Geral
08/03/2012 09:00:00
Morte de estudante de 9 anos no lixão de Campo Grande vai ficar impune
De acordo com o delegado titular da 5ª Delegacia de Polícia (DP), Fernando Lopes Nogueira, ninguém será responsabilizado pela morte da criança.
Corrreio do Estado/AQ
ImprimirDurantes as buscas ao corpo de criança, mãe se desespera e é amparada por amigos (Foto: Gerson Walber)
Mais uma morte que ocorreu no Lixão de Campo Grande ficará impune. Esta semana, a Polícia Civil concluiu o inquérito que investigava o caso do menino Maycon Corrêa de Andrade, 9 anos, que morreu soterrado no local, no dia 28 de dezembro do ano passado. De acordo com o delegado titular da 5ª Delegacia de Polícia (DP), Fernando Lopes Nogueira, ninguém será responsabilizado pela morte da criança. \t Segundo o delegado, a mãe do garoto, Lucilene Corrêa, com quem ele morava, já foi punida com a morte do garoto. Isto está previsto no Código Penal. A polícia entende que como a mãe já sofre com a perda do filho, não caberia o indiciamento, explica. Lucilene poderia responder pelo crime de abandono de incapaz, artigo 133 do Código Penal, que prevê pena de um a cinco anos de reclusão. \t Também a Prefeitura de Campo Grande, que administra o lixão, não será responsabilizada por ter permitido a entrada da criança. De acordo com Nogueira, no portão de acesso ao local, o município mantém placa que indica a proibição da entrada de crianças no depósito. \t Embora a fiscalização no lixão tenha sido falha na época apenas um funcionário da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação (Seintrha) fazia o controle do acesso de catadores. A placa livrou o órgão de indiciamento. É a mesma coisa que acontece em inúmeras áreas do Exército. Se tem a placa que proíbe a entrada e alguém entra e morre, ela assumiu o risco de acontecer com ela essa situação, a culpa não é do Exército, esclarece. \t O delegado responsável pelas investigações, Jairo Carlos Mendes, não quis dar entrevista. \t O Ministério Público Estadual (MPE), que também investigava o caso, concluiu que a morte de Maycon não pode ser considerada homicídio doloso, mas fez pedido à 1ª Vara do Tribunal do Júri para que o caso continue sendo investigado como homicídio culposo. \t Após 22 horas de buscas, no início da tarde do dia 29 de dezembro, o Corpo de Bombeiros localizou o corpo de Maykon Corrêa de Andrade, sob toneladas de entulho. Filho do meio de pais separados, uma vendedora e um pedreiro, Maykon morava com a mãe e quatro irmãos no Bairro Dom Antônio Barbosa e foi ao lixão acompanhado de um amigo, Miquéias Almeida, de 11 anos. As crianças estavam no topo de uma das montanhas de entulho do lixão, a uma altura de 50 metros, e teriam descido parte da encosta para procurar algum material reciclável, quando escorregaram e o paredão de lixo deslizou, cobrindo os dois meninos. \t Miqueias Almeida, 11, que também foi soterrado, mas conseguiu escapar com vida, contou que ambos não frequentavam o local, mas tinham ido ao Lixão naquele dia, dispostos a vender os resíduos que encontrassem. \t Os dois meninos conheceram-se no colégio, segundo Miqueias. O garoto que morreu havia completado em 2011 o 3º ano do Ensino Fundamental na Escola Municipal Padre Tomaz Ghirardelli, no Bairro Parque Lageado. Em 2011, Maykon deixou de ir às aulas 140 vezes.\n
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