Terça-Feira, 17 de Junho de 2025
Geral
17/06/2025 08:29:00
Institutos de MS mostram que a população ainda não está interessada nas eleições
Ipems e IPR identificaram grande porcentual de abstenções e de indecisos nas pesquisas realizadas até o momento no Estado

CE/LD

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A pouco mais de um ano e quatro meses das eleições gerais de 2026, a população de Mato Grosso do Sul ainda está desinteressada do pleito, conforme análise do diretor do Instituto de Pesquisas de Mato Grosso do Sul (Ipems), Lauredi Sandim, e do diretor do Instituto de Pesquisa Resultado (IPR), Aruaque Fressato Barbosa.

De acordo com pesquisa espontânea, realizada pelo Ipems, com 1.720 eleitores de 53 municípios do Estado, no período de 5 a 16 de maio deste ano, 49,32% dos entrevistados não souberam ou não opinaram sobre nenhum candidato ao Senado e 47,90% disseram que não votariam em ninguém, enquanto, para governador, 91,83% das pessoas ouvidas não souberam opinar ou preferiram não responder.

Lauredi Sandim explicou que, em relação às eleições de 2026 para os cargos proporcionais e majoritários, o índice de indecisos ainda está muito alto, em função da distância do pleito. “Outro fator importante para isso é que o eleitorado também não colocou no radar que no próximo ano terá de eleger presidente, governador, senadores, deputados federais e deputados estaduais”, pontuou.

Ele completou que, no momento, não é possível mensurar o que poderá acontecer, justamente pelo desconhecimento do eleitorado em relação aos candidatos a todos os cargos.

“A partir de abril do próximo ano, quando se resolver esse problema das janelas e das mudanças partidárias, as movimentações políticas darão o cenário mais definitivo, possibilitando uma discussão do assunto com mais veemência”, projetou.

O diretor do Ipems acredita que essa falta de interesse dos eleitores sul-mato-grossenses neste momento é normal. “Em todas as eleições isso acontece, pois podemos observar que o índice da pesquisa espontânea para governador traz Eduardo Riedel [PSDB], candidato à reeleição, com menos de 5% na espontânea”, lembrou, citando a pesquisa do Ipems.

Lauredi Sandim argumentou que, no momento, o eleitor não está preocupado com as eleições, mas, sim, com a economia. “A população, de um modo geral, está focada nos preços dos produtos, no emprego e na saúde. Hoje, as pessoas estão com essas preocupações, porém, a partir do ano que vem, principalmente depois de abril, quando teremos o fechamento das janelas, as eleições gerais serão o principal assunto de todos”, assegurou.

SENADO

Para Aruaque Barbosa, neste momento, a atenção pública ainda é baixa para as eleições gerais de 2026. “Trata-se de um comportamento esperado para este momento do ciclo eleitoral. No entanto, um ponto específico que merece destaque e cuidado antecipado é que muitos eleitores ainda nem sabem que poderão votar duas vezes para senador, uma situação que ocorre a cada oito anos e costuma gerar confusão no eleitorado”, lembrou.

Por isso, de acordo com ele, é fundamental que os candidatos e as instituições promovam campanhas educativas, tanto nas mídias tradicionais quanto nas redes sociais, explicando o funcionamento do voto duplo e incentivando o eleitor a pensar de forma estratégica e complementar: “Se eu voto em x, quem seria o nome mais coerente para acompanhar esse voto no Senado?”, questionou.

Na análise do diretor do IPR, outro fator decisivo será o índice de comparecimento às urnas. “Em Campo Grande, por exemplo, quase 30% dos eleitores se abstiveram no segundo turno das eleições de 2022, o que alterou significativamente o resultado final, a ponto de, em certos cenários simulados, possibilitar a vitória de outra candidatura”, alertou.

A abstenção, conforme Aruaque Barbosa, tende a ser maior em cenários de descrença política, confusão eleitoral ou falta de mobilização. “Por isso, a organização de campanhas que enfatizem o valor do voto consciente, especialmente no Senado, onde o mandato é de oito anos e o impacto legislativo é profundo, pode fazer a diferença entre uma eleição equilibrada e uma acidental”, disse.

Ele argumentou que o sucesso dos candidatos dependerá não apenas de sua força individual, mas de sua capacidade de se integrar a uma estratégia de voto compartilhado.

“Cabe aos partidos, às instituições e aos veículos de comunicação ampliarem o debate e anteciparem essa pauta no calendário político. E, aos eleitores, a responsabilidade de se informarem e planejarem seus votos de forma mais consciente e estratégica”, finalizou.

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