Domingo, 8 de Junho de 2025
Geral
08/12/2013 09:37:10
Casamento gay coletivo une 130 casais neste domingo no Rio de Janeiro
Alexandre Teodoro de Lima, 35 anos, e Marcio Nascimento Cunha, 41, se conheceram por meio de uma amiga há quase 15 anos. “Acho que você vai gostar dele”, disse ela a Márcio.

Terra/LD

Imprimir
Alexandre\n Teodoro de Lima, 35 anos, e Marcio Nascimento Cunha, 41, se conheceram \n por meio de uma amiga há quase 15 anos. “Acho que você vai gostar dele”,\n disse ela a Márcio. Um com 20 anos, outro com 26, foi quase amor à \n primeira vista. Não deu seis meses já estavam morando juntos em Belford \n Roxo, na Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio. \n Márcio, costureiro por vocação e auxiliar de serviços gerais para\n pagar as contas, já havia sido casado dois anos com um mecânico que \n morreu. Foi o primeiro namorado de Alexandre, também auxiliar de \n serviços gerais, que deixou a casa da mãe, evangélica, e até hoje \n descrente do casal, em prol do relacionamento. \n Com as alianças já nas mãos, mas ainda sem os nomes gravados, \n eles se preparam para oficializar a união ao lado de outros 129 casais \n que participam da cerimônia coletiva de casamento civil homoafetivo que \n será realizada pelo Tribunal de Justiça do Rio neste domingo. \n Alexandre não fazia muita questão - “a gente já é casado” -, mas \n Márcio insistiu. “Todo mundo morre algum dia. Se por acaso eu faltar, \n quero que ele tenha direitos”, explica o costureiro. E o que começou \n como uma forma de garantir o futuro um do outro cresceu e terminou em \n festa, de fazer inveja aos vizinhos, curiosos e inspirar os amigos. \n Como inicialmente o casamento coletivo estava marcado para o dia \n 1º de setembro, um domingo, a festa foi programada para o sábado \n seguinte, no feriado do dia 7. “Desmarcaram novamente e remarcaram para \n dezembro. Porém, não tinha como mudar a festa e fizemos antes mesmo \n assim”, explica Márcio. \n Os dois organizaram uma cerimônia para cerca de 60 pessoas em um \n salão perto de casa e chegaram de mãos dadas e smoking branco, causando \n comoção no bairro. “Ninguém nunca tinha visto nada assim. Parecia até \n que éramos artistas de tanta foto. Estamos no Facebook de todo mundo”, \n diz Márcio, ao lembrar que a vizinhança se amontoou na rua para vê-los. \n A decoração colorida, com o tema arco-íris, repetido até no bolo,\n presente de uma tia, deu o que falar. Na hora da primeira fatia, mais \n quebra de protocolo. Alexandre cantou Prepara, da funkeira Anitta, e \n tirou Márcio para dançar. Depois os dois jogaram cada um uma rosa \n vermelha para as solteiras e solteiros entre a plateia. “Teve menina que\n brigou. Duas dividiram. Uma ficou com o cabo, outro com o botão”, diz \n Alexandre. \n Até hoje há quem esbarre pelo casal e pergunte da festa. “Já tem \n gente no trabalho dizendo que vai copiar. Foi uma sensação”, diz Márcio.\n \n Enquanto a família de Márcio foi em peso à festa, Alexandre teve \n apenas a companhia da irmã e do cunhado. “Talvez a mãe dele quisesse ele\n casado, com netos. Tem gente que não aceita”, reflete Márcio. \n Para 2015 o casal, que divide a casa com um cachorro chamado \n Blecaute e uma gatinha de nove meses batizada de Aisha em homenagem a \n novela Salve Jorge, pensa em ampliar a família. “Sonho em adotar uma \n menina”, diz Márcio. \n Apesar da troca de alianças, Márcio conta que os dois evitam \n andar de mãos dadas e se beijar em público. Apenas em 2012 foram \n registrados 9.982 casos de violações contra lésbicas, gays, bissexuais, \n travestis e transexuais, segundo dados da Secretaria de Direitos Humanos\n da Presidência da República e Belford Roxo é considerada uma das \n cidades mais violentas da Baixada. \n O Censo 2010 identificou 60 mil casais homoafetivos no país, \n número que, para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística \n (IBGE) ainda é aproximado, já que está foi a primeira vez que a pesquisa\n colocou a pergunta no questionário. \n Márcio, no entanto, diverte-se ao pensar no que vai acontecer da \n próxima vez que tiver que preencher um formulário. “Antes a gente \n colocava solteiro, dizia que estava junto apenas se perguntassem. Quero \n ver a cara do funcionário quando eu escrever casado e o nome do \n Alexandre na parte do cônjuge.”
COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias