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Acidentes
19/07/2023 17:47:00
Pai perdeu filhos em redemoinho, diz parente sobre mortes em Maragogi

UOL/PCS

Gustavo e Gabriel moravam em São Paulo com os pais e chegaram com a família em Alagoas no domingo (16), um dia antes do afogamento

A tia da criança e do adolescente que morreram afogados no mar em Maragogi (AL), na segunda-feira (17), afirma que seus sobrinhos foram arrastados por uma espécie de redemoinho pouco depois de entrarem no mar.

O que aconteceu

A água estava na altura do tornozelo, e eles foram entrando no mar, conta Thiene Tenório. Gustavo Bernardo Leal, de 16 anos, e Gabriel Bernardo Leal, 11, foram à praia de Peroba com o pai e o primo, de 15 anos, por volta das 9h.

A maré estava baixa, em 0,3 metro às 10h, quando ocorreu o afogamento. "Ele subiram nas pedras com água no joelho", relata a tia das vítimas. "Foi realmente uma fatalidade. A maré só ficou cheia às 16h50."

O problema ocorreu quando eles estavam voltando e foram puxados pela maré. O pai dos garotos, Juscelino Nascimento, tentou salvá-los, segundo Thiene.

Os três adolescentes seguraram no Juscelino, e foi aquela luta para sobreviver. O pai empurrou o sobrinho para as pedras, porque ele estava mais forte, e ele conseguiu se segurar. Enquanto isso, ele estava com os dois filhos, mas os três já estavam sem forças.

Thiene Tenório, tia dos garotos

O pai pediu ao filho mais velho para ter calma enquanto ele levava o mais novo em direção às pedras.

Nesse momento, ele perdeu de vista os filhos para uma espécie de redemoinho, uma correnteza forte. Ele correu pelas pedras, mas não conseguiu mais. Só foram resgatados pelos bombeiros e levados para atendimento médico.

Ajuda para resgate. O desaparecimento da criança e do adolescente mobilizou não só os bombeiros, mas pescadores e mergulhadores que iniciaram as buscas. Os corpos foram encontrados duas horas após o afogamento.

Morreram abraçados

Os corpos de Gustavo e Gabriel estavam abraçados a uma profundidade de quase 6 metros. Segundo o Corpo de Bombeiros, eles devem ter se agarrado na busca por apoio para sobreviver na água.

Possivelmente o menino de 11 anos se agarrou ao irmão em ato de desespero, segundo o coronel Clemens, comandante de Operação no Interior do Corpo de Bombeiros. Ou o adolescente segurou o irmão pequeno para tentar salvá-lo do afogamento, buscando deixá-lo próximo à superfície.

Nós que somos profissionais temos treinamento diário, treinamentos específicos, conhecemos e estudamos toda a questão dos mares. Isso para poder saber dar mais sobrevida. Já duas crianças não têm esse poder de discernimento, de se manter calmo, não bater muito a perna, tentar respirar o máximo possível para não engolir água. E aí, você imagina os dois tentando se salvar? E aí, o que acontece? Cansam e não soltam mais. Depois que segura ali, não se soltam mais. Coronel Clemens, comandante do Corpo de Bombeiros

O pai disse que ainda tinha esperança de encontrar os filhos com vida durante o resgate. As vítimas, Juscelino e o primo dos garotos foram retirados do local com ajuda de uma aeronave e uma moto aquática. Os sobreviventes foram achados em estado de choque.

O sepultamento das vítimas ocorreu sob forte comoção em Tomar do Geru (SE). Os dois são sergipanos, mas moravam em São Paulo, de onde chegaram no domingo para passar férias.