Correio do Estado/LD
ImprimirNota técnica divulgada pela Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (IAGRO) mostra que os dias seguidos de frio na semana passada provocaram mortandade de animais em 92 fazendas de 18 municípios e que a mortandade poderia ter sido evitada se os criadores tivessem tomados os cuiadados necessários.
Até agora foram computadas 2.725 mortes, mas a própria direção da instituição acredita que o número seja maior, pois nem todos os proprietários notificaram os casos. Além disso, os técnicos da Agência contabilizaram somente os números coletados até segunda-feira (19).
E, ao contrário do discurso inicial da Agência, a nota técnica não utiliza o termo “inversão térmica”, que se caracteriza pela rápida mudança de temperatura como causa da mortandade. E quando ocorre mudança brusca, muitos criadores são pegos de surpresa e não há tempo suficiente para adotar medidas mitigadoras. Diferentemente daquilo que ocorreu em 2010 e 2014, desta vez as mortes ocorreram após quatro dias seguidos de chuva intermitente, falta de sol e frio intenso.
Ao não utilizar o termo “inversão térmica”, a nota técnica deixa claro que a mortandade poderia ter sido evitada. O texto diz que “algumas medidas podem servir como fator de proteção e maior conforto térmico para os animais a campo, como: recolher os animais em piquetes/ invernadas com capões de mata que servirão de proteção aos animais contra os ventos gelados e as temperaturas a céu aberto; em piquetes/ invernadas com barreiras naturais ou artificiais que sirvam de barreiras para amenizar as correntes de ar geladas; evitar deixar os animais em invernadas localizadas ao longo de corpos de água; procurar abrigar os animais debilitados ou mais sensíveis em piquete ou curral próximos (para melhor suporte desses), cuidar da suplementação do rebanho devido a danos provocados pelas baixas temperaturas às pastagens (forragens, volumoso ou concentrados), entre outros, ” diz a nota técnica.
Em outro trecho, a nota diz que “quando a diminuição acentuada da temperatura ambiente ocorre simultaneamente com precipitação pluviométrica e ventos, a ocorrência de mortalidades em bovinos é facilitada”.
E em meio a essa situação climática, pecuaristas que reforçaram a alimentação, recolheram os rebanhos em locais adequados ou contam com bosques naturais nas fazendas conseguiram evitar a mortandade, evidencia a nota técnica.
Inicialmente a Iagro informou que a situação mais grave havia ocorrido na região do Pantanal. Mas, após a compilação dos dados, a Agência revelou que Nova Andradina foi o município mais afetado, com 601 mortes em 32 fazendas. No município vizinho, em Batayporã, 21 fazendas perderam 396 cabeças para a frente fria.
Nos municípios de Rio Verde de Mato Grosso e Aquidauana, em somente uma propriedade foram notificadas mortes, com 386 e 368 casos, respectivamente. Em Miranda teve uma fazenda, com 155 mortes, e em Corumbá também houve um registro oficial, com 63 mortes. E, o fato de a mortandade ter ficado restrita a poucas propriedades indica que a maioria dos fazendeiros cuidou dos rebanhos nos dias frios e chuvosos ou ainda têm bosques naturais nas áreas de pastagem.