Segunda-Feira, 23 de Dezembro de 2024
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04/03/2024 10:59:00
Em MS, quase 5 mil empresas entraram para a lista de inadimplentes em 2023

CE/LD

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No período de um ano, 4.933 empresas de Mato Grosso do Sul entraram na lista da inadimplência. Segundo dados Serasa Experian, o número de Cadastros Nacionais de Pessoas Jurídicas (CNPJs) negativados chegou a 82.210 em dezembro do ano passado, uma alta de 6,4% em relação aos 77.277 registrados no mesmo período de 2022.

Entre as 27 unidades federativas do País, o Estado aparece como o 16º com maior número de empresas com contas em atraso. No ano, MS acumula um total de R$ 1,601bilhão em dívidas pendentes, e o valor médio por débito é de R$ 19.474.

Ainda de acordo com os dados da Serasa Experian, em janeiro de 2023, Mato Grosso do Sul registrava 76.812 CNPJs com dívidas atrasadas, número que aumentou no mês seguinte, quando foram registrados 77.387 inadimplentes, atingindo ainda no primeiro semestre do ano a casa de 80 mil negócios com dívidas pendentes.

Em junho, a lista contava com 80.098 empresas no vermelho, totalizando R$1,454 bilhão em dívidas. Em novembro, MS chegou à máxima de 82.311 inadimplentes, com montante de R$ 1,581 bilhão em atraso.

O doutor em Economia Michel Constantino explica que a inadimplência é um resultado preocupante, pois todas as empresas constam no saldo de endividamento, já que fazem investimentos a longo prazo.

“A inadimplência apresenta um grau de deterioração da gestão financeira e aumento do risco de fechar, pois a empresa já não consegue pagar seus contratos”.

Constantino acrescenta que o aumento de 77.277 para 82.210 inadimplentes entre dezembro de 2022 e dezembro de 2023 mostra que as empresas estão com mais dificuldades de manter seus fluxos de caixa em dia e, consequentemente, seus resultados.

“O setor de serviços lidera, com a maior parte das empresas, pela proporção que apresenta no total”, detalha.

Para o mestre em Economia Lucas Mikael, o desempenho observado em 2023 pode ser atribuídos a diversos fatores macroeconômicos, destacando-se o aumento das taxas de juros.

“Esse cenário desencadeou um efeito em cascata: a combinação de juros elevados com a inflação reduziu o poder de compra da população, o que, por sua vez, levou a uma diminuição na clientela das empresas. As altas taxas de juros também complicaram a quitação de dívidas por parte das empresas”, explica.

Mikael destaca ainda que a expectativa para este ano é de redução da taxa Selic, fato que deve contribuir para um cenário mais sereno.

Esta mudança é uma luz no fim do túnel para o ambiente empresarial, especialmente para as pequenas e médias empresas, que são mais sensíveis às flutuações da taxa de juros.

“Uma Selic mais baixa pode aliviar o custo do crédito, facilitando, assim, o manejo de dívidas e possivelmente estimulando investimentos e consumo, o que seria um impulso bem-vindo para a recuperação econômica”, analisa.

REGIÃO

Ao comparar as unidades federativas que compõem a região Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul lidera com a menor quantidade de estabelecimentos no vermelho. Em primeiro lugar está Goiás, com 226.173 empresas na lista de inadimplentes, seguido por Mato Grosso, com 139.520, e Distrito Federal, com 129.311. MS que aparece em último lugar, com 82.210 empresas inadimplentes, com 626.741 contas em atraso.

O relatório também evidencia que, entre os setores, a maioria dos estabelecimentos inadimplentes é do segmento de serviços, 54,8% do total, acumulando elevação de 1,8 ponto porcentual na comparação com 2022, quando o segmento respondeu por 53,6% do total de empresas.

Na sequência está o comércio, com 36,4%, seguido pelo setor industrial, com 7,5%, e setor o primário, com apenas 0,8%, porcentual que se manteve estável em relação a 2022.

De acordo com o economista da Serasa Experian Luiz Rabi, a redução da taxa Selic e a diminuição da inflação foram fatores que impactaram o bolso dos brasileiros, que designaram recursos para pagar suas contas.

Esses pagamentos foram destinados a empresas, que ganharam mais fôlego para liquidarem seus próprios débitos.

“Outro impacto direto que as reduções trazem para a saúde financeira dos negócios é que quanto menor a taxa, menor é a despesa financeira que as empresas incorrem, aliviando seus caixas. Além disso, juros em queda permitem às empresas trocar dívidas velhas e caras por dívidas novas e mais baratas”, aponta Rabi.

No ano passado, as dívidas negativadas somaram R$ 126,1 bilhões no País, e o ticket médio de cada conta atrasada foi estimado em R$ 2.688,76.

Em dezembro de 2023, foram registrados 6,6 milhões de negócios na lista de inadimplência no Brasil, número que se manteve estável desde julho.

ABERTURA DE EMPRESAS

Contrastando com o cenário de inadimplência, Mato Grosso do Sul bateu recorde na abertura de novas empresas. Segundo dados da Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems), no ano passado, foram 13.415 novas empresas abertas de janeiro a dezembro, 4.092 delas localizadas na Capital.

Na avaliação do titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, os números são reflexo de ações que aqueceram as atividades econômicas.

“Nós fechamos 2023 com a marca de 10 mil novas empresas abertas em Mato Grosso do Sul, o quarto recorde consecutivo em toda a série histórica da Junta Comercial”, afirma.

O secretário destacou também que a condição do Estado, aliada às políticas da administração estadual de promoção do desenvolvimento econômico e de fomento ao empreendedorismo, proporciona um ambiente de negócios cada vez mais atrativo e competitivo em Mato Grosso do Sul.

Em janeiro deste ano, foram 862 novas empresas abertas em MS, número que também representou um recorde para o mês, conforme apontam dados Jucems.

O setor de serviços lidera a abertura de novas empresas (579), seguido por comércio (249) e indústria (34). Das 862 novas empresas abertas no Estado no período, 364 foram constituídas em Campo Grande, 98 em Dourados, 52 em Três Lagoas, 23 em Sidrolândia, 22 em Chapadão do Sul, 19 em Corumbá, 17 em Nova Andradina, 17 em Ponta Porã, 13 em Maracaju e 13 em Paranaíba. Desenrola deve ajudar empresários.

Respiro para o cenário negativo no País, o governo prepara um programa semelhante ao Desenrola, que concedeu descontos para pessoas físicas endividadas, para que microempreendedores individuais (MEIs) e pequenas empresas quitem suas dívidas.

De acordo com estimativa do ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, cerca de oito milhões de empresas podem ser beneficiadas pela renegociação de dívidas.

O lançamento da versão para pequenas empresas e MEIs do Desenrola deve sair ainda neste trimestre.

Márcio França ressalta que a versão do Desenrola para as empresas deve contemplar dívidas do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).

Ele não descartou que o programa seja implementado em fases, como ocorreu com a versão para pessoas físicas, que começou em julho do ano passado e terminará no dia 31 deste mês.

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