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ImprimirUma seleção "boa para jogar", em que "ninguém é melhor que ninguém". Foi assim que Pelé definiu o atual combinado brasileiro comandado por Tite, que já embalou seis vitórias consecutivas. No início da tarde desta quinta-feira, o Rei do Futebol esteve em Curitiba para uma entrevista coletiva. A visita à capital paranaense inclui uma série de palestras em órgãos públicos e a divulgação de um curso privado de Educação Física.
– Essa seleção está boa para jogar, hein? Até falei sobre esses jogos que o Tite fez. A seleção vem progredindo muito. Tínhamos preocupação, porque o Dunga teve muito trabalho. O Tite conseguiu organizar um time que está dando confiança. O mais importante nesse time é que os jogadores estão se respeitando. Não tem cobrança entre quem é o melhor. Tem o time que está bem armado. O Tite conseguiu botar uma equipe em que ninguém é melhor que ninguém. Acho que, neste ponto, o Neymar entendeu isso. Fico feliz porque ele é nossa cria do Santos e tomara que continue assim. O que é importante hoje na seleção brasileira é que não tem um cobra. São todos mais ou menos iguais. Esse está sendo o trabalho importante do Tite. Neste último jogo, o Neymar não foi tão bem, mas ganhou porque está jogando como um time.
A sequência da seleção de Tite, de seis vitórias nas eliminatórias, é a mesma que a seleção de Pelé alcançou na preparação para a Copa do Mundo de 70. Ele prefere evitar comparações entre os times, mas não deixa de dar um pitaco positivo sobre a atual formação.
– Não é um momento para comparar com o time da Copa de 70, mas uma coisa semelhante é que jogamos sem centroavante fixo. Esse time do Tite também não tem centroavante fixo. Hoje, estamos com um time bem maleável e isso é uma coisa boa. Acho que estamos no caminho certo – avalia.
Pelé fez questão de lembrar a última conversa que teve com o técnico da seleção brasileira, no ano passado, quando Tite ainda comandava o Corinthians. Ele ressaltou a coragem do atual comandante da seleção, que deixou o banco acadêmico da educação física para ficar na beira dos gramados.
– No ano passado, conversamos e eu falei para o Tite: “poxa, você é professor, continua professor, mas teve coragem para dar continuidade”. De professor para ser treinador de time profissional, foi em frente. Eu, por exemplo, não tive coragem de ser treinador de time nenhum. O time pode estar jogando bem, mas o técnico é sempre o culpado, então tem que ter coragem para isso – admira Pelé.
Ainda na agenda em Curitiba, na noite desta quinta-feira, Pelé tem um encontro marcado com o juiz federal Sérgio Moro, na Escola de Magistratura do Paraná. O Rei do Futebol já tem, na ponta da língua, o recado que vai deixar para o magistrado da Operação Lava-Jato.
– Eu sou um homem de Três Corações, Minas Gerais, e, pelo que ele (Moro) está passando, acho que também ele é um homem de três corações. Espero que ele tenha condições físicas de continuar. E vou agradecer a oportunidade que ele está me dando pela conversa.
Veja outras declarações de Pelé na entrevista:
7 a 1
Nós tivemos essa dificuldade de aceitar a última Copa. Para quem viaja o mundo todo, você sabe que é bem doído. Como estive na Alemanha e na China recentemente, todo mundo falava: como que o Brasil tomou 7 da Alemanha? Imagina para mim, ter que explicar isso? O Neymar não era o jogador que ia resolver os problemas. Ele ainda estava sendo formado, não era um grande jogador. Essa responsabilidade, de resolver as coisas, não é justa com o Neymar. Ele não estava pronto para fazer o Brasil ganhar.
Saúde
Estava até no Santos fazendo fisioterapia, um mês e meio atrás, e torci o joelho da perna boa. Era a perna que sustentava a perna operada. Falei: ainda bem que não tem jogo esta semana! Das cirurgias importantes, eu já estou quase recuperado. Por isso que atrasou e por isso que estão me vendo de chuteira nova (em referência ao andador que usa no momento). Muitas pessoas estavam preocupadas porque eu viajei muito de bengala, mas a minha saúde graças a Deus está bem.