Agência Brasil/LD
ImprimirFilippo de Castro tem apenas 5 anos e aprendeu a falar inglês sozinho. As habilidades do menino foram registradas pela família nas redes sociais. Em uma dessas cenas, ele foi flagrado, aos 2 anos e 4 meses, lendo as placas dos carros do prédio em que mora, em São Paulo.
Um teste de QI comprovou que Filippo se enquadra no grupo das pessoas com altas habilidades ou superdotadas e, por isso, hoje ele é um dos mais novos integrantes do clube mundial de pessoas com alto QI, o grupo Mensa.
O teste mostrou que o menino, hoje com 5 anos e 4 meses, tem a idade cognitiva de 7 anos e 8 meses. A mãe, a jornalista Roberta Castro, explica que os exames ajudaram a oferecer melhores condições para o desenvolvimento do filho, mas ela costuma deixar claro que não é bom rotular a criança como gênio.
"A criança superdotada já tem uma frustração atípica. O que não dá certo, ela reclama o dobro que uma criança normal. Então, se você pensar por esse lado, quanto mais 'gênio' você chamar ele, mais ele vai se cobrar. E ninguém é perfeito. Então, eu não quero isso. Eu sempre costumo dizer: 'ele não é gênio, ele é uma criança atípica. É uma criança superdotada, mas é uma criança'".
É que assim como outras características, a exemplo do autismo, as pessoas com altas habilidades são atípicas e precisam de atenção especial para que o potencial não se transforme em super problemas. Quem explica é Denise Arantes Brêro, psicóloga e presidente do Conselho Brasileiro de Superdotação (Conbrasd).
"A não identificação [do autismo] pode levar a problemas emocionais. Essas pessoas, quando não são identificadas não recebem atendimento, dentro de suas necessidades específicas na infância, na adolescência e também na vida adulta, elas acabam tendo uma predisposição maior para desenvolver transtornos de ansiedade, transtornos depressivos. Então o impacto acaba sendo muito negativo em termos de saúde emocional e também em termos da não compreensão de quem se é", diz Denise.
Em todo o Brasil, pouco mais de 24 mil pessoas já foram identificadas como de altas habilidades, mas estudos internacionais estimam um número mais de 100 vezes maior: 2,5 milhões de pessoas.
Um dos primeiros obstáculos na identificação está no acesso aos testes. Só para se ter uma ideia, o teste que ajudou a identificar as altas habilidades de Fillipo pode custar até R$ 4 mil reais na rede privada. Valor que a família do menino não precisou pagar porque contou com a colaboração de profissionais de saúde.