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ImprimirIntegrantes de torcidas de diferentes times do Rio se uniram numa espécie de mutirão para doar sangue ao tricolor Pedro Lucas Scudieri. O jovem de 23 anos, que estuda Economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi agredido no último domingo, na Tijuca, Zona Norte do Rio, e está internado em estado grave no Hospital do Amparo, no Rio Comprido, ainda na Zona Norte. Pedro passou por uma cirurgia e, segundo o último boletim médico, tem a pressão intracraniana normal.
— Se tudo correr bem, os médicos acham que em 72 horas podem tirar a sedação. O único temor deles é que, como a última lembrança do Pedro é do ato de violência que sofreu, ele possa se agitar muito ao acordar. Então, estão trabalhando para tentar evitar isso — disse a tia do jovem, a psicóloga Marcia Fernandes Lucas.
Segundo ela, o sobrinho vem recebendo muitas doações de sangue de diversas torcidas do Rio. Na próxima quinta-feira, irá ao hospital um grupo de 200 torcedores.
— Esse é um gesto lindo, que emociona. Todos se unindo pelo bem de um. A gente nunca pensou que algo assim pudesse acontecer. Essa torcida, a Bravo 52, é calmíssima. São jovens que estudaram ou estudam juntos no colégio, na faculdade, que apenas querem dar apoio ao time — disse Marcia.
Suspeitos já identificados
Segundo o delegado Alcides Alves Pereira, titular da 18ª DP, já há suspeitos de participar da agressão contra Pedro identificados. Ele não quis dar detalhes sobre quem são essas pessoas, para não atrapalhar a investigação. - Ainda não temos prisões, mas já temos pessoas identificadas. O inquérito foi instaurado para investigar o crime de tentativa de homicídio - disse ele.
Testemunha viu quatro agressores
Em depoimento, uma testemunha, que foi com Pedro ao jogo, afirmou que o jovem foi agredido por quatro homens, que estavam com duas barras — uma de ferro e outra de madeira, semelhante à haste de uma barraca de sol. A testemunha contou que os homens pareciam integrantes de torcidas organizadas.
— Eu não estava com o Pedro na hora da agressão, estava com ele antes. Mas soube do que aconteceu e voltei ao local. Quando estava retornando, vi os homens. Eram quatro, e estavam com uma barra de ferro. Não dá para identificar o time para o qual torciam, eles estavam sem camisa. Tinham cerca de 25 a 30 anos. Mas com certeza eram membros de torcida organizada. Atacaram o Pedro pelas costas, só para roubar a faixa — disse a testemunha.
Antes da agressão, integrantes da torcida foram roubados na rampa de saída do metrô Maracanã. Pedro não integrava o grupo, mas voltou ao entorno do estádio para encontrar os torcedores que haviam sido roubados. Depois, foi sozinho, pegar um ônibus para casa. Nesse trajeto, foi atacado.
Entenda o caso
Pedro foi agredido com golpes na cabeça na noite de domingo, após sair de um ônibus da torcida Bravo 52 nas proximidades do Maracanã. O jovem voltava de um jogo do seu time em Xerém, na Baixada Fluminense. Ele ia para casa quando a agressão ocorreu, na altura da Praça Varnhagem, na Tijuca. Amigos acreditam que o crime tenham relação à rivalidade da torcida.
- Ele usava a camisa do Fluminense e estava com a faixa da nossa torcida numa bolsa. Roubaram a faixa, mas não levaram nem o celular nem a carteira. Além disso, ele só levou golpes na cabeça - contou o rapaz, que pediu para não ser identificado.
A assessoria do Fluminense informou que uma equipe médica do clube foi ao Hospital do Amparo e acompanha o tratamento de Pedro. O clube também destacou que a Bravo 52 é uma torcida que não tem registro de episódios de violência.
Onde doar sangue
Quem quiser fazer doações de sangue para Pedro Scudieri - preferencialmete tipo sanguíneo A - deve se dirigir ao Hospital do Carmo, na Rua do Riachuelo 43, 3° andar, no Centro do Rio. Dar o nome de Marilene Scudieri, mãe do jovem.