\n \n Vítima de um sequestro relâmpago em que ficou por quase três horas\n na mira de um revólver e rodando pela cidade de São Paulo com um bandido e na\n companhia de sua esposa, o chileno Valdívia negou que o retorno de Daniela e\n dos filhos ao Chile e mesmo o trauma decorrente da exposição direta à violência\n sejam um pretexto para ele deixar a equipe do Palmeiras.\n \n Valdívia se considera devedor do Palmeiras desde que foi\n repatriado, em julho de 2010 – comprado por R$ 15,2 milhões. Exatamente por\n esse motivo, o jogador não quer levar muito tempo para decidir seu futuro\n dentro da equipe. Contrariando as expectativas de que fosse fazer o anúncio da\n permanência ou da saída na coletiva de imprensa convocada para esta\n quinta-feira, o chileno definiu o prazo para, no máximo, de duas a três\n semanas.\n \n “Eu não quero prolongar muito, de ficar duas ou três semanas sem\n decidir, porque o Palmeiras merece respeito. É uma decisão que não é fácil, que\n toma tempo, mas sei que não pode ficar tanto assim. Hoje eu estou mais calmo,\n porque essa pessoa (o seqüestrador) foi presa e vai ficar presa muito tempo. A\n partir de agora começo a ter mais claro o que vai acontecer comigo”, pontuou\n Valdívia, interessado em continuar no Verdão: “O Sampaio foi muito claro,\n porque a intenção é que eu fique, mas eles vão me apoiar na decisão que eu\n tomar”.\n \n Desde sexta, quando retornou a Santiago atendendo a um pedido da\n esposa Daniela, Valdívia tem recebido ligações de apoio, mas, ao mesmo tempo,\n teve que lidar com o fato de muitas pessoas não acreditarem. Mais calmo, ele\n releva as dúvidas quanto à veracidade do fato: “Fiquei chateado quando vi que\n algumas pessoas acharam que eu estava mentindo, que era um pretexto para sair\n do Palmeiras, mas não. Eu passei quase três horas de terror, de não saber se a\n pessoa que me sequestrou junto com minha mulher iria nos matar”.\n \n Na última quinta, às 21 horas, Valdívia e sua esposa foram\n abordados pelo bandido Rogério Santos, de 36 anos, na entrada de uma loja na\n Avenida Sumaré, como comprovaram imagens do circuito de segurança da locadora\n de vídeos a que eles haviam se dirigido. Com o jogador e o sequestrador à\n frente e Daniela no banco traseiro, eles sacaram R$ 1.000 de um caixa\n eletrônico da Zona Oeste de São Paulo e chegaram a passar em uma lanchonete a\n pedido do assaltante.\n \n Quando Rogério soube que sua vítima era Jorge Valdívia, jogador do\n Palmeiras, ligou para algum amigo como se estivesse comemorando, mas depois\n exigiu o pagamento de mais R$ 19 mil. Como o horário de fechamento dos bancos\n já havia passado, os dois se dirigiram a uma loja de auto-peças, em que o\n bandido tentou, mas não conseguiu comprar alguns itens. Na sequência, Valdívia\n e Daniela foram deixados próximos do CT do clube, na Avenida Marquês de São\n Vicente, e o seqüestrador seguiu de táxi para casa, sendo preso na terça\n enquanto praticava outro roubo.\n \n A única oportunidade dentro de todo o processo em que Valdívia\n pensou em reagir foi justamente na loja de auto-peças, mas o medo de uma loucura\n por parte do bandido o fez desistir: “Pensei em fazer uma coisa, mas lembrei\n que no cemitério está cheio de super heróis. Se eu saísse correndo, talvez\n minha mulher não alcançasse. Eu não conseguia fazer nada, só queria viver”.\n \n \n \n \n