Domingo, 20 de Abril de 2025
Esportes
15/06/2018 08:37:00
Reforço do Barcelona, capitão do Brasil teme pela próxima geração do handebol

Globo Esporte/LD

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Thiagus Petrus vive um momento especial. Campeão húngaro pelo MOL-Pick Szeged, o gigante brasileiro foi apresentado nesta sexta-feira como reforço do Barcelona para a próxima temporada do handebol europeu. O acerto foi anunciado pelo Blog Olímpico, do GloboEsporte.com, e confirmado pelo Barça, que deve apresentá-lo nas próximas semanas. No auge da carreira, o mineiro de Juiz de Fora, de 1,98m, e capitão da seleção brasileira, é o primeiro atleta nascido no país a atuar time principal blaugrana.

"Não caiu a ficha. Ainda não dá para acreditar. Sei que estou no Barça, mas não vejo isso agora como realidade. Tenho que treinar, esperar uns meses e ver que é verdade".

Mas, se individualmente Thiagus comemora mais um degrau subido, coletivamente lamenta o momento do handebol brasileiro. Recentemente, a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) perdeu o patrocínio do Banco do Brasil. Somada a saída anterior dos Correios, ficou sem 75% do seu orçamento, gerando dificuldades para manter os treinamentos da seleções de base e até mesmo as atividades normais da entidade. O time principal também teve fases de treino canceladas por falta de verbas. Em maio, foi a vez da fornecedora de materiais esportivos Hummel pular fora. Assim, os brasileiros jogaramo Sul-Americano de Cochabamba com um uniforme sem marca alguma. Fazendo uma "mea-culpa", o jogador acredita que a mobilização dos atletas demorou para chegar.

  • Demoramos para nos mobilizar, mas também porque é difícil se mobilizar no meu caso, jogando Liga dos Campeões, viagens, estando na Europa. Se envolver com o que não deveríamos demorou um pouco. Até que caiu a ficha de que se a gente não lutasse pelo handebol, os dirigentes não iram lutar. Quando decidimos isso, nos mobilizamos. Agora, com o pouco tempo que temos, estamos tentando melhorar as coisas para todos, principalmente os atletas que jogam no Brasil - conta Thiagus.

Aos 29 anos, Thiagus vai jogar no time que mais venceu a Champions League de handebol, com nove títulos. Na última temporada, o Barça triunfou em cinco dos seis torneios que disputou, caindo nas oitavas de final da Liga Europeia. Apesar do grande momento, ele não tem como objetivo ser o melhor do mundo. Quer apenas vencer o máximo possível.

"Meu objetivo é ganhar todos os títulos possíveis. Ser o melhor ou pior é irrelevante. O importante é que a gente ganhe, jogando bem ou mal".

Mais conhecido no exterior do que no Brasil, ele acredita que a seleção, caso consiga a classificação para Tóquio 2020 através dos Jogos Pan-Americanos de Lima, pode ir mais longe do que na Rio 2016, quando caiu nas quartas de final. Isso mesmo com a crise. Mas se preocupa com as gerações futuras que podem ser perdidas depois de todo um trabalho para colocar o esporte na vitrine nacional e internacional.

  • Com todos esses problemas, não teremos a melhor preparação possível e isso pode prejudicar. Mas ao nosso favor temos o fato de que a maioria dos jogadores atuam na Europa e não dependem da confederação para jogar no maior nível possível. A crise na confederação já está prejudicando. Tivemos fases de treinos canceladas. Pode ser que agora, em quadra, a seleção principal não sinta tanto essa crise, mas no futuro a seleção principal será afetada. É muito complicado. Parece que a cada dia o poço tem um buraco maior, sem fundo. Acredito que vamos sair dessa. Os atletas estão se mobilizando, tentando fazer parte da gestão, ajudar. Vamos lutar pela reforma e para que a gente possa atrair empresas privadas para não depender de verbas públicas.
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