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ImprimirO segundo dia de julgamento do caso da Boate Kiss, tragédia que ocorreu em Santa Maria (RS) em 2013, foi tomado por emoção. Após mais de uma hora de interrogatório do Ministério Público, a advogada Jessica Montardo Rosado, irmã de uma das vítimas que não sobreviveu à tragédia, passou mal e teve de ser levada para uma sala restrita do Foro Central I de Porto Alegre.
Durante o julgamento, foi exibido um vídeo que mostrava imagens da banda Gurizada Fandangueira, minutos antes do incêndio acontecer. Jéssica chorou e se mostrou abalada.
O presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flávio da Silva, disse que a jovem ficou nervosa e esgotada após o depoimento. A entidade pediu ao juiz que conceda um intervalo para que ela possa se recuperar. Jéssica chorou ao se lembrar do irmão Vinícius. Ambos voltaram a entrar na casa noturna para ajudar outros jovens que não conseguiam deixar a boate. “Se não tivéssemos a ajuda de civis, seriam muito mais do que 242 mortes”, disse ao Ministério Público.
Vinícius morreu ajudando a salvar outras pessoas
Jéssica relatou que voltou à boate para encontrar o irmão. “Jamais me perdoaria de voltar para casa sem ele, como voltei. Queria ter feito mais, mas não tive como.” A advogada disse também que o irmão salvou 15 pessoas. “Ele tinha 1 metro e 98 [centímetros], pesava 130 quilos, era grande, forte e doce como uma baleia. Vinícius sempre foi solidário em todos os trabalhos que fez.”
“No início do fogo a gente não tinha noção de nada”
Segundo o site do Jornal R7, Jéssica disse morar próximo à rua das Andradas, endereço onde estava localizada a casa noturna. Ela disse que não precisou pegar fila para entrar porque conhecia um dos seguranças da boate. Com isso, a jovem conseguiu se posicionar próxima ao palco onde ocorreu o incêndio. “Vi quando pegou a faísca, vi quando pegaram os extintores. Vi o Marcelo quando ele colocou o microfone no chão e gritou ‘sai’. Me direcionei para a porta e voltei. Tentei procurar meu irmão”, afirmou.
Nervosa, Jéssica disse que caiu entre duas portas e ficou apavorada. “Era muita gente, uns por cima dos outros. Minha primeira reação foi ligar para os meus pais avisando que meu irmão estava lá dentro. Meu pai chegou e tentou me acalmar”, lembra. Na sequência, ela e o pai receberam, então, a notícia de que Vinícius havia sido internado em um hospital. “Ele era a melhor coisa que eu tinha na vida. Vivi meu luto.”
No dia da tragédia, Jéssica se lembra de ter visto os réus em meio ao incêndio. “Eu lembro que eles estavam tentando apagar com garrafa d’água e extintor”. A advogada disse conhecer Marcelo Jesus dos Santos, que portava o sinalizador que deu início ao incêndio na Kiss, de outros eventos. “Ele me olhou no olho e disse sai. Era um ‘sai’ para as pessoas que estavam olhando.” Em outro momento, a irmã de Vinícius diz que avistou Marcelo “saindo no desespero”. “Vi o Kiko saindo sem camisa no Carrefour, ele queria entrar na boate. Não vi o Mauro e não lembro do Luciano. Vi o Marcelo saindo da multidão sozinho”.