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ImprimirAlvos de ataques desde julho, o povo indígena Guarani-Kaiowá irá receber a visita de um missão, composta por representantes de entidades e parlamentares ligados aos direitos humanos, entre esta quarta-feira (11) e sexta-feira (13), em Douradina.
O objetivo é prestar apoio aos povos, ouvir demandas das comunidades em tentativa de combater o aumento da violência, como ameaças, agressão e incêndios criminosos.
Participam da organização dessa missão o Coletivo de Solidariedade e Compromisso com os Povos Guarani, grupo formado por organizações indigenistas, de direitos humanos e movimentos sociais, entre elas: a Comissão Arns; o Conselho Indigenista Missionário (Cimi); o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST); Aty Guasu (a Grande Assembleia Guarani e Kaiowá); Campanha Contra a Violência no Campo, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Rede de Apoio e Incentivo Socioambiental (Rais).
Além desses citados, Representantes dos ministérios dos Povos Indígenas e dos Direitos Humanos, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai); Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e da Defensoria Pública da União (DPU) também estarão presentes. Todos eles serão escoltados pela Polícia Federal até os locais.
Ainda, além da visita ao povo indígena sul-mato-grossense, os grupos também irão até o oeste do Paraná, onde vivem os Avá Guarani, na Tekoa Yhovy, no município de Guaíra (PR), que também foram atacados por armas de fogo durante os últimos meses.
Conflitos
Em meados de julho, Povos Guarani Kaiowá em Mato Grosso do Sul foram alvos de ataque com caminhonetes em alta velocidade e disparos em pelo menos cinco territórios distintos do Estado, entre os quais há até mesmo uma terra indígena delimitada e oficialmente reconhecida desde 2011.
Informações divulgadas pela Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani, Aty Guasu, indicam que os ataques aconteceram em pelo menos cinco territórios de povos originários sul-mato-grossenses, sendo:
Guyra Kambiy,
Potero,
Arroio Cora,
Laranjeira e
Kunumi.
No dia 3 de agosto, um ataque armado deixou dez indígenas guarani-kaiowás feridos em Douradina, município localizado a 201 quilômetros de Campo Grande.
Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), o ataque aconteceu após a Força Nacional sair da região. De acordo com os relatos, homens armados, em uma caminhonete, atiraram contra os indígenas com munição letal e balas de borracha.
Dois indígenas estão em estado grave e foram levados para o Hospital da Vida, em Dourados. Um levou um tiro na cabeça e outro no pescoço.
No dia 04 de agosto, mais um conflito entre indígenas X fazendeiros foi registrado, em Douradina. Ruralistas enfrentaram povos Guarani-Kaiowá com balas de borracha. Algumas pessoas saíram feridas, machucadas e sangrando.
Conforme apurado pela reportagem, fazendeiros divulgaram em suas redes sociais que os indígenas invadiram mais áreas em Douradina, além das sete retomadas que já se encontram dentro dos limites da Terra Indígena Lagoa Panambi.