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ImprimirRafinha estava convocado para disputar a última Copa América e em seguida a Olimpíada, mas as lesões voltaram a atormentá-lo. Acabou cortado da primeira competição e por muito pouco não teve o mesmo fim na segunda. Com muito trabalho de recuperação, o meio-campista do Barcelona superou as expectativas e conseguiu se colocar à disposição de Rogério Micale para participar da conquista da inédita medalha de ouro em casa. Apesar do orgulho pelo título, ele guarda uma frustração: sabe que não rendeu o esperado.
- Para mim eu joguei muito mal a Olimpíada, não tenho problema em dizer. Eu estava fisicamente mal. Não é desculpa, mas realmente joguei mal. Não estive no nível que posso dar - disse o jogador, que seria titular no time de Micale e acabou sendo reserva.
Rafinha deixou os problemas no tornozelo e na coxa para trás e vive bom momento no Barcelona. Tem ganhado oportunidades do técnico Luis Enrique neste início de temporada e vem correspondendo, com direito a um novo faro goleador. No Campeonato Espanhol, por exemplo, foram quatro gols marcados em cinco jogos. Nesta entrevista ao GloboEsporte.com, o camisa 12 do Barça falou do sonho de ganhar uma chance na seleção brasileira de Tite, entre outros assuntos. Também comentou o recente episódio em que o amigo Neymar se irritou com ele durante uma partida e lhe deu um tapa na mão. Segundo Rafinha, foi "besteira de jogo".
- Não tem nem o que pedir desculpa de uma coisa assim. Pra gente não foi nem sério. Lógico que na televisão parece essas coisas, mas pra gente não normal, mas uma brincadeira. A gente leva para a parte da brincadeira.
A seguir veja a entrevista com Rafinha, do Barcelona, na íntegra: GloboEsporte.com: São quatro gols em cinco jogos no Campeonato Espanhol. No último foram dois gols. Dá para esperar um Rafinha mais goleador do que antes daqui pra frente? Rafinha: Vamos tentar, né? Tendo minutos, eu quero aproveitar. Sempre que eu tenho a oportunidade é importante fazer gol. E graças a Deus, se eu tiver a sorte do último jogo, poder fazer dois.
Iniesta, Rakitic, Denis Suárez, Arda Turan, André Gomes e Rafinha. A disputa por posição no meio-campo do Barcelona é forte. Como está essa briga? Ah, é uma disputa saudável. Os treinos tem sempre que estar no melhor nível para poder ter minutos no jogo, para poder jogar. É o melhor time do mundo para mim, dos melhores jogadores, então você tem que estar preparado para tudo.
O seu foco número 1 é ser titular do Barcelona? Sim. Eu trabalho para isso. Não teria sentido vir aqui treinar cada dia para estar no banco. Eu trabalho forte para um dia poder ser titular no Barça.
Você joga de meio, mas também de ponta e até de ala. Qual sua posição ideal no campo? Eu sou meio desde sempre, desde a base no Barça, mas estou muito acostumado a jogar de ponta direita, esquerda. Até já joguei de atacante, mas isso era parte do Barça B. Então, estou muito acostumado a trocar de posição.
Você esteve envolvido em muitos rumores na última janela de transferências. Realmente chegou a estar perto de sair do Barcelona? Eu falei que, se não tivesse minutos aqui, gostaria de sair para poder jogar. Depois da lesão que tive no joelho acho que o mais importante para mim é ter minutos e poder jogar futebol, então foi o que falei. Se eu não pudesse jogar, a melhor decisão era ser emprestado, mas graças a Deus agora estou jogando, tendo minutos, e isso que é importante. O Barça está feliz comigo, então eu vou me esforçar ao máximo para poder devolver essa confiança.
O Luis Enrique chegou a conversar contigo que haveria essa alta rotatividade no time? Não chegou a ter essa conversa, mas eu sabia que, com a quantidade de jogadores, dava para mexer no time. Eu sabia que, se eu me esforçasse, teria minutos, oportunidades, e graças a Deus está sendo assim.
A imprensa catalã chegou a cravar que você estava indo para o Sevilla... É... (risos). Falaram no Sevilla, falaram um monte de time que eu já estava fechado, e isso era mentira.
Você fica irritado com essas mentiras? Não. Realmente não ligo. As pessoas daqui do Barça já sabem a verdade, eu também sei, então não tem problema. Se não é alguma coisa ruim que eu fiz, então não tem problema.
Sobre o ouro olímpico: aquela medalha foi a melhor sensação da sua carreira até agora? Eu acho que sim. Mais por tudo que passei até poder ter a conquista do ouro, foi um caminho difícil. Uma semana antes de me apresentar à Seleção eu tive um problema no tornozelo, pensei que não iria poder disputar essa Olimpíada, e graças a Deus, com muito esforço e ajuda, eu consegui chegar à final.
Quanto peso tinha aquele terceiro pênalti que você foi bater na final? Pensei que estava tudo escrito, porque tudo que eu passei naquele mês... É como filme. A gente começou mal, deram por todos os lados na gente. A gente virou essa situação e chegou à final. Acho que foi uma oportunidade única poder bater esse pênalti. Eu com certeza falei que queria bater e graças a Deus entrou.
O que passou na sua cabeça no caminho para bater o pênalti? É como eu te falei, um filme, um sonho. Era a minha segunda vez no Maracanã, sempre sonhei em poder jogar lá, e essa minha segunda vez dentro de campo era a final da Olimpíada. Toda a família, todos os meus amigos em casa vendo o jogo, no estádio também, e era uma oportunidade única. Pensei em tudo que eu passei, em tudo que eu vivi, até o ponto do pênalti. O momento de chegada dentro da área é pensar o lado que você vai bater e não mudar.
Na Olimpíada você não estava 100% fisicamente... (Risos) Eu estava muito mal na Olimpíada.
Quanto você estava? Dá para mensurar? Ah, porcentagem eu não sei. Realmente eu tive um problema que até os doutores me falaram que era difícil disputar a Olimpíada, mas quando cheguei no primeiro dia de concentração me senti bem, bem melhor do que eu pensava. Graças a Deus, com a ajuda dos fisioterapeutas, dos médicos, a gente conseguiu fazer com que eu treinasse, e o dia a dia foi indo, dias melhores, dias piores. Para mim foi muito difícil, com muita dor, mas pensei só no ouro olímpico, que ganhamos.
Uma vez que você não estava 100% fisicamente, não conseguiu render no campo tudo aquilo que poderia... Para mim eu joguei muito mal a Olimpíada, não tenho problema em dizer. Eu estava fisicamente mal. Não é desculpa, mas realmente joguei mal. Não joguei no nível que posso dar.
Você tem receio de o torcedor brasileiro que não te acompanha tanto e te viu na Olimpíada ficar com uma má impressão sua? Mais do que pensam as outras pessoas, é por mim mesmo. A gente estava jogando no Brasil, em casa, a família e os amigos. Eu gostaria muito de ter estado no melhor nível, mas é aquilo, se eu estivesse, seu eu fizesse... Graças a Deus o grupo era tão forte que a gente ganhou esse ouro inédito.
Tem vaga para o Rafinha na seleção do Tite? Eu sonho, trabalho para isso. Para algum dia ser convocado para a seleção brasileira de novo.
A sua disputa mais direta é com o Giuliano e o Paulinho. Em um momento de dúvida do técnico para a convocação, você acha que o fato de jogar no Barcelona, e os outros jogarem na Rússia e na China, pode te ajudar? Não, não acho. Acho que é mais o nível do jogador mesmo. Se o Paulinho, o Giuliano estão rendendo o máximo do nível, não faz diferença se estão jogando no Estados Unidos, na Rússia... Se está bem, não tem problema onde você joga.
Mês que vem tem Brasil e Argentina. Você espera estar na lista? Eu sonho, trabalho para isso. Se Deus quiser e se tiver essa oportunidade, lógico que eu amaria.
Você e Neymar são muito amigos. Pode explicar o que aconteceu naquele jogo recente? Você foi puxá-lo de uma confusão e recebeu um tapa na mão. Ele ficou irritado... Ah, bobagem de jogo. Foi absolutamente nada, de verdade, coisa de jogo, uma besteira.
Ele chegou a te pedir desculpa depois? Não tem nem o que pedir desculpa de uma coisa assim. Pra gente não foi nem sério. Lógico que na televisão parece essas coisas mas pra gente não normal, mas uma brincadeira. A gente leva para a parte da brincadeira.
Nesta quarta tem Barça x Manchester City pela Champions. É sempre especial reencontrar o Guardiola? Não, acho que é mais para as pessoas de fora, os torcedores que gostam tanto do Guardiola por tudo que ele fez aqui. É um jogo especial provavelmente por isso, mas sabemos que o City é um time muito forte.
O que você mais aprendeu com o Guardiola? Eu tive a possibilidade de estrear no profissional com ele, então sempre vou estar agradecido por essa oportunidade.
Quem é melhor: Luis Enrique ou Guardiola? São diferentes. Trabalhei mais anos com o Luis Enrique, então eu o conheço melhor.
Você é rubro-negro, e o Flamengo perdeu o último jogo, mas quero saber se o cheirinho de hepta chegou aqui em Barcelona? (Risos) Eu sei que tem essa possibilidade de o Flamengo ganhar o título do Brasileirão. Por que não sonhar com esse título?
Você tem acompanhado os jogos, torcido bastante? Tenho. Sempre que eu posso vejo jogo do Flamengo, sempre acompanho.
Acha que o Flamengo vai ser campeão? Acho que eles podem ganhar, sim.
E você tem mesmo esse sonho de jogar no Flamengo? É sempre bom. Sempre fui ao Maracanã assistir ao Flamengo. Como torcedor desde criança eu tenho esse sonho de um dia poder vestir a camisa do Flamengo.