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Acidentes
09/10/2014 18:14:00
Piloto conta como sobreviveu a três acidentes aéreos no Acre
Último acidente ocorreu no dia 5 de outubro; piloto diz que teve alucinações. 'Vou continuar pilotando', garante Jonas Guilherme.

G1/PCS

No acidente, Jonas sofreu um pequeno corte na testa e escoriações pelo corpo (Foto: Caio Fulgêncio/G1)

O piloto Jonas Guilherme, de 63 anos, chegou nesta quinta-feira (9), a Rio Branco, após passar mais de três dias perdido na floresta, depois que a aeronave Cessna 182, pilotada por ele, caiu em Sena Madureira, interior do estado, no domingo (5).

O resgate ocorreu somente na quarta-feira (8). Ao G1, Jonas conta que os 37 anos de aviação e a experiência em outros dois acidentes aéreos o ajudou a sobreviver até que fosse resgatado.

O primeiro acidente ocorreu em 1981. Jonas lembra que logo que decolou da pista do antigo aeroporto de Rio Branco, no bairro 6 de Agosto, no Segundo Distrito, o motor do avião de pequeno porte Bonanza parou de funcionar. "Eu voltei com o motor parado. Consegui pousar atravessado na pista, quebrei o avião, mas não machuquei ninguém", conta.

Já em 1991, o problema foi mais grave. O piloto diz que durante uma viagem entre o município de Sena Madureira para a capital, em um avião Sertanejo, uma pane na hélice e a grande quantidade de fumaça que havia no local, causaram o segundo acidente. Dessa vez, entre os tripulantes estavam uma mulher e uma criança, que sofreram escoriações.

Momento em que piloto Jonas Guilherme foi resgatado (Foto: Douglas Barros/ Arquivo pessoal)

A preocupação inicial do piloto era da aeronave incendiar. Mesmo após as poltronas caírem e o imprensarem no painel, Jonas conseguiu encontrar a bateria e desligar. Em seguida, passou a se esforçar para sair do avião.

"Tenho problema de artrose nas pernas, já fiz cirurgia, e foi uma luta para sair de dentro do avião. Consegui abrir a porta, foi difícil, porque era para eu ter aberto antes, mas a gente nunca pensa que vai acontecer um acidente. A gente sempre quer chegar num lugar bom para pousar", fala.

Aeronave Cessna 180 caiu entre árvores, após motor parar de funcionar (Foto: Equipe de busca/PM)

36 horas sem dormir Por achar que não conseguiria caminhar muito tempo na mata, Jonas decidiu ficar próximo ao avião. Ele conta que, em nenhum momento, chegou a duvidar que seria resgatado. "Eu estava inteiro, então, pensei que uma hora alguém ia me encontrar. Pensei em sair andando, mas eu não ia aguentar andar muito. O helicóptero passava, mas ninguém me via, porque o avião caiu 'embicado' e ninguém via por causa da mata", explica.

Em relação à sobrevivência, o piloto diz que passou as primeiras 24 horas sem beber água. O acidente ocorreu por volta das 8h do domingo (5). "Quando foi às 8h da segunda-feira [6], eu vi um lago há uns 15 metros, um igarapé cheio de mato, não tinha muita água. Peguei uma sacola de plástico no avião, tirei um pouco de água, uns dois litros, coei com a camisa e tomei", lembra.