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ImprimirO 'superataque' escalado por Tite deu resultado no amistoso desta sexta-feira (23) contra Gana. Com dois gols de Richarlison e mais um feito por Marquinhos, a seleção brasileira venceu Gana por 3 a 0 no Stade Océane, em Le Havre (França).
É o penúltimo compromisso da equipe antes da Copa do Mundo do Qatar. Até agora foram 49 partidas de preparação, e o Brasil alcançou sua 36ª vitória — isso representa um aproveitamento superior a 80%. Em relação aos gols marcados, o time chegou a 106 e comprovou seu poder de fogo às vésperas do Mundial. Gana, aliás, é adversária possível nas oitavas de final no Qatar.
A expectativa para o jogo de hoje era alta, porque Tite escalou Lucas Paquetá como segundo volante, Neymar de meia central e três atacantes no time titular, Raphinha, Vini Jr e Richarlison. Um teste para uma formação ofensiva que foi chamada de 'superataque' durante a semana. Raphinha deu assistência para o gol de Marquinhos aos oito minutos do primeiro tempo e Neymar deu os passes dos gols de Richarlison aos 27 e 39.
O próximo jogo da seleção brasileira é o último antes da Copa do Mundo. Na terça-feira (27), a adversária será a Tunísia, às 15h30 (de Brasília), no estádio Parque dos Príncipes, em Paris. Gana também segue em preparação para o Mundial e enfrenta a Nicarágua no mesmo dia.Neymar é o arco
Escalado como meia central à frente de um trio de atacantes, Neymar foi o cérebro da seleção na França. Ele deu dois passes para gol e municiou Vini Jr, Raphinha e Richarlison com outras boas oportunidades perdidas. O camisa 10 foi posicionado por Tite numa zona do campo com mais espaço para criar e correspondeu às expectativas. Ele sumiu no segundo tempo, muito caçado pelos marcadores de Gana, mas foi um dos destaques do Brasil.
Richarlison é a flecha
Richarlison já disse que joga melhor na seleção do que no clube. E a atuação de hoje mais uma vez confirmou a tese. Foram dois gols em um desempenho geral muito bom do atacante. No primeiro, foi preciosa a percepção da própria localização no campo em relação a marcadores e goleiro. Assim, o tapa de primeira - após o passe de Neymar - pareceu muito simples. Certeiro. No segundo gol, a antecipação como uma flecha mostrou a efetividade no jogo aéreo. Sem a bola, Richarlison é um exemplo e um motor da pressão brasileira no campo de defesa adversário. O Pombo foi substituído no segundo tempo, mas deixou boa impressão - inclusive colaborando para Tite considerar com carinho a formação com um atacante de origem.
E Alex Telles o alvo
Em meio ao desempenho reluzente de outros jogadores, especialmente no primeiro tempo, Alex Telles foi o mais burocrático do time. A função também colabora para essa falta de protagonismo. O lateral-esquerdo não tem, nesse desenho tático da seleção, um corredor para avançar e explorar. A tarefa dele é construir vindo de fora para dentro do campo, por vezes virando um parceiro de Casemiro na cobertura dos espaços no meio.
O sistema defensivo em geral foi pouco testado, mas Tite pôde observar Éder Militão como lateral-direito e deu 45 minutos a Bremer, os primeiros do zagueiro da Juventus na seleção. "Isolado" no meio-campo, Casemiro, o único volante, não teve problemas para encontrar as linhas de passe e conectar defesa e ataque.
Brasil passa no teste
O primeiro tempo da seleção brasileira encantou o público francês. A nova formação testada por Tite, com apenas Casemiro como volante, deu à equipe uma movimentação ofensiva que envolveu totalmente o adversário. Com a bola, o Brasil atacava com cinco jogadores, dando poucas chances à defesa de Gana. Se a ideia de Tite era variar o repertório ofensivo, a tática funcionou. A seleção atacou pelas pontas, com Vini Jr. e Raphinha; pelo meio, com Richarlison como alvo de Neymar e Paquetá (como no lance do segundo gol), e misturando as duas formas.
Gana encurralada
O primeiro tempo foi de costas na parede. Pressionada, com marcação muito atrás, a seleção de Gana foi praticamente uma vez ao ataque. A dificuldade de sair jogando era nítida, diante da pressão alta brasileira. A ausência de Thomas Partey, de última hora, deixou o meio-campo mais fraco. As bolas longas, que poderiam ser a válvula de escape, também não funcionaram. No segundo tempo, já com três gols de desvantagem, Gana foi mais ousada. O técnico Otto Addo promoveu a estreia de Iñaki Williams na seleção. A melhor chance foi em uma cabeçada de André Ayew que explodiu no travessão de Alisson. Mas não passou disso. Árbitro mais novo que Neymar
Willy Delajod não estava escalado inicialmente para a partida, mas o árbitro de 29 anos acabou sendo o titular. O primeiro tempo foi mais tranquilo. Deixou o jogo seguir, evitou cartões e conduziu disciplinarmente. Na etapa final, o jogo, mesmo amistoso, começou a escorregar das mãos do árbitro. Muitas discussões entre jogadores e pegadas sem bola em Neymar foram permitidas. Ao fim das contas, Neymar fez uma falta por trás e acabou levando amarelo, o único momento em que foram ouvidas vaias no Stade Océane. A partida não teve VAR.
Bola aérea abre a porteira
Apesar do bom volume ofensivo com a bola no chão desde os primeiros minutos, foi pelo alto que o Brasil abriu o placar na França, com escanteio cobrado por Raphinha e concluído por Marquinhos. Ainda no primeiro tempo, Thiago Silva marcou também de cabeça numa falta que Neymar bateu. A bola aérea é um recurso importante e muito treinado na seleção de Tite porque decide jogos e abre os caminhos para goleadas, como foi nesta sexta-feira.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 3 x 0 GANA
Data: 23/9/2022 Local: Stade Océane, em Le Havre (FRA) Hora: 15h30 (de Brasília) Árbitro: Willy Delajod (França) Assistentes: Cyril Mugnier e Aurelien Drouet (ambos da França) Cartões amarelos: Casemiro, Neymar, Matheus Cunha (Brasil), Andre Ayew, Denis Odoi, Iddrisu Baba (Gana)
Gols: Marquinhos, aos 8'; Richarlison, aos 27' e aos 39' do primeiro tempo;
Brasil: Alisson; Éder Militão, Marquinhos, Thiago Silva (Bremer) e Alex Telles; Casemiro (Fabinho), Lucas Paquetá (Everton Ribeiro), Neymar, Raphinha (Rodrygo) e Vini Jr (Antony); Richarlison (Matheus Cunha). Técnico: Tite. Gana: Joseph Wallacott; Denis Odoi (Owusu), Djiku, Daniel Amartey e Baba Rahman; Iddrisu Baba (Lamptey), Mohamed Kudus e Andre Ayew (Semenyo); Sulemana (Salisu), Afena-Gyan (Iñaki Williams) e Jordan Ayew. Técnico: Otto Addo.