AFP/PCS
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Os restos do avião de passageiros iraniano caído no último domingo (18) em uma zona de alta montanha foram localizados após dois dias de busca em condições difíceis – anunciaram autoridades locais.
Com 66 pessoas a bordo, o avião ATR da companhia aérea iraniana Aseman Airlines caiu sobre a Cordilheira de Zagros, no domingo, durante uma tempestade de neve. A aeronave cobria o trajeto Teerã-Yassuj, no sudoeste do país.
Apesar dos cerca de 60 helicópteros mobilizados na segunda-feira, a neve e o nevoeiro complicaram consideravelmente o trabalho dos socorristas. Hoje pela manhã, a melhora nas condições meteorológicas permitiu mais visibilidade.
“Um helicóptero dos Guardiães da Revolução localizou, nesta manhã (de terça), os destroços do avião no Monte Dena”, anunciou o porta-voz desse exército de elite do regime, Ramezan Sharif, citado pela emissora pública Irib.
“Ontem, drones dos Guardiães da Revolução começaram a estudar minuciosamente o terreno, onde o avião provavelmente caiu e, esta manhã, dois helicópteros das Forças Aeroespaciais foram enviados para o local do acidente”, acrescentou.
Segundo a Irib, um dos pilotos dos drones disse ter visto “corpos dispersos ao redor do avião”. A aeronave foi encontrada na localidade de Noghol, a cerca de 4.000 metros de altitude no Monte Dena.
Mais de 100 pessoas participaram das buscas.
“Na noite passada, várias pessoas permaneceram na montanha e, graças à coordenação com os guias locais, também conseguiram revistar todas as fendas”, fornecendo importantes informações para ajudar a refinar as buscas, disse à agência de notícias Isna o diretor de um centro regional de crise, Mansur Shishefuroosh.
Cerca de 500 imagens tiradas pelos drones também foram analisadas ao longo da noite, completou.
O avião acidentado partiu de Teerã no domingo de manhã (hora local) para cobrir o trajeto entre a capital e Yassuj, cerca de 500 quilômetros ao sul. A aeronave desapareceu das telas dos radares durante uma tempestade de neve, quando se aproximava de seu destino. O aparelho está em serviço desde 1993.
O Bureau de Estudos e Análises para Segurança da Aviação Civil (BEA, na sigla em francês) anunciou o envio de três investigadores e assessores técnicos ao Irã. Sua chegada não foi confirmada por fontes iranianas.
Frota obsoleta
O acidente reavivou as preocupações com a segurança aérea no Irã, amplificadas nos últimos anos pelas sanções internacionais impostas à República Islâmica.
Em dezembro de 2016, a Aseman Airlines foi colocada na lista negra de companhias aéreas proibidas na União Europeia (UE). Ela é uma das três únicas companhias proibidas nominalmente de operar no espaço aéreo europeu. As outras 190 enfrentam essa interdição por seu país de origem.
O Irã já acusou os Estados Unidos de colocarem seu sistema de transporte aéreo em risco em função das sanções comerciais americanas, afirmando que elas dificultam a manutenção e a modernização de frotas que vão-se tornando obsoletas.
No auge das sanções, a Aseman foi obrigada a deixar em terra vários de seus aviões, em função das dificuldades de se obter peças de reposição.
O Irã enfrentou algumas catástrofes aéreas desde 2003. O último grande acidente no campo da Aviação Civil remonta a 2014, quando 39 pessoas morreram na queda de um Antonov 140.
Números da Flight Safety Foundation, uma ONG baseada nos Estados Unidos, sugerem que o Irã continua abaixo da média em termos de adoção de normas de segurança da Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci).