e contratações neste ano. Ameaçado de impeachment pelo Conselho Deliberativo, o presidente Roberto de Andrade enfrenta enorme oposição dentro do clube em seu último ano de mandato. Com eleições marcadas para fevereiro de 2018, os bastidores tendem a ferver.
Com imagem arranhada por conta de vazamentos e problemas de segurança em 2016, a Arena vive fase de auditoria para que se levante o real gasto da Odebrecht na construção do estádio.
Além disso, o clube negocia com a Caixa Econômica Federal para alterar condições do financiamento. Com dificuldades para pagar as parcelas de R$ 5,7 milhões mensais, o Timão propôs a redução do valor da dívida, aumento do prazo de pagamento e maior autonomia na administração do estádio. O novo prazo de pagamento será de 20 anos. O vencimento atual era em 2028.
Deputado federal pelo PT-SP e ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) desde novembro, na Operação Lava Jato. A suspeita é pelo crime de corrupção passiva. O dirigente diz que, se houve alguma irregularidade, "o clube é vítima".