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08/03/2016 08:41:00
Mulher com M maiúsculo, coxinense se dedica em ajudar o próximo
No Dia Internacional da Mulher o Edição MS apresenta Laudi Paiva, uma coxinense que dedica parte de sua vida em ajudar o próximo, herança cultivada pela tradicional família.
Foto: Alisson Silva

Em uma casa comum no bairro Flávio Garcia, sem luxo – por escolha própria – porém bastante aconchegante, vive a funcionária pública Laudi Paiva, de 46 anos, uma das filhas dela e seu esposo. E lá nos fundos, na cozinha cuidadosamente montada na varanda é onde ela, pelo menos uma vez por semana, consegue preparar a única refeição decente que dezenas de moradores de rua de Coxim recebem para saciar a fome.

A iniciativa de ajudar o próximo ela herdou dos avós, que produziam na roça o alimento que doavam para os mais necessitados na cidade. Um exemplo seguido por sua mãe, Carmelita Paiva da Silva, que praticamente sozinha, após o divórcio criou Laudi e os outros quatro irmãos e ainda conseguia dividir a pequena casa da família com várias mulheres vítimas de violência doméstica e abandono na década de 80, “uma guerreira” destacou Laudi.

A funcionária pública conta que a herança de ajudar o próximo contagiou não só ela, mas também os irmãos, “minha irmã consegue abrigar as pessoas sem teto e totalmente desconhecidas na casa dela, meu irmão gerente de banco tira a roupa do corpo, ou o sapato do pé e dá para quem precisa no meio da rua”.

Laudi e o esposo Tico do Vôlei (Foto: Alisson Silva)

A vontade de ajudar ganhou forças quando conheceu o atual esposo, José Roberto, mais conhecido em Coxim como Tico do Vôlei. Na época ainda como amigos, eles começaram a dar aulas de vôlei para crianças carentes em um clube da cidade. Entretanto, o gesto nobre foi barrado após denúncias feitas de que nenhum dos dois tinha formação acadêmica para dar aulas, mesmo que gratuitas e voluntárias, no município.

Mas diz o ditado popular “nada é impossível quando se tem um sonho”. O casal não desistiu diante das criticas e adversidades. No último sábado (12), Laudi esteve em Campo Grande na formatura do esposo, que alcançou o tão sonhado curso superior em Educação Física, mais uma vitória para a família, que encontrou na ajuda ao próximo, uma filosofia de vida.

Afastada do esporte com as crianças, Laudi passou a fazer um “sopão” uma vez por semana para doar a qualquer pessoa carente que encontra na rua. Os alimentos, algumas vezes veem da doação de amigos, colegas ou dos pedidos que ela faz em rede social para poder continuar com o trabalho voluntário.

“Uma cebola, uma cabeça de alho, um pacote de macarrão, verduras, qualquer coisa que eu possa cozinhar é bem vindo”. Laudi conta que prefere fazer a comida do que dar o dinheiro e consequentemente e involuntariamente contribuir com o alcoolismo que acaba atingido as pessoas que vivem nas ruas.

Questionada do que faz quando não consegue servir a comida, ela diz que só não pode ficar de braços cruzados. Vai atrás de colchão para quem não tem onde dormir, fraldas, roupa, sapato, cesta básica, enfim não para de pedir para poder distribuir e ainda resgata gatos abandonados.

E a herança não para por ai. Foi com esse espírito que ela conseguiu contagiar as filhas de 20 e 24 anos que sempre que possível ajudam no preparo e na distribuição da comida.

Com pouco incentivo do poder público, diversas vezes criticada pelo que faz, Laudi afirma que o único objetivo do trabalho voluntário é aumentar a corrente do bem. Se você também quer ajudar e fazer parte desta corrente pode entrar em contato com ela através do 67 9941-3961.

Foto: Alisson Silva
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