Correio do Estado/LD
ImprimirO governo de Mato Grosso do Sul estuda implementar um método de investigação social dos alunos para prevenir a onda de ataques e agressões no ambiente escolar, situação recorrente nas últimas semanas em todo o País.
Conforme apurado pelo Correio do Estado, na prática, o monitoramento por câmeras que já existe nos colégios da Rede Estadual de Ensino (REE) seria reforçado nos locais de entrada e saída dos estudantes para detectar comportamentos suspeitos que possam resultar em atos de violência.
A ideia é que grupos de trabalho compostos por policiais e psicólogos passem a analisar a conduta dos estudantes por meio do videomonitoramento.
Em caso de suspeitas de um eventual ataque, o perfil desse aluno nas redes sociais também será investigado, para verificar se há discurso de ódio ou planejamento de ataques nas instituições de ensino.
O governador Eduardo Riedel (PSDB) vai divulgar hoje o plano completo, com o pacote de ações para coibir a violência e promover segurança nas escolas estaduais.
Em entrevista ao Correio do Estado, na semana passada, a coordenadora de Psicologia Educacional da Secretaria de Estado de Educação (SED), Paola Nogueira Lopes, destacou que a violência entre estudantes não costuma surgir na escola.
“Esse fenômeno não surge na escola, mas se revela nesse ambiente. Por isso, é necessário encontrar ferramentas que auxiliem no seu enfrentamento, considerando que a violência reflete sempre um processo de exclusão, discriminação ou indiferença nas relações sociais”, disse Paola Lopes.
MONITORAMENTO
Recentemente, o governador visitou o centro de monitoramento das escolas da Rede Estadual de Ensino, que fica em Campo Grande, no Bairro Amambaí. O local monitora em tempo real as unidades que já dispõem de câmeras e sistema eletrônico. O número de unidades monitoradas deve chegar a quase 300 escolas ainda neste mês.
Entre as iniciativas já existentes para reforçar a segurança na REE está o programa Escola Segura, Família Forte, realizado com apoio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e da Polícia Militar.
O programa atende 128 escolas estaduais e municipais de Campo Grande desde março deste ano. Cerca de 100 mil alunos do Ensino Médio e do Ensino Fundamental devem ser atendidos por meio do programa na Capital.
A rede de comunicação entre a comunidade escolar e o programa ocorre por meio de celulares disponíveis nas viaturas, além de um tablet que serve para o policial registrar toda e qualquer ocorrência dentro e no entorno das escolas.
No total, são seis equipes de atendimento em todas as regiões da cidade. Os diretores das escolas estão inseridos em um aplicativo de mensagens que facilita a comunicação.
O patrulhamento escolar é feito por policiais militares, que se baseiam em dados de inteligência da Sejusp. Além da ronda no entorno das escolas na entrada e na saída dos alunos, o programa promove a aproximação da comunidade escolar com a polícia e contribui para a redução dos conflitos nas escolas.
CASOS RECENTES
Dois alunos e uma professora foram esfaqueados na manhã de ontem por um estudante de 13 anos. O caso ocorreu em uma escola em Santa Tereza de Goiás, na região norte de Goiás.
O autor do crime foi contido por um funcionário do colégio e, em seguida, apreendido pela Polícia Militar. Por ser menor de idade, ele responderá por ato infracional análogo à tentativa de homicídio.
O caso desta terça-feira não é isolado, já que apenas nos últimos 15 dias o País já registrou casos de violências em escolas de outros três estados: em São Paulo, onde uma professora foi morta e quatro pessoas feridas; em Blumenau (SC), onde ocorreu um ataque que deixou quatro crianças mortas; e em Manaus (AM), onde duas crianças e uma professora foram feridas por um estudante de 12 anos armado com faca.
Em Mato Grosso do Sul, uma estudante de 16 anos sofreu corte no braço e precisou receber seis pontos depois de ter sido esfaqueada na frente da Escola Estadual João Leite de Barros, na saída da aula, no dia 29 de março. Ela foi atacada por outra aluna, que estuda na mesma sala e tem 15 anos.
A briga teria ocorrido porque, durante prova na sala de aula, a aluna de 15 anos teria sido flagrada pelo professor usando o celular.
Por conta disso, o professor a teria repreendido, e os outros alunos da sala riram da situação. Na saída da aula, a estudante decidiu questionar a adolescente de 16 anos e, então, começou o bate-boca, que terminou em violência física.
Conforme noticiado pelo Correio do Estado no dia 5 de abril, três estudantes foram apreendidos durante investigação de um possível ataque ao Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) em Coxim. Os adolescentes têm entre 16 e 17 anos e são acadêmicos no campus do município.
De acordo com a polícia, os suspeitos pretendiam realizar um ataque no IFMS, mas foram descobertos em operação de busca e apreensão em suas casas. O ataque estava sendo planejado por WhatsApp, e, entre as mensagens, a equipe encontrou fotos de duas armas e uma adaga.
Um dos adolescentes foi apreendido dentro do IFMS e os outros dois, em suas residências. As armas não foram encontradas na casa dos suspeitos, porém, ainda não se sabe se são fotos de autoria própria ou baixadas da internet. Já a adaga foi localizada e apreendida.
A polícia constatou também que, entre as mensagens, os estudantes tinham como alvo atacar pessoas da comunidade LGBTQIA . Eles foram levados para a delegacia, ouvidos e soltos.
Em nota, o IFMS informou que os estudantes foram suspensos e passaram a cumprir as atividades letivas em regime domiciliar, além disso, serão realizadas rondas na região do campus como medida preventiva e de segurança.