Segunda-Feira, 23 de Dezembro de 2024
Geral
09/02/2023 16:22:00
Laudo vai indicar se Sophia foi contaminada por IST ao ter sido estuprada e morta pelo padrasto

Agência Brasil/LD

Imprimir

Advogada Jean Carlos Ocampo, o pai da pequena Sophia de Jesus Ocampo, criança de 2 anos de idade assassinada após sucessivas agressões físicas, Janice Andrade, afirmou ao Correio do Estado que exame o necroscópico apontou que a menina apresentava sinais claros de abuso sexual.

Entre os sinais das agressões sexuais sofridas pelo padrasto que a criança apresentava esrtão ferimentos nas partes íntimas decorrentes de infecção sexualmente transmissível (IST), supostamente consequentes dos estupros.

Conforme o relatado pela advogada, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul solicitou a coleta de material genético do padrasto de Sophia, Christian Leitheim, de 24 anos, que era casado com a mãe da menina, Stephanie de Jesus da Silva, de 25 anos. O objetivo é comprovar que ele é o autor dos abusos ou se houve participação de outras pessoas.

Ao Correio do Estado, a advogada explicou que, de acordo com vizinhos, a casa onde a vítima morava era movimentada, sempre com pessoas, principalmente homens, entrando e saindo da residência.

Dessa forma, Janice destacou que os episódios de abuso sexual da criança precisam ser investigados com profundidade.

Chutes, espancamento e desidratação Janice ainda afirmou que não duvida que a menina era abusada por outras pessoas dado o grau de agressões a qual ela era submetida diariamente, com espancamentos, chutes, ficando até desidratada e sem comida por dias.

Como parte das investigações, a polícia apreendeu os celulares do casal e o CPU de um computador que estava na residência.

Segundo a advogada do pai da criança, será apurado se há materiais como fotos pornográficas infantis ou se Christian fazia parte de uma rede de exploração sexual infantil, já que ele apagou todo o histórico do computador, inclusive para sumir com provas dos maus-tratos.

“As agressões eram relatadas por mensagens entre o padrasto e a genitora, inclusive dois dias antes dela ai para o UPA [Unidade de Pronto Atendimento], o Christian mandou mensagem para ela falando ‘dei uma surra na Sophia e a cabeça dela tá com um galo e a boca machucada”, afirmou.

Ainda não há previsão para que o laudo pericial seja concluído e confirme a participação de Christian nos abusos, mas a advogada garante que o material genético já foi recolhido e está em análise.

Janice também acrescenta que, embora o laudo necroscópico divulgado no começo desta semana tenha apontado que os sinais de abuso não eram de algo que tinha acontecido recentemente, as feridas comprovam que era algo que acontecia com frequência e que a última vez não teria sido há muitos dias antes da morte da menina.

Como já divulgado pelo Correio do Estado, quando a mãe de Sophia. Stephanie de Jesus da Silva, prestou os primeiros esclarecimentos à polícia após chegar com a criança já sem vida ao UPA do bairro Coronel Antonino, ela disse que desconfiava de que seu namorado abusava sexualmente de sua filha, mas não o denunciou por medo, já que ele a ameaçava alegando que ele tiraria a guarda de seu outro filho, que tem um ano de idade.

Ainda não foram divulgadas informações do conteúdo encontrado no CPU do computador apreendido, mas, de acordo com o que foi verificado nos celulares de ambos, no dia da morte de Sophia o casal trocou mensagens para combinar a versão que dariam quando fossem questionados pela morte da criança.

SÉRIE DE AGRESSÕES Ainda conforme o relatado pelo advogada ao Correio do Estado, entre tantos erros das instituições frente ao caso que, segundo ela, contribuíram para a morte de Sophia - como mostrado nesta matéria- a Justiça também ignorou o depoimento dado pelo filho mais velho de Christian, de 10 anos, que foi questionada respaldado pela normativa da escuta especial.

De acordo com a advogada, o menino confirmou que seu pai fraturou a cabeça da menina a chutando no chão.

Inclusive, a criança sabia de outras agressões sofridas por sua meia-irmã e praticadas pelo pai e por sua madrasta.

Além das agressões físicas, a criança também passava por torturas psicológicas porque seu padrasto dizia que mataria seu pai se a menina contasse para alguém que ela apanhava e era maltratada em casa.

Inclusive, todas as vezes que mãe desconfiava que o pai da criança procurava formas de denunciar a violência praticada contra sua filha, Stephanie e Christian a agrediam de forma mais cruel.

"Homofobia estatal" Janice disse também que a homossexualidade do pai da menina também era pretexto para novas agressões, já que o casal não gostava do fato de Jean Ocampo ser casado com outro homem.

A advogada ainda acredita que a homofobia praticada por entes do Estado também contribuíram com o assassinato da vítima.

Ainda há relatos de que Christian mordia a criança de forma violenta.

A mãe justificava as marcas de dentes alegando que o cachorro da família era quem mordia a menina, como também sempre dizia que Sophia se machucava sozinha e caía de lugares altos que causava as lesões.

Ela ainda conta que, segundo o pai da criança, quando o ciclo de violência começou a Stephanie escondia a criança e não permitia que o pai a criança fosse à casa do pai visitá-lo.

A advogada explica que a tutela era unilateral, ou seja, apenas a mãe tinha a guarda de Sophia e as visitas deveriam ser pré-combinadas conforme a conveniência da mãe.

“Ele não tinha fácil acesso à ela e quando ela tinha machucados era escondida do pai e no dia em que foram ao Conselho Tutelar ele deu um jeito de vê-la. Ela tinha hematomas e arranhões, além de uma mancha na perna e um machucado na orelha”, relembrou.

Janice aponta que quando Stephanie foi questionada pelo pai sobre tais sinais de violência ela afirmou que a criança caiu do carrinho e machucou a orelha e depois levou um tombo de cima da cama e acabou machucando o rosto.

“O Conselho Tutelar disse que foram à casa, mas não viram sinais de maus-tratos, mas apenas que a casa estava suja, mas não podiam fornecer o relatório e que eles só poderiam ter acesso ao documento com ordem judicial”, destacou.

Descaso

A advogada conta que se passaram quatro meses sem que nenhuma providência fosse tomada quando, em maio, Stephanie apareceu em uma reportagem de um veículo de comunicação local por crime de maus-tratos à animais. Neste oportunidade, Jean voltou a investir para pedir que sua filha fosse retirada da residência, que estava em situação insalubre.

“Fizeram uma entrevista mostrando as condições do imóvel, então, eles [Jean e Igor- seu marido] mostraram ao Conselho as condições em que a criança vivia e pediram que fizessem alguma coisa, mas a equipe de lá orientou que eles buscassem a Defensoria Pública para tentarem ter a guarda da criança”, afirmou.

Entretanto, de acordo com a advogada, o processo não seguiu como deveria porque houve uma circunstância que para ela caracteriza homofobia implícita por parte do Poder Judiciário, que não queria retirar a criança de um casal hetero e dar para um casal homoafetivo e para isso alegaram que deveria ter testemunhas que comprovassem que a criança não estava vivendo de forma adequada com a mãe e o padrasto.

Janice também conta que das diversas vezes que Sophia foi levada à uma unidade de urgência e emergência, a criança sempre apresentava sinais graves de violência, por exemplo, da vez em que Stephanie disse que ela deu entrada em um UPA com dor na barriga e vômito, mas, dois dias depois, a menina estava com a perna engessada por uma tíbia quebrada.

“Eles achavam que eles nunca seriam presos. Ficaram com o corpo da criança durante sete horas para elaborar como eles iam escapar disso e simular uma situação”, contou Janice, completando que Christian disse para “inventar qualquer coisa”.

COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias