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Geral
01/10/2012 11:09:48
Ensino superior a distância já é realidade em presídios da Capital
A aplicação das provas é presencial e acontece também nas unidades penais. Atualmente, quatro reeducandos estão estudando.

Da redação/PCS

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Foto: Keila Oliveira
\n \n Reeducandos do Centro de Triagem “Anísio Lima” (CT) e do\n Instituto Penal de Campo Grande (IPCG) estão cursando o ensino superior, na\n modalidade a distância, graças a uma parceria entre a Agência Estadual de\n Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Universidade Católica Dom\n Bosco (UCDB). A aplicação das provas é presencial e acontece também nas\n unidades penais. Atualmente, quatro reeducandos estão estudando. \n \n O Centro de Triagem foi pioneiro na iniciativa com as aulas\n sendo realizadas desde fevereiro deste ano. No IPCG, elas começaram em agosto. Para a\n participação, os internos precisam ter bom comportamento e passam por uma\n avaliação de conhecimento para a admissão. Todo o custeio das mensalidades é\n por conta dos próprios estudantes ou familiares. \n \n Segundo o responsável pela ação no CT, gestor penitenciário\n Eduardo Henrique Lyvio, inicialmente foi feita uma pesquisa para averiguar a\n possibilidade de oferecer ensino totalmente a distância, sem a necessidade da\n presença semanal como ocorre na maioria das faculdades, por causa da\n dificuldade de escolta para as aulas. “Então verificamos que a UCDB possuía\n cursos que se enquadravam no que procurávamos, e, devido à sua característica\n filantrópica, conseguimos a parceria”, explica. “No início eles precisavam ir\n lá para realizarem as provas, mas com a inclusão do IPCG, e a ampliação no\n número de alunos, foi possível que essa etapa também fosse realizada aqui”,\n complementa. \n \n O diretor do Instituto Penal, Erani Antônio Boeno, esclarece\n que todos os computadores utilizados pelos internos que cursam ensino superior\n possuem um sistema de monitoramento, sendo possível acompanhar tudo o que eles\n acessam e, até mesmo, o que digitam. “Todo o uso do computador fica\n registrado”, enfatiza. \n \n As mesmas ferramentas que são oferecidas aos demais\n estudantes também são disponibilizadas aos custodiados, garante o coordenador\n dos cursos de Administração e Tecnológicos da universidade, Teodomiro Fernandes\n da Silva. “Eles têm acesso a vídeo-aulas, material didático e tira-dúvidas com\n tutores”, informa. \n \n Silva acredita que a iniciativa, da forma que está ocorrendo\n nas duas unidades penais, é praticamente inédita no País. “Descobrimos apenas\n que no interior de São Paulo existem aulas nos mesmos moldes”, comenta. “E\n estamos bastante satisfeitos com esse trabalho, pois, de certa forma, é uma\n contribuição social, já que eles terão mais oportunidades quando conseguirem a\n liberdade”, ressalta. \n \n A coordenadora pedagógica da UCDB virtual, Blanca Martin\n Salvago, explica que são desenvolvidos dois módulos por semestre. Conforme ela,\n 70% da nota se dá com a prova presencial e os outros 30% com atividades\n realizadas durante os módulos. “Tudo com o mesmo nível de exigência e\n dificuldade que para os demais alunos”, assegura. \n \n Preso há cinco anos no IPCG, o reeducando José Carlos de\n Santana, 26 anos, está cursando faculdade de Processos Gerenciais e classifica\n o oferecimento do ensino superior no presídio como “uma oportunidade de ouro”.\n Ele conta que concluiu o ensino médio também dentro do estabelecimento\n prisional e que enxerga a educação como o principal meio de ressocializar-se.\n “Quero me capacitar, estar preparado para o mercado de trabalho”, afirma,\n informando que, além de cursar faculdade, também está participando de um curso\n de confeitaria, trabalha na biblioteca da unidade penal e ainda participa de um\n projeto no qual ensina os outros reeducandos a tocar violão. “Estou procurando\n ser motivo de orgulho para a minha família”, completa. \n \n Para o diretor de Assistência Penitenciária da Agepen,\n Leonardo Arévalo Dias, a implantação do nível superior é um “marco histórico\n para o Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul”. “Já somos referência em\n educação prisional com existência da Escola Polo Regina Betine para o ensino\n fundamental e médio nos estabelecimentos prisionais, e agora com o ensino\n superior estamos dando mais um passo nesse sentido”, destaca. \n \n De acordo com a chefe da Divisão de Educação da Agepen,\n Elaine Arima Xavier Castro, a intenção é que para o ano que vem a parceria seja\n estendida a outras unidades penais da Capital e do interior. \n \n O oferecimento de ensino em presídios está previsto na Lei\n de Execução Penal. Estudar garante ao preso remição, na proporção de um dia a\n menos na pena a cada 12 horas de freqüência escolar.\n \n \n
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