\n \n O CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do\n Adolescente) fez mais uma visita nesta terça-feira (27) à Unei (Unidade\n Educacional de Internação) masculina Laranja Doce, em Dourados, cidade a 225\n quilômetros de Campo Grande. Segundo informações do Conselho, 23 adolescentes\n foram transferidos da unidade desde a semana passada. \n \n “Ontem estivemos novamente lá e tinha 62 menores no local,\n diferente da semana passada quando havia na unidade 85. Os menores de Campo\n Grande que foram responsabilizados por incentivarem um motim [nos dias 28 e 29\n de julho e 7 deste mês] já foram enviados de volta a capital, e houve também a\n transferência de outros para seus municípios de origem”, explicou Simone\n Brasil, presidente do CMDCA. \n \n No entanto, apesar das transferências, a unidade segue "refém" dos\n problemas de superlotação, já que o local possui capacidade estrutural para 40\n menores e hoje abriga 62, segundo o CMDCA. \n \n “Eles seguem sem aula, sem banho de sol, e sem condições adequadas\n até mesmo para visita. Os familiares fazem o que podem para tentar dar um\n mínimo de conforto, mas é terrível o cenário. Se eu pudesse descrever com uma\n palavra a situação da Unei hoje, seria ‘desumano’. Vamos discutir sobre isso\n junto a população e às autoridades competentes para tentar buscar soluções\n efetivas, ainda que a longo prazo”, disse Simone, referindo-se à Audiência\n Pública marcada para o dia 5 de setembro, às 19h, na Câmara Municipal de\n Dourados. \n \n No evento, aberto ao público em geral, devem estar presentes, além\n de representantes do CMDCA, agentes educacionais da Unei, representantes da\n Sejusp/MS (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) e\n do MPE (Ministério Público Estadual). \n \n Comissão de Direitos Humanos vai propor medidas à juiz da Vara da\n Infância e Juventude\n \n Membro da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a vereadora\n Virgínia Magrini (PP) diz que a comissão pretende apontar ao juiz titular da\n Vara da Infância e Juventude de Dourados, Zaloar Murat Martins, pelo menos duas\n soluções a curto prazo para a situação da Unei Laranja doce. \n \n “A primeira é a transferência imediata dos 16 internos que estão\n lá e são de outros municípios. A segunda é a proposta de que seja feito um\n levantamento e que os infratores que forem considerados de menor periculosidade\n sejam colocados em uma espécie de regime semiaberto, prestando serviço à\n comunidade. Há de haver alternativas, porque a situação lá está a ponto de\n explodir”, justificou a vereadora. \n \n Além de apontas soluções consideradas mais emergenciais, a\n comissão pretende ainda cobrar medidas a longo prazo junto ao governo do\n Estado, como a construção de uma unidade mais adequada. \n \n “É preciso construir um espaço maior e mais adequado. Tem que dar\n uma solução a este problema, porque os menores estão ali e não estão sendo\n ressocializados sendo tratados sem dignidade nenhuma. A Unei hoje está\n transformando quem entra lá em bandidos, os menores estão praticamente sendo\n preparados para saírem de lá piores do que entraram”, disse Virgínia. \n \n Sem contato\n \n A reportagem tentou contato com o diretor da Unei Laranja Doce,\n José Marcondes Nantes Brites, mas não obteve sucesso. \n \n O mesmo aconteceu com a promotora do MPE, Fabrícia Barbosa Lima da\n 9ª Promotoria de Justiça (que atua nos feitos e procedimentos referentes à\n proteção da infância e da juventude). \n \n Já a assessoria do juiz titular da Vara da Infância e Juventude de\n Dourados, Zaloar Murat Martins, disse que o magistrado segue avaliando quais\n providências podem ser adotadas com relação à superlotação da Unei. \n \n \n \n \n