Globo Esporte/LD
ImprimirDepois de Gustavo Bueno dar a versão oficial da Ponte Preta sobre o caso Roger, o atacante também apresentou o seu lado da história, rebateu a questão dos valores oferecidos pela diretoria da Macaca e mostrou mágoa com o desligamento imediato. A Ponte resolveu rescindir depois que descobriu que o jogador viajou ao Rio de Janeiro na última terça para realizar exames médicos e assinar pré-contrato com Botafogo, mesmo ainda tendo vínculo com o clube campineiro. O atacante classificou a decisão como uma "grande injustiça".
- Não concordo com a forma como estou saindo. Isso me frustra um pouco, me deixa chateado, mas tenho de acatar. Posso dizer que as pessoas estão tentando me tirar pela porta dos fundos, mas não vou sair, até porque tudo que plantei foi com raízes muito fortes. Acho que eu não merecia isso, falei para o Gustavo (Bueno, gerente de futebol), para o Cristiano (Nunes, coordenador), mas que cabe a eles julgarem. Na minha opinião, cometeram um erro comigo, uma grande injustiça. Não quero culpar ninguém. Levo o carinho do Gustavo, do Cristiano, que se esforçaram para que eu ficasse. Agradeci e passei minha insatisfação com a demissão. Isso não aceito, não entendo e não concordo - disse Roger à Rádio Bandeirantes, de Campinas.
O atacante também discorda da declaração de Gustavo Bueno de que a Ponte ofereceu o que foi pedido por ele, com aproximadamente 30% de aumento. Segundo o atleta, em nenhum momento houve acordo sobre o salário, mas apenas uma melhora em premiações. Roger diz que reivindicava receber o mesmo que "um cara que não está jogando", sem revelar o nome, o que considerava justo pela temporada que fez - é um dos artilheiros do Brasil, com 22 gols, sendo 11 pela Ponte (oito no Brasileirão e três na Copa do Brasil).
- Do início ao fim da conversa, o aumento oferecido foi de 10%. O que aconteceu durante a negociação é que foi melhorada a questão da luva e da premiação em caso de permanência na elite no próximo ano, mas em nenhum momento a Ponte chegou ao valor que eu tinha pré-estabelecido. Não vou levar a culpa de que não aceitei ou não quis. O salário que pedi não é nenhum absurdo, mas a Ponte estabeleceu um teto, chegou ao seu limite, acho louvável não fazer loucuras. Mas também achava que era justo eu ter o salário de um cara que não está jogando, dentro do que estou vendo no clube, mas a Ponte disse que não abriria exceção. Sendo assim, as partes ficaram livres para negociar. Ninguém foi traíra, fez as coisas pelas costas. Com certeza as coisas foram bem claras - comentou.
De todo o processo que tumultuou os bastidores da Ponte nos últimos dias, Roger mostra arrependimento somente com o fato de ter ido ao Rio de Janeiro fazer exames, o que causou toda a polêmica. Ele também revelou que, depois de a Ponte ter melhorado algumas condições, tentou voltar atrás no acordo com o Botafogo, mas teria de arcar com uma cláusula de US$ 1 milhão para romper o pré-contrato.
- Não me arrependo do acerto com o Botafogo. A Ponte fez o possível para que eu pudesse ficar, mas eu tive uma proposta melhor, um contrato muito melhor, que eu nunca tive no Brasil. A Ponte melhorou uma questão de permanência, foi quando eu disse que poderia ficar, mas eu já tinha um pré-contrato. Saí da sala, liguei para o pessoal para ver o que poderia ser feito, mas foi me dito que a multa era de um milhão de dólares, que algumas coisas já seriam pagas e não tinha mais o que ser feito. Voltei no mesmo instante e comuniquei o Eduardo (Baptista, técnico), pois o Gustavo já tinha saído. Pedi desculpas, mas em nenhum momento a Ponte chegou ao valor que eu quis. Talvez eu aceitasse uma condição muito menor da (condição) que estou indo para o Botafogo. O grande problema talvez tenha sido o exame médico no Rio, expôs a mim, expôs a Ponte. Queria pedir desculpa por isso.
Passado o imbróglio, Roger evita culpar qualquer um dos lados pelo desfecho do casamento entre as partes. Era a quarta passagem dele pela Ponte, onde foi revelado para o futebol no início dos anos 2000. Ele estava perto de atingir a marca de 50 gols pelo clube - sai com 47.
- Fica o carinho pelo clube, por essa camisa que tanto briguei. Fica a frustração por não conseguir fechar esse ciclo. É acatar e seguir a vida, não tem muito o que fazer. Não queria que tivesse vazado, foi muito chato. Pré-contrato é normal, é comum. Todo mundo sabe que outros atletas no elenco têm pré-contrato com outros clubes também, a Ponte deve ter pré-contrato com quatro, cinco jogadores para 2017 também, mas as pessoas não aceitaram quando foi a minha vez. Respeito quem não acha certo minha atitude. Não tem um lado mais culpado ou menos. Pelo menos essa é minha opinião - finalizou, colocando um ponto na polêmica para, a partir de agora, pensar apenas no futuro - também alvinegro, mas pelo Botafogo.