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Geral
11/09/2012 09:00:00
O milagre de Evaldo, 17 dias após sobreviver a ataque de ladrões
Evaldo Justino da Silva, 41 anos, carrega consigo duas datas de nascimento. A primeira foi em junho de 1971 e a segunda, foi agora há poucos dias.

CGNews/LD

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Foto: Minamar Júnior
\n \n Evaldo\n Justino da Silva, 41 anos, carrega consigo duas datas de nascimento. A primeira\n foi em junho de 1971 e a segunda, foi agora há poucos dias. Na madrugada do dia\n 25 de agosto ele nasceu de novo quando sobreviveu aos ferimentos provocados\n pela crueldade extrema de dois ladrões.\n \n Durante\n um roubo, a dupla jogou solvente e acendeu o isqueiro. O desfecho foi um\n verdadeiro milagre. Há 17 dias internada na Santa Casa, a vítima conversou\n nesta terça com o CGNews. A cena é\n uma daquelas que se esquecer.\n \n Com\n calma e bem devagar, Evaldo fala, gagueja e escuta com dificuldade por conta\n das ataduras em volta do rosto. Os ferimentos estão por toda parte, os lábios\n sangram ainda e impedem de dar um sorriso. Mas por dentro ele agradece o tempo\n todo por estar vivo.\n \n “Foi\n um milagre. Eu me esfreguei atrás, até o fio arrebentar. Foi o fogo que torrou\n o fio, aí eu desatei o pé e saí correndo para pedir socorro. Achei que ia\n morrer, eu gritava chama o bombeiro que eu vou morrer”.\n \n Tudo\n o que aconteceu naquela noite continua vivo na cabeça de Evaldo. Ele sabe a\n ordem exata dos fatos desde quando ouviu o barulho da dupla até a chegada do\n Corpo de Bombeiros.\n \n “Aquela\n noite eu cheguei na minha vigilância e durante a noite, achei que estavam\n roubando. Foi uma falha minha de abrir a porta, um já me engravatou e já\n colocou uma faca no meu pescoço. Eu senti”.\n \n A\n vítima trabalhava como vigia em uma construção no bairro Jardim Anache. Estava\n só com dois meses de serviço. Sozinho, ele reagiu ao que o trabalho exigia,\n como vigilante, saiu para ver o que era. Sem imaginar ao que seria submetido.\n \n “Eles\n pediam a maquita, aquilo que usa para cortar madeira e furadeira. Mas eu não\n tinha, não tinha mesmo. Eles me pediram então arma, aí piorou eu não tinha. Até\n que um deles ergueu minha blusa, procurando, mas não achou nada”, relembra.\n \n Evaldo\n deu então o único bem material que tinha, o celular que estava novinho. “Eu pedia,\n não me mata pelo amor de Deus”. A bicicleta velha da sobrinha que ele usava\n para ir de um serviço ao outro foi levada pela dupla. Se eles tivessem apenas\n tirado os objetos, hoje, o vigia não estaria em cima de uma cama de hospital,\n sem previsão de alta.\n \n “Ele\n falou você sabe o que eu vou fazer com você? Eu vou te matar. Eu pedi pelo amor\n de Deus, não faz nada comigo, leva o que você quiser”.\n \n O\n que se sucedeu a partir daí foi a crueldade e a busca pela droga falando mais\n alto. A dupla, Erick Vinícius dos Reis Belga, 21 anos e Kleiton Alef Santos\n Nascimento, 19 anos, deixou o lado humano para trás e simplesmente saiu\n correndo depois de atear fogo no vigia.\n \n “Eles\n amarraram minha mão para trás e também o meu pé. Jogaram no meu rosto pra eu me\n afogar, era pra eu engolir. Se eu olhasse pra trás, eles me batiam. Imaginei\n ali que eles fossem enfiar a faca. Aí jogaram tíner em mim, no colchão e depois\n o colchão em cima. Ele acendeu o isqueiro e saiu correndo”.\n \n As\n ataduras pelo corpo não deixam a mostra a gravidade que a queimadura causou. O\n dedão do pé, por exemplo, a vítima relata que está desfeito, rachou de tanto\n empurrar o colchão queimado para conseguir se salvar.\n \n Evaldo\n saiu correndo naquela madrugada e foi pedir ajuda dos pedreiros que moravam na\n casa ao lado. Se recorda da rapidez com que os bombeiros chegaram e agracede\n todo atendimento médico da Santa Casa, da enfermagem ao médico.\n \n “Eu\n quando sair quero ir na igreja. Quero falar o que aconteceu comigo. O que eu\n passei, não desejo pra ninguém. Em 41 anos a Polícia nunca pediu para ver meu\n documento, nunca bebi, joguei sinuca, fiquei em bar. Era de casa pro trabalho,\n do trabalho pra casa”, relata.\n \n A\n preocupação agora é com a saída do hospital. Mesmo sem previsão de deixar a ala\n dos queimados na Santa Casa, ele não sabe como vai ser para sobrevier. Evaldo é\n amável, carinhoso na escolha das palavras, por mais que as pronunciasse com\n dificuldade. Analfabeto, ele diz que só sabe escrever o próprio nome.\n \n “Todo\n dia eu penso será que vão me dar emprego? Eu vou conseguir pelo menos um\n sacolão? Eu não tenho nada, nem como pagar meu aluguel”.\n \n Fora\n as dificuldades financeiras que podem vir. O receio também é de retaliação por\n parte da dupla. “Meu medo maior é se eles forem soltos e vierem me perseguir. É\n disso que eu tenho medo. Eu sempre respeitei adulto e criança do mesmo jeito. E\n me arrependo demais, porque se eu não tivesse lá naquela hora, hoje eu estaria\n no meu emprego e eles no deles, se eles têm”.\n \n Por\n último, o CGNews pergunta se ele\n conseguiria perdoar o mal que fizeram a ele. “Eu tenho Deus no coração. A gente\n não sabe o que falar, mas Deus sabe o que fazer”, finaliza.\n \n \n \n \n
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