Geral
11/10/2012 06:02:47
STF julga hoje ex-deputados acusados de lavagem de dinheiro
Na sessão de ontem, ele sinalizou pela condenação dos ex-deputados Paulo Rocha e João Magno, mas apenas proclamou seu voto pela absolvição de Anita Leocádia, chefe de gabinete de Rocha.
Terra/PCS
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\n O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quinta-feira seu voto sobre o capítulo sete da denúncia, que trata do crime de lavagem de dinheiro envolvendo o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto e ex-parlamentares do PT.
Na sessão de ontem, ele sinalizou pela condenação dos ex-deputados Paulo Rocha e João Magno, mas apenas proclamou seu voto pela absolvição de Anita Leocádia, chefe de gabinete de Rocha. Como o capítulo sete é considerado o mais simples da denúncia, é provável que o revisor do processo, Ricardo Lewandowski, também faça a leitura de seu voto na sessão de hoje.
Segundo a denúncia, Adauto, Rocha, Magno e o ex-deputado professor Luizinho receberam quantias para diferentes fins repassadas mediante o esquema operacionalizado pelo empresário Marcos Valério, que também abasteceu o esquema de compra de votos no Congresso. Na quinta-feira, Barbosa argumentou que não haviam provas para comprovar a ligação de Anita Leocádia com o esquema. "Embora o recebimento de dinheiro por meio da engrenagem oferecida pelo Rural seja suficiente para sustentar que Anita Leocádia contribuiu para a lavagem, eu entendo não haver elementos para afirmar que ela tinha conhecimentos dos crimes antecedentes", disse o relator. "Não se pode ignorar que ela era uma mera subordinada de Paulo Rocha, sem acesso à cúpula do partido", acrescentou. Sobre Paulo Rocha, o ministro rechaçou a tese da defesa de que ele teria recebido recursos para saldar dívidas de campanha do diretório do PT no Pará, do qual o ex-deputado era dirigente. "Ao contrário do que sustentado por Paulo Rocha, não se trata de simples transferências de recurso do partido para o diretório. Na verdade, os valores foram repassados pelo núcleo de Marcos Valério, e não pelo PT. O próprio réu Paulo Rocha admite que Marcos Valério quando lhe procurou disse que estava à disposição para saldar dívidas do PT do Pará", disse Barbosa. Paulo Rocha é acusado de receber R$ 920 mil do esquema operado por Valério. Para Barbosa, a situação de João Magno é semelhante. "Tal como Rocha, João Magno também afirma que os valores teriam sido recebidos pelo PT para pagamento de dividas de campanha. Ocorre que o dinheiro foi repassado pelo núcleo de Marcos Valério através de terceiros a João Magno, que permaneceu oculto", disse. "A ênfase dada que os recursos foram integralmente utilizados para saldar dívidas de campanha, não afasta a caracterização do delito", destacou. João Magno é acusado de receber R$ 350 mil do esquema. A denúncia afirma que ele tinha pleno conhecimento da origem criminosa dos recursos e que, para se preservar, utilizou-se de terceiros para o recebimento das quantias. Após o voto dos dez ministros da Corte sobre o item sete da denúncia, os ministros passam a analisar o capítulo oitavo, dedicado à evasão de divisas e lavagem de dinheiro atribuídas aos publicitários Duda Mendonça e Zilmar Fernandes. O último capítulo, o dois, deverá levar ao plenário do Supremo o ápice do julgamento. É nesse ponto que estão descritas as condutas de Dirceu, Delúbio e José Genoino, ex-presidente do PT, que resultaram na acusação de formação de quadrilha. Os três já foram condenados por corrupção ativa, em julgamento encerrado ontem. O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015. No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa. Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia. O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMPamp;B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas. A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo. \n \n
Na sessão de ontem, ele sinalizou pela condenação dos ex-deputados Paulo Rocha e João Magno, mas apenas proclamou seu voto pela absolvição de Anita Leocádia, chefe de gabinete de Rocha. Como o capítulo sete é considerado o mais simples da denúncia, é provável que o revisor do processo, Ricardo Lewandowski, também faça a leitura de seu voto na sessão de hoje.
Segundo a denúncia, Adauto, Rocha, Magno e o ex-deputado professor Luizinho receberam quantias para diferentes fins repassadas mediante o esquema operacionalizado pelo empresário Marcos Valério, que também abasteceu o esquema de compra de votos no Congresso. Na quinta-feira, Barbosa argumentou que não haviam provas para comprovar a ligação de Anita Leocádia com o esquema. "Embora o recebimento de dinheiro por meio da engrenagem oferecida pelo Rural seja suficiente para sustentar que Anita Leocádia contribuiu para a lavagem, eu entendo não haver elementos para afirmar que ela tinha conhecimentos dos crimes antecedentes", disse o relator. "Não se pode ignorar que ela era uma mera subordinada de Paulo Rocha, sem acesso à cúpula do partido", acrescentou. Sobre Paulo Rocha, o ministro rechaçou a tese da defesa de que ele teria recebido recursos para saldar dívidas de campanha do diretório do PT no Pará, do qual o ex-deputado era dirigente. "Ao contrário do que sustentado por Paulo Rocha, não se trata de simples transferências de recurso do partido para o diretório. Na verdade, os valores foram repassados pelo núcleo de Marcos Valério, e não pelo PT. O próprio réu Paulo Rocha admite que Marcos Valério quando lhe procurou disse que estava à disposição para saldar dívidas do PT do Pará", disse Barbosa. Paulo Rocha é acusado de receber R$ 920 mil do esquema operado por Valério. Para Barbosa, a situação de João Magno é semelhante. "Tal como Rocha, João Magno também afirma que os valores teriam sido recebidos pelo PT para pagamento de dividas de campanha. Ocorre que o dinheiro foi repassado pelo núcleo de Marcos Valério através de terceiros a João Magno, que permaneceu oculto", disse. "A ênfase dada que os recursos foram integralmente utilizados para saldar dívidas de campanha, não afasta a caracterização do delito", destacou. João Magno é acusado de receber R$ 350 mil do esquema. A denúncia afirma que ele tinha pleno conhecimento da origem criminosa dos recursos e que, para se preservar, utilizou-se de terceiros para o recebimento das quantias. Após o voto dos dez ministros da Corte sobre o item sete da denúncia, os ministros passam a analisar o capítulo oitavo, dedicado à evasão de divisas e lavagem de dinheiro atribuídas aos publicitários Duda Mendonça e Zilmar Fernandes. O último capítulo, o dois, deverá levar ao plenário do Supremo o ápice do julgamento. É nesse ponto que estão descritas as condutas de Dirceu, Delúbio e José Genoino, ex-presidente do PT, que resultaram na acusação de formação de quadrilha. Os três já foram condenados por corrupção ativa, em julgamento encerrado ontem. O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015. No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa. Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia. O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMPamp;B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas. A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo. \n \n
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