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03/08/2023 15:31:00
Réu por matar um e deixar outro paraplégico é condenado a 25 anos

CGN/LD

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Valdinei de Lima Ferreira, 32 anos, acusado de matar André de Freitas Santos, de 27, e deixar Paulo Sérgio de Oliveira Santos paraplégico, foi condenado a 25 anos e quatro meses de prisão, além de 10 dias-multa de um trinta avos do salário mínimo vigente na época dos fatos. O crime ocorreu na noite do dia 17 dezembro de 2021, em uma conveniência no Bairro Paulo Coelho Machado.

Sentado no banco dos réus, no Tribunal do Júri, na manhã desta quinta-feira (3), Valdinei disse que, no dia do crime, trabalhou com o pai, chegou mais cedo do trabalho e foi até a casa da sogra. O filho do casal estava na residência sem a sua esposa, Raquieli Marques Gauto.

Ele questionou a mulher sobre onde a esposa estava, mas a sogra não soube revelar o paradeiro da filha. Passado algum tempo, Valdinei resolver ir atrás da esposa no local onde ela fazia curso. “Cheguei lá só tinha o guarda, ele disse que o pessoal tinha saído mais cedo. Voltei na casa da mãe dela, perguntei de novo onde a Raquieli estava e ela falou ‘ela tá lá na conveniência bebendo e está bêbada já’. Aí fui buscar ela”, relembra o réu.

Quando chegou na conveniência para buscar a esposa, que estava acompanhada de colegas do curso de eletricista que fazia na época, a mulher estava embriagada e chorando, ao lado de dois homens.

“Cheguei e ela com os dois rapazes. Tirei o capacete, cheguei normal, chamei ela para ir até mim, ela estava chorando e não quis ir, eu fui até ela. Eu perguntei se ela achava certo deixar nosso filho sozinho para ficar bebendo, momento em que a vítima André pegou a cadeira e tacou na minha perna e disse que ela não ia embora”, conta Valdinei.

Segundo o réu, ele e André discutiram, momento em que a vítima ameaçou agredi-lo com golpes de capacete. “Eu fui embora, passei na casa da mãe dela e fui para minha mãe. Eu ligava para ela várias vezes e ninguém atendia. Depois de um tempo, começaram a me mandar mensagem do celular dela falando que eu era corno, que ela estava facinha. Foi nesse momento que eu resolvi voltar lá para salvar minha mulher”, explicou.

Valdinei explicou que no caminho encontrou um amigo de infância que tinha uma arma, com medo do que poderia acontecer ao encontrar novamente com André, ele pediu a pistola emprestada. “Quando eu cheguei e André me viu, ele levantou e veio para o meu lado, eu dei o primeiro tiro e não vi onde pegou. Nisso a Raquieli veio me batendo, foi quando deu o outro tiro. Peguei minha moto e fui embora”.

Segundo Valdinei, ele nunca foi um marido ciumento e agressivo. O réu explicou que só voltou à conveniência após receber as mensagens do celular da esposa. Com medo de que ela pudesse estar em perigo, resolveu ir buscá-la.

“Meu intuito era buscar minha esposa, a mulher que eu amo, a mãe do meu filho. Não fui lá para matar ninguém, não mirei a arma nele. Foi no susto, eu não atirei no Paulo, o tiro foi acidental”, finalizou.

A sentença é assinada pelo juiz Carlos Alberto Garcete da 1ª Vara do Tribunal do Júri. Valdinei foi condenado a 14 anos pelo homicídio doloso qualificado de André, mais 9 anos e quatro meses pela tentativa de homicídio contra Paulo Sérgio e mais 2 anos e dez dias-multa pelo porte de arma ilegal. O regime de cumprimento inicial é o fechado.

Arrependimento – Durante depoimento, Raquieli Marques Gauto revelou estar arrependida de não ter ido embora com o marido, na primeira vez que ele foi até a conveniência buscá-la. Segundo ela, André pegou sua carteira e celular, para que não saísse do local.

“Ele foi atrás de mim por causa do meu filho, ele me ligou várias vezes e eu não atendi. Me sinto culpada. Se os meninos não tivessem tratado ele com agressividade e pegado minhas coisas para eu não ir embora, isso não teria acontecido. Todo mundo tem parcela de culpa, mas eu sou a mais culpada, se eu tivesse me colocado no meu lugar e ido embora, isso não tinha acontecido”, disse.

Paulo Sérgio de Oliveira Santos, o homem que ficou paraplégico, foi ouvido no plenário, ele disse que só conhecia Valdinei de vista, quando ele buscava Raquieli no curso. “Não conhecia o Valdinei, vi ele buscando ela uma vez, nesse dia eu estava saindo do curso, ele chegou, ela subiu na moto e foi embora”.

Entenda o caso -O crime aconteceu no dia 17 de dezembro 2021, em uma conveniência no Bairro Paulo Coelho Machado. Paulo Sérgio e André participavam de confraternização de grupo de estudantes de um curso de eletricista, quando Valdinei chegou na conveniência. O homem teria dado pelo menos quatro disparos nas vítimas e fugiu na sequência.

Uma funcionária da conveniência chegou a fazer técnica de reanimação em André, atingido por dois tiros, um deles no tórax. No entanto, o rapaz não resistiu e morreu no local.

Imagens do circuito interno de segurança mostram o momento do crime. No vídeo, é possível ver que o autor chega em uma moto, de bermuda, chinelo e camiseta. Sem tirar o capacete e, em menos de 15 segundos, o homem se aproxima do deck de madeira da conveniência, apoia um dos pés na mureta, atira e foge subindo de volta na motocicleta.

Principal testemunha do crime na época, Raquieli disse que era ex-companheira de Valdinei e que ele não teria gostado de vê-la acompanhada de outros homens e, por isso, teria atirado contra Paulo Sérgio e André.

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