Geral
21/06/2013 09:00:00
Cientista vê na aversão aos partidos e lideranças erro grave do protesto
O cientista político Tito Machado considera que o movimento de protestos por melhorias nos serviços públicos, que contagiou o País e chegou a Mato Grosso do Sul, está cometendo um grave erro de avaliação, ao optar pela aversão aos partidos políticos e às lideranças.
CGNews/PCS
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O cientista político Tito Machado \n considera que o movimento de protestos por melhorias nos serviços \n públicos, que contagiou o País e chegou a Mato Grosso do Sul, está \n cometendo um grave erro de avaliação, ao optar pela aversão aos \n partidos políticos e às lideranças.
É a parte triste desse movimento. \n Não há sociedade democrática sem partido. Partido é um dos pilares de \n sustentação da democracia. Se existe partido ruim é porque pessoas boas \n não estão dentro dele, avaliou Tito, que é doutor em geografia política\n e econômica pela USP e professor dos cursos de Geografia, Administração\n e Jornalismo da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).Ao\n analisar os protestos que se multiplicam pelas ruas do País, com \n passeatas tendo começado ontem em Campo Grande, o professor Tito Machado\n entende que há também um equívoco em repelir lideranças em nome da \n espontaneidade, gerando a dificuldade até mesmo de auto-avaliação do \n movimento e de saber a hora de parar. Todo movimento, como, por \n exemplo, o sindical, que é organizado, tem dificuldade de parar quando \n inicia um movimento, uma greve. Imagina um movimento como esse que é sem\n uma cabeça e sem organização, afirmou. E aí imagina como isso vai \n parar?, indagou o próprio Tito.Decepção com lideranças e \n partidos, segundo Tito, explicam essa aversão, mas precisa ser \n repensada. Todos os partidos são bons, não conheço nenhum que coloque \n algo de ruim para a sociedade. O que existe são lideranças boas ou ruins\n nos partidos.É a parte triste. O movimento não deveria ser apartidário e\n sim pluripartidário, disse o cientista, observando que se tivesse um \n ou mais partidos canalizando as reivindicações populares haveria mais \n condições de realizá-las concretamente.Momento histórico\n A mobilização que contagiou o Brasil, na opinião do cientista \n político Tito Machado, é histórica e já é vitoriosa por si e per si,\n apesar dos problemas de aversão a partidos e tendência anárquica. No \n País todo baixou a tarifa de ônibus. Isso aí é histórico. Nunca \n aconteceu antes, ressaltou.Para ele, trata-se de um momento \n maravilhoso para o País. É maravilhoso ver juventude na rua \n reivindicando de tudo. Talvez esse seja o grande problema. Quando se \n reivindica de tudo não se reivindica nada. Mas é algo que estava \n adormecido na população e parece que há um despertar, para um Brasil \n muito melhor, avaliou o professor universitário.Considera que \n isso é típico de manifestação que não tem liderança nem partido \n político. Você termina tendo um nível de reivindicação que vai de A a Z\n e termina esvaziando, opinou Tito. Ela é maravilhosa... muito boa, \n mas está faltando liderança. Avançamos até aqui. Houve ganho maravilhoso\n de baixar as passagens de ônibus. Um ganho histórico, completou.Quando\n começou o movimento, segundo Tito, houve uma reivindicação muito clara \n de reduzir o preço das tarifas de ônibus em São Paulo e no Rio de \n Janeiro. E possibilitou vitória extraordinária, que começou de forma \n tímida e expandiu para o Brasil, observou. Agora entra na segunda \n fase. Poderia avançar, mas não pode porque não tem liderança. São \n lideranças difusas. Quando tudo é possível reivindicar se perde o foco. E\n fica sem rumo, apontou.E insiste Tito: Não há possibilidade de\n saber quando vai parar, onde vai parar. Como não tem liderança para \n discutir isso, o movimento segue sem fazer analise política, análise de \n momento. Se não tem liderança perde a capacidade inclusive de fazer \n análise, alertou.Protestos difusos - Uma das \n provas de que o movimento é difuso e movido pela espontaneidade, na \n opinião de Tito, é o que aconteceu ontem em Campo Grande e vem também \n ocorrendo nas concentrações e passeatas pelas principais capitais \n brasileiras: Por mais que possam começar com uma grande e única \n mobilização, as passeatas se dividem em vários grupos, cada qual rumando\n para um setor da cidade. Ontem, na Capital inicialmente todos se \n dirigiram ao Paço Municipal e depois grupos se dividiram indo para a \n Câmara de Campo Grande, para a obra do Aquário do Pantanal e para a \n frente do prédio onde mora o governador André Puccinelli.Falta \n liderança, falta cabeça, explica Tito, reafirmando a necessidade de o \n movimento ser multipartidário ou suprapartidário a fim de dar-lhe \n consequência. Isso é complicado. Como se vive numa democracia sem \n política?, questionou o professor. E quanto mais forte for a política,\n mais forte a democracia, enalteceu.Tito Machado vê os protestos\n como uma insatisfação geral na sociedade quanto aos partidos e a \n condução da política, em especial da classe média. O conjunto \n majoritário dos participantes dessa manifestação é a classe média, que é\n formadora de opinião, destacou o professor. Com essa insatisfação as \n pessoas vão para as ruas. Mas tem de reverter isso no fortalecimento de \n propostas, de partidos ou de uma nova política, defendeu.Como vai terminar?\n A grande incógnita, conforme Tito, é saber como vai terminar esse \n movimento inédito na história do País. Pode resultar em algo vitorioso \n se terminar o mais rápido possível. Se não, cada dia que passa vou me \n tornando mais pessimista. Tendência é a radicalização e, neste momento, \n não é algo bom para movimento, que nasceu pacifico, que nasceu com \n ânimo, com alegria, afirmou o cientista.Quanto à violência que \n têm sido praticada por pequena parte dos manifestantes, mas causado \n destruição de patrimônio público e privado, Tito Machado considera que \n essa atitude é reflexo da sociedade. A sociedade brasileira anda muito \n violenta mesmo, de uma maneira geral e não é de hoje. Como essas \n manifestações terminam expressando o conjunto social, essa violência \n expressa isso também, ponderou.Se por acaso o movimento \n persistir da maneira como está e reivindicando tudo, acredita Tito, os \n grupos violentos tendem a aumentar.Para Tito, a violência não \n está só nos bairros da periferia nem demanda de grupos organizados para \n quebrar tudo. As pessoas estão também nas universidades, nas escolas, \n afirmou ele. No caso dessas pessoas, basta um empurrãozinho para elas \n começarem a radicalizar, finalizou.\n \n \n
É a parte triste desse movimento. \n Não há sociedade democrática sem partido. Partido é um dos pilares de \n sustentação da democracia. Se existe partido ruim é porque pessoas boas \n não estão dentro dele, avaliou Tito, que é doutor em geografia política\n e econômica pela USP e professor dos cursos de Geografia, Administração\n e Jornalismo da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).Ao\n analisar os protestos que se multiplicam pelas ruas do País, com \n passeatas tendo começado ontem em Campo Grande, o professor Tito Machado\n entende que há também um equívoco em repelir lideranças em nome da \n espontaneidade, gerando a dificuldade até mesmo de auto-avaliação do \n movimento e de saber a hora de parar. Todo movimento, como, por \n exemplo, o sindical, que é organizado, tem dificuldade de parar quando \n inicia um movimento, uma greve. Imagina um movimento como esse que é sem\n uma cabeça e sem organização, afirmou. E aí imagina como isso vai \n parar?, indagou o próprio Tito.Decepção com lideranças e \n partidos, segundo Tito, explicam essa aversão, mas precisa ser \n repensada. Todos os partidos são bons, não conheço nenhum que coloque \n algo de ruim para a sociedade. O que existe são lideranças boas ou ruins\n nos partidos.É a parte triste. O movimento não deveria ser apartidário e\n sim pluripartidário, disse o cientista, observando que se tivesse um \n ou mais partidos canalizando as reivindicações populares haveria mais \n condições de realizá-las concretamente.Momento histórico\n A mobilização que contagiou o Brasil, na opinião do cientista \n político Tito Machado, é histórica e já é vitoriosa por si e per si,\n apesar dos problemas de aversão a partidos e tendência anárquica. No \n País todo baixou a tarifa de ônibus. Isso aí é histórico. Nunca \n aconteceu antes, ressaltou.Para ele, trata-se de um momento \n maravilhoso para o País. É maravilhoso ver juventude na rua \n reivindicando de tudo. Talvez esse seja o grande problema. Quando se \n reivindica de tudo não se reivindica nada. Mas é algo que estava \n adormecido na população e parece que há um despertar, para um Brasil \n muito melhor, avaliou o professor universitário.Considera que \n isso é típico de manifestação que não tem liderança nem partido \n político. Você termina tendo um nível de reivindicação que vai de A a Z\n e termina esvaziando, opinou Tito. Ela é maravilhosa... muito boa, \n mas está faltando liderança. Avançamos até aqui. Houve ganho maravilhoso\n de baixar as passagens de ônibus. Um ganho histórico, completou.Quando\n começou o movimento, segundo Tito, houve uma reivindicação muito clara \n de reduzir o preço das tarifas de ônibus em São Paulo e no Rio de \n Janeiro. E possibilitou vitória extraordinária, que começou de forma \n tímida e expandiu para o Brasil, observou. Agora entra na segunda \n fase. Poderia avançar, mas não pode porque não tem liderança. São \n lideranças difusas. Quando tudo é possível reivindicar se perde o foco. E\n fica sem rumo, apontou.E insiste Tito: Não há possibilidade de\n saber quando vai parar, onde vai parar. Como não tem liderança para \n discutir isso, o movimento segue sem fazer analise política, análise de \n momento. Se não tem liderança perde a capacidade inclusive de fazer \n análise, alertou.Protestos difusos - Uma das \n provas de que o movimento é difuso e movido pela espontaneidade, na \n opinião de Tito, é o que aconteceu ontem em Campo Grande e vem também \n ocorrendo nas concentrações e passeatas pelas principais capitais \n brasileiras: Por mais que possam começar com uma grande e única \n mobilização, as passeatas se dividem em vários grupos, cada qual rumando\n para um setor da cidade. Ontem, na Capital inicialmente todos se \n dirigiram ao Paço Municipal e depois grupos se dividiram indo para a \n Câmara de Campo Grande, para a obra do Aquário do Pantanal e para a \n frente do prédio onde mora o governador André Puccinelli.Falta \n liderança, falta cabeça, explica Tito, reafirmando a necessidade de o \n movimento ser multipartidário ou suprapartidário a fim de dar-lhe \n consequência. Isso é complicado. Como se vive numa democracia sem \n política?, questionou o professor. E quanto mais forte for a política,\n mais forte a democracia, enalteceu.Tito Machado vê os protestos\n como uma insatisfação geral na sociedade quanto aos partidos e a \n condução da política, em especial da classe média. O conjunto \n majoritário dos participantes dessa manifestação é a classe média, que é\n formadora de opinião, destacou o professor. Com essa insatisfação as \n pessoas vão para as ruas. Mas tem de reverter isso no fortalecimento de \n propostas, de partidos ou de uma nova política, defendeu.Como vai terminar?\n A grande incógnita, conforme Tito, é saber como vai terminar esse \n movimento inédito na história do País. Pode resultar em algo vitorioso \n se terminar o mais rápido possível. Se não, cada dia que passa vou me \n tornando mais pessimista. Tendência é a radicalização e, neste momento, \n não é algo bom para movimento, que nasceu pacifico, que nasceu com \n ânimo, com alegria, afirmou o cientista.Quanto à violência que \n têm sido praticada por pequena parte dos manifestantes, mas causado \n destruição de patrimônio público e privado, Tito Machado considera que \n essa atitude é reflexo da sociedade. A sociedade brasileira anda muito \n violenta mesmo, de uma maneira geral e não é de hoje. Como essas \n manifestações terminam expressando o conjunto social, essa violência \n expressa isso também, ponderou.Se por acaso o movimento \n persistir da maneira como está e reivindicando tudo, acredita Tito, os \n grupos violentos tendem a aumentar.Para Tito, a violência não \n está só nos bairros da periferia nem demanda de grupos organizados para \n quebrar tudo. As pessoas estão também nas universidades, nas escolas, \n afirmou ele. No caso dessas pessoas, basta um empurrãozinho para elas \n começarem a radicalizar, finalizou.\n \n \n
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