Sexta-Feira, 18 de Abril de 2025
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04/12/2024 16:29:00
Psicólogo “diagnosticou” Síndrome de Estocolmo em mãe de Sophia em apenas 2h30

CGN/LD

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Testemunha convocada pela defesa de Stephanie de Jesus da Silva, de 26 anos, o psicólogo clínico e forense Felipe de Martino Gomes, responsável pelo laudo apontando que a mãe da menina Sophia, morta aos 2 anos e 7 meses, tinha sintomas da Síndrome de Estocolmo, além de Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Transtorno de Ansiedade Generalizada e possibilidade de Transtorno Depressivo Maior. A condição de vítima de violência doméstica traumatizada é usada pelos advogados da ré para livrá-la da responsabilidade pela morte da filha.

O laudo contendo os “pré-diagnósticos” de Stephanie foi anexado ao processo que acusa Stephanie de homicídio por omissão em 28 de novembro, faltando uma semana para o júri. Até então, a possibilidade de Stephanie ter vivido o ciclo da violência doméstica havia sido aventada, mas sem muita comprovação.

Sobre a contratação dos serviços e conclusão da análise psicológica às vésperas do júri, Felipe de Martino deu algumas informações. Perguntado pela advogada Herika Cristina dos Santos Ratto sobre como aconteceu a contratação, ele disse ter trabalhado de graça. “A defesa já conhecia meu trabalho. Então, foi me passado essa demanda do Caso Sophia e não houve remuneração do meu serviço”.

Logo em seguida, ele explica aos jurados sobre os laudos psicológicos e a veracidade deles. Especificamente sobre o trabalho feito com Stephanie, disse que “o foco foi fazer uma avaliação psicológica com a ré para que essa avaliação esclarecesse dúvidas comportamentais, psicológicas que a defesa tinha”.

Acusada de ser omissa ao ponto de permitir o assassinato da própria filha, Stephanie foi avaliada em três entrevistas por videoconferência de 50 minutos – um total de duas horas e meia –, segundo o psicólogo. Durante depoimento, o profissional também deixou claro que o parecer traz uma “hipótese diagnóstica”, o que é diferente de uma análise fechada.

“Foram realizados três entrevistas psicológicas de 50 minutos. Eu coloquei hipótese possível, como estresse pós-traumático e a Síndrome de Estocolmo”, afirmou. “As atitudes dela [Stephanie] de deixar ser abusada, por exemplo, são características do Estocolmo, porque a característica é se colocar em segundo lugar”, detalhou.

Felipe Martino afirma ainda perceber em Stephanie uma carência emocional importante, o que pode ter contribuído para que ela permanecesse no relacionamento com Christian Campoçano Leitheim, 27, apontado pela defesa da ré como agressor e manipulador. “Foram encontrados abandono paterno e um pouco do materno, já que ela viveu com a avó. Ela tem um padrão de apego por conta dos abandonos”.

Sobre o fato de não ter saído da relação e permitido que Sophia fosse agredida, o profissional diz acreditar que a paciente agiu sem pensar. Ele não vê premeditação no comportamento de Stephanie, embora, segundo a investigação policial, ela e Christian tenham tentado combinar versão para o ocorrido com a menina naquele 26 de janeiro de 2023, além de simular surpresa com a descoberta do óbito. “Ela agiu nesse caso da Sophia sem a inteligência. Ela poderia ter tentado enganar a polícia, o que não aconteceu. Então, não há premeditação. Eu não notei o uso da inteligência no caso dela”.

O júri –O julgamento do Caso Sophia pela 2ª Vara do Tribunal do Juri será realizado em dois dias, para que as 12 testemunhas arroladas por acusação e defesas sejam ouvidas, além dos réus e a argumentação dos advogados e da promotoria.

Christian é julgado por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e praticado contra menor de 14 anos. Ele é acusado de espancar a enteada até a morte e também responde por estupro de vulnerável. Já a mãe é julgada por homicídio doloso por omissão, já que não impediu o resultado trágico da violência praticada pelo companheiro contra a filha.

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